Que Neo que nada... óculos maneiros são esses aí
Coisa de quem não tem o que fazer (ou o que pensar), sei. Mas, como tudo o que escrevi até hoje por aqui foi nessa base, hey ho let's go. Um quebra entre esses dois iria primar pela incerteza do resultado. Eles são, disparados, os personagens heróicos mais 'mandrakes' do cinema (talvez caiba aí a inserção do Ethan Hunt também). Ou seja, eles conseguem tirar da cartola a melhor - e a mais improvável - solução para qualquer problema. Eles são mestres absolutos em todas as técnicas de luta, até as inexistentes. A todo momento, desafiam as leis da gravidade e da física. Encaram verdadeiros exércitos de guerreiros sobre-humanos e hiper-treinados que caem como moscas ante seus golpes. No meio disso tudo, eles ainda arrumam tempo para soltar frases espertinhas (todas sub-"I'll be back", sub-"You're the disease, and i'm the cure" e sub-"Hasta la vista, baby") e, o mais importante... dar uns amassos na mulher mais bonita do filme. Sem contar que os dois têm só um nome (maneiraços, por sinal).
Descrição: Blade é um mestiço. 25% humano, 25% vampiro e 50% Wesley Snipes. O cara transformou um personagem obscuro das HQs em um anti-herói estiloso e altamente característico. Eu mesmo só vi o Blade nos quadrinhos uma vez e olhe lá (quem aparecia direto mesmo era o igualmente fodão Morbius).
Poderes: Blade é poderoso como os vampiros e sem nenhuma de suas fraquezas. Tem força, velocidade, o fator de cura vampírico usual e agilidade sobre-humana. Tem um arsenal de fazer inveja ao Terminator e é um exímio espadachim, mas sua arma mais eficiente é sem dúvida as duas... hã, blades, que são um misto de bumerangue com shuriken, e parecem ter vida própria. E o cara é cool pacas!
Pontos fracos: Da minha parte, quem consegue partir o Ron Perlman ao meio com apenas um golpe, não tem pontos fracos. Mas Blade não consegue ficar muitas horas sem o seu soro anti-vampírico, o que dificultaria a sua vida em um embate mais estratégico e demorado.
Descrição: Até Eclipse Mortal, Riddick era um criminoso-mercenário-assassino-foragido perigosíssimo. Mas humano. Em A Batalha de Riddick a humanidade foi pro saco e ele passou a ser um furyan. Seja lá que raça for essa, pode-se dizer que sua índole é bem humana: Riddick não hesita em trucidar quem se colocar em seu caminho - mesmo que seja uma legião de aliens carnívoros.
Poderes: Inicialmente, ele tinha a força e a destreza padrão de heróis de filmes de ação americano (acima da média humana, claro), mas em uma rápida cena de A Batalha de Riddick, ele se denuncia: ao ser lançado de costas contra uma parede, ele amassa a coluna metálica que a sustenta. Se fosse um humano comum, ele ficaria, no mínimo, paraplégico. Além dessa super-resistência, Riddick pula como um canguru chapado de ecstasy, e com apenas uma braçada, lança para longe soldados trajando pesadas armaduras. Deve ser a tal da energia furyan. Especialista no manuseio de facas, Riddick foi "punido" com uma visão noturna pra lá de providencial. E é também um excelente estrategista de guerra.
Pontos fracos: Riddick não é invulnerável, nem tem fator de cura. Ficou inconsciente no segundo filme após receber uma rajada de energia. Quase morreu ao enfrentar um inimigo bem mais rápido que ele. Apesar de ser um guerreiro nato, Riddick é apenas um quase-sobre-humano.
Como o diretor ideal para administrar essa treta do além-cosmo: William Friedkin. Arrisco ele como alternativa a diretores tailandeses e chineses, ou diretores de CGI à Wachowski Brothers. Em Caçado (The Hunted, 2003), Friedkin colocou Tommy Lee Jones e Benicio Del Toro para se destroçarem numa selva. Em nenhum momento ele "interferiu" na luta (câmera tremendo, trilha barulhenta, personagens digitais), e esbanjou carnificina e sangue à vontade. O melhor de tudo é que as lutas foram muito bem tramadas e sem soar caricatas. Entre Riddick e Blade o que não iria faltar é sanguinolência, então nada melhor do que uma câmera discreta e bem descritiva. Sem contar a classe habitual do veterano diretor de Operação França e O Exorcista.
Elisha Cuthbert mora no meu coração desde que eu comecei a acompanhar a eletrizante série 24 Hs. Sei lá, ao mesmo tempo que ela segue a linha Carol norte-americana (mas sem chegar à patricice de Lindsay Lohan), ela também tem um elemento soft/sex-introspectivo. Do tipo que fala mais com os olhos do que com a boca, o que me obriga a olhar para os dois incansavelmente. Pra mim, isso equivale em atração com um inseto rodeando uma lâmpada à noite. Isso sem falar na bundinha linda que ela tem. Com um pouco de sorte, Elisha pode pegar a coroa teen que Mena Suvari perdeu assim que subiram os créditos de Beleza Americana. Show de Vizinha (The Girl Next Door, 2004) é o seu primeiro papel de destaque após o sucesso como Kim Bauer, de 24 Hs. E também um legítimo "filme-que-eu-só-assisti-por-causa-dela".
Matt Kidman (Emile Hirsch... peraí, Emile?!) é um guri cdf que está se graduando no colegial, tentando arranjar uma bolsa pra faculdade e de saco cheio com sua rotina certinha e tediosa repleta de aspirações à uma vaga na Casa Branca. Os taradões Eli (Chris Marquette) e Klitz (Paul Dano) são seus fiéis escudeiros. Daí que pinta Danielle (Delisha) na jogada. Ela é a insinuante vizinha que acaba de se mudar. Como em filme tudo que é impossível na vida real acontece, Danielle praticamente cai de pára-quedas no colo de Matt. Os dois se apaixonam, mas ele descobre que ela é uma ex-atriz pornô querendo recomeçar a vida (por que isso não acontece comigo... por que isso não acontece comigo...). Com isso, vem toda aquela previsível confusão à tira-colo: o produtor-cafetão Kelly (Timothy Olyphant... ainda no mesmo papel) e seu rival Hugo Posh (James Remar) disputando o concorrido passe da porn star.
Queria aproveitar esse espaço e mandar um beijo muito especial para Traci Lords...
Traci, nós te amamos!
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Aham... Então deixa eu repetir o que já foi dito à exaustão por aí: Negócio Arriscado foi um filmão. Talvez tenha sido o filme que tirou Tom Cruise da vala brat-pack dos 80's (Andrew McCarthy, Judd Nelson, Robbie Lowe, Molly Ringwald... ninguém se salvou). E Show de Vizinha tenta esterilmente reeditar o mesmo enredo, mas sem nenhum resquício daquele charme sexy sugestivo, quase porn-soft, idilicamente falando (em grande parte, por causa da presença angelical de Rebbeca DeMornay). Mesmo levando à sombra de um julgamento menos exigente e mais escapista, Show de Vizinha resvala para a concepção de um filme produzido pela MTV em uma versão light tentando em vão ser heavy (nota: gosto das produções da MTV. Joe e as Baratas, Eleição, Orange County - Correndo Atrás do Diploma... são ótimos filmes). Até mesmo a montagem velocista típica de um videoclip ficou equivocada dentro de sua proposta. Os cortes são tão nonsense que prejudicam o tempo da narrativa, e um recurso em particular foi muito mal utilizado: existem tantas seqüências imaginárias de Matt, que toda hora você pensa que nada daquilo está acontecendo e que ele está sonhando de novo, pela enésima vez. Assista o filme e tente não ficar puto com isso. Dá vontade até de quebrar o DVD.
Show de Vizinha começa pendendo para a comédia adolescente, emenda para uma semi-comédia romântica, volta pra comédia adolescente, o tempo fecha em uma esquisita arapuca policial, arrisca um improvável "a verdade sobre o submundo da indústria pornográfica", e volta pra comédia pastelão, digo, adolescente, coroada com uma fraquíssima conclusão com um discurso mal colocado, mal escrito e... enfim, mal tudo. Apesar disso, sabe que eu senti uma certa espinha dorsal permeando boa parte do filme? Poderia ter dado certo, numa espécie de aventura multi-facetada e insólita, mas a quantidade gigantesca de erros não permitiu. A coisa precisaria ser mais ousada, mais inventiva, mais independente, longe da bunda-molice que se instaurou no cinemão americano de uns 10 anos pra cá. E nem estou me referindo à (pouca) quantidade de mulher pelada no filme.
No saldo final, alguns motivos fazem valer uma sessão de Show de Vizinha. Se você é interessado em técnicas de direção e montagem, vale conferir o trabalho de Mark Livolsi e do diretor Luke Greenfield, que tentaram mostrar tudo o que sabiam (quase sempre de forma errada) em 1 hora e 49 minutos de filme. É ótimo aprender com os erros dos outros.
Outro (boooom) motivo é a Presença de Elisha. Com certeza, esse foi o cascalho mais fácil que ela já ganhou na vida, pois ela não faz absolutamente nada durante o filme inteiro. Ela só enfeita as cenas com sua cútis privilegiada, e já está mais do que bom.
Por último, a trilha sonora. Rapaz, quase que só rola coisa boa aqui. Take a Picture, do Filter, Dopes to Infinity, do Monster Magnet, Sweet Home Alabama, do Lynyrd Skynyrd, Angeles, de Elliott Smith, Under Pressure, do Queen, Lucky Man, do The Verve, What's Going On?, de Marvin Gaye, Hootie Coochie Man, de Muddy Waters, Baba O'Riley, do The Who...
Mas é uma pena que agora o Echo e sua The Killing Moon viraram figurinha fácil nessas produções pretensiosamente descoladas. Show de Vizinha está muito, muito longe de ser Donnie Darko, que é o verdadeiro lugar desse clássico.
dogg, que hoje vai assistir 24 hs só pra rever a Delisha... :D
Nenhum comentário:
Postar um comentário