quinta-feira, 6 de maio de 2004

MUITO ANTES DO CLARK...


...Thor, a.k.a. Deus do Trovão, encarou uma pedreira. E era ninguém menos que Conan, vulgo O Bárbaro. Sorte que Conan era só um humano comum... mas até que deu bastante trabalho, visto que Thor é quem é, e estava com o Mjolnir tinindo.

Eu lembro dessa HQ de quando eu era moleque, mas nunca cheguei a lê-la. O tempo passou, e comecei a duvidar de sua existência, que era só coisa da minha cabecinha juvenil. Mas eis que numa navegada inspirada, me deparei com essa revista num sebo on-line! Fui ao abençoado DC++, e, em dois tempos, lá estava ela. Fico só imaginando quem é que guarda esse tipo de relíquia no HD. Deve ser alguém tipo eu... :)

É uma historinha redonda, no esquema O Que Aconteceria Se..., capitaneada por Uatu, o Vigia. Durante um confronto com seu meio-irmão Loki, o Deus do Trovão volta no tempo, para a época de Conan. Thor se junta à um grupo rival do cimério e, naturalmente, eles acabam se engalfinhando. Foi a primeira vez que vi o bárbaro se estrepar. Mas, seguindo a tradição, logo eles se acertam e ficam lado a lado. Vale como curiosidade histórica.

Como não sou de ficar comentando e deixar a galera babando, aqui vai o fight dos dois. Clique nas imagens pra aumentar.








THE BRIDE WILL KILL BILL


”A melhor homenagem que o Cinema de Ação oriental dos anos 60 e 70 poderia ter”, imagino que algum desses slogans prontos traga essa sentença na capa do DVD. E, nesse caso, não poderia ser mais justo! Kill Bill é tudo o que um aficcionado pelos clássicos martial-movies poderia querer: é cinema-ação sanguinolento, sem concessões e com uma saga sobre vingança/redenção samurai style. E ainda tem o toque improvável do maluco Quentin Tarantino, que, ao que parece, anda encantado com técnicas não-usuais de filmagem (uma coisa assim, meio Oliver Stone, saca). Aqui tem um pouquinho de quase tudo – cenas em p&b, jogos de sombra/luz, tons azulados e uma conciliação de mídias absurdamente genial, que foi a seqüência à base de anime.


Adivinha pra quem eles estão olhando...

Resuminho fast-food então: A Noiva (Uma Thurman, extravasando em pobres stunts o ódio pelo seu ex, Ethan Hawke) é uma assassina profissional que foi detonada, em pleno casório, por seu noivo, Bill (David Carradine, confirmando a vocação arqueológica de Tarantino). A gangue de assassinos chefiada por Bill também ajudou no trato: O-Ren Ishii (Lucy Liu, anos-luz de As Panteras), Vernita Green (Vivica A. Fox), Budd (o ex-psicopata Michael Madsen) e Elle Driver (Daryl Hannah, em seu segundo melhor papel até hoje). Ah, e A Noiva estava grávida na ocasião. Mas ela não morre não, e acaba encarando um coma de 4 anos. Num belo dia...


Gogo Yubari, mortal, fatal e colegial

O que pode aparentar um excesso de personagens, é o que torna o estilo de Tarantino particular e o que confere a sua marca ao filme. Fora os já citados, ainda têm muitos outros que, de tão interessantes, também mereciam um prequel (lembram do Zed e do casal “Bonnie & Clyde”, de Pulp Fiction? É por aí). De todos os inimigos coadjuvantes, quem eu mais gostei foi Gogo Yubari (Chiaki Kuriyama, ótima). A luta dela com a Noiva foi Street Fighter puro! :P


E não é à toa que Tarantino anda insinuando que Kill Bill ainda terá muito material extra para os DVDs (e fora deles). A seqüência animê do filme foi mesmo um achado (ela conta a origem de O-Ren Ishii). Tecnicamente falando, a animação tem até um estilo mais experimental, sem os traços assépticos e limpos do anime tradicional. Por vezes, lembra um rascunho animado. Claro que isso só valorizou ainda mais a passagem. Outra coisa também me chamou bastante atenção: a linguagem de expressão, tanto dos animes quanto dos mangás, dá um show de narrativa em cima dos equivalentes anglo-saxões.

Lembro de quando li Akira pela primeira vez e fiquei abismado. Haviam páginas e páginas consecutivas de ação ininterrupta que também contavam com mudanças na direção do argumento. Detalhe: sem balões, recordatórios ou qualquer tipo de palavra. Tudo na base da sugestão e da força da imagem. Nesse ponto, nossos amigos do Oriente estão séculos à frente. E é o que ocorre no Killnimê, durante sua primeira metade. Palmas para Tarantino: clap, clap, clap!














Aí não aparenta muito, mas quando vi a O-Ren, já assassina profissional, com um trabuco e o colante vermelho, lembrei logo da Elektra (aquela, a Natchios). Até que não seria uma má idéia. Tomara que o responsável pelo filme da ex do Demolidor tenha assistido aos dois Kill Bill...


Mas nem tudo são flores e algo ainda me impede de tascar as cinco estrelinhas para o filme. É algo pessoal. É justamente o mesmo detalhe que observei em Pulp Fiction e que minou boa parte de Jackie Brown, na minha opinião.

Tarantino, fã de cinema cult, ainda confunde referência com reverência. Na tentativa de revisitar seus ídolos, ele caminha perigosamente na fronteira da cópia-pela-cópia. Daí, saem coisas muito boas, como o resgate de Sonny Chiba, que teve cenas nada menos que excelentes (e sem lutar!). Mas também revela um certo esforço para soar exatamente como as fontes. Um exemplo são os esguichos de sangue, claramente caricaturais. Por quê esse recurso soa natural nos filmes chineses e aqui soa como uma espécie de paródia? Bem, uma coisa é você filmar em Cantão, sem dublês, com orçamento quase zero e cheio de idéias na cabeça. Outra, é você ter um orçamento VIP e poder fazer muito mais do que uma simples referência. Duvido que John Woo ou Tsui Hark, em começo de carreira, ainda fariam aqueles filmes tecnicamente toscos se tivessem outra alternativa (ou grana).

Eu diria que isso só vai se resolver com a maturidade profissional de Tarantino (é apenas o seu 4º filme). Com o tempo, ele provavelmente se livrará de toda essa carga que ele tem acumulada desde que trabalhava em uma vídeo-locadora e assistia 70 filmes por dia. Faltou pouco, muito pouco...

Que venha Kill Bill – Vol. 2!

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