domingo, 7 de agosto de 2011

Com grandes poderes vêm grandes porradas


Se a Gotham City de Christopher Nolan e a Metrópolis dos filmes do Superman têm alguma coisa em comum é que nunca foram palco de grandes cenas de luta. Sempre achei que Nolan não quer (ou não sabe) filmar porrada e o tal estilo Keysi usado pelo Batman nos filmes não ajuda nem um pouco. Já o Super teve sua última luta decente em 1980 e a mesma envelheceu pior que a Kathleen Turner. Mas na semana passada a velha e boa cultura de violência ocidental despontou no horizonte: enquanto a porrada comia solta em Gotham, o Superman ganhava a versão mais América Vídeo de sua história no cinema.

Se o ator Henry Cavill não chega a parecer um integrante dos Expendables, também passa longe daquela verve benevolente tão bem personificada por Christopher Reeve (e coverizada mecanicamente pelo Brandon Routh). Como esses teasers são meticulosamente medidos e pesados antes da divulgação, a mensagem não podia ser mais clara: o Superman chegou pra mascar chicletes e chutar bundas, e os chicletes dele acabaram.

Somando a isso o desprezo pelo patrimônio alheio, o semblante fechado, o olhar de quem está prestes a carbonizar algum infeliz com a visão de calor e o cabelinho "acabei-de-sair-de-um-filme-de-ação-dos-anos-80", o déjà vu concomitante e inexorável toma forma:


Não esquecendo a textura Goodyear/Pirelli da indumentária, última tendência em moda super-heroística. Royalties para a conta do Homem Nuclear.

E mergulhando de vez no aspecto trashback do post, um fantasma que nunca deveria ter voltado e que figurou nas cenas deletadas do DVD especial do malfadado Superman IV: Em Busca da Paz: o 1º Homem Nuclear criado por Lex Luthor e seu sobrinho Lenny (a.k.a Alan Harper), numa espécie de adaptação extra-oficial do Bizarro, e também sua luta contra o Homem de Aço, no que é possivelmente o momento mais constrangedor da carreira do saudoso Chris Reeve.


Se serve de consolo, eu assisti isso também. Desculpa qualquer coisa.


Atualização 08/08

Mesmo em seu modo Clark Kent-o-repórter-atrapalhado, nota-se uma postura de autoconfiança que o personagem jamais teve na telona:


Mas sem saber qual é o contexto, a única certeza absoluta e indiscutível é que Amy Adams é uma gracinha...

7 comentários:

Luwig disse...

Segundo um amigo aqui que acompanhou o The Tudors, o tal Henry Cavill é daqueles tipos que rouba inescrupulosamente a cena e leva pra casa com embrulho e tudo. Se for mesmo assim, é o tipo certo pra interpretar um "protagonista" que historicamente, e à bem da verdade, só foi "coadjuvante" dos próprios filmes.

No quesito "porrada" no que diz respeito a imagem em movimento, nada até agora chegou a sequer trespassar do meu imaginário - e acredito de boa parte da civilização nerd - os dois primeiros socos de 'Clash' em Liga Sem Limites.

Aquilo foi qualquer coisa de sensacional, mas ainda sonho com o tempo em que o Super poderá trocar sopapos com o Mongul a la 'Para o Homem que Tem Tudo' ou mesmo com o famigerado Apocalipse em live-action. Chega, já tivem minha cota de kryptonianos da Zona Fantasma e punhais de kryptonita.

Nada a ver, mas já viu isso aqui?

http://www.livrosdownload.com/2011/08/sangue-quente-isaac-marion.html

Já vi que nenhum gênero ou sub-gênero está a salvo do vírus mutante de Crepúsculo... Arghh...

Abração.

Irlandês disse...

O Super,pra mim,sempre teve que carregar a síndrome de ser uma alegoria pro velho papo do "imperialismo-cultural-norte-americano", afinal, com poderes tão incriveis, pq se focar em só uma cidade americana?
Pelo que li, esse novo S-Movie chega também pra derrubar mais esse ponto: como jornalista, Kent viaja pra Africa e se vê a péssima situação do país: guerra civil, fome, aids, etc...
Claro que Metrópolis, assim como Gotham, já deixaram de ser um local para virar um personagem; mas, ainda assim, eu gostaria que a direção do filme fosse essa ( Super notando que por todo o planeta existem problemas).
Não sou fã do Snyder, mas se tiver um mínimo de comprometimento com o conflito interior do personagem e boas cenas de ação,o que pela filmografia do diretor é certa, que venha uma nova trilogia pro Azulão.

Bernardo disse...

Apesar da última escorregada do Snyder, tô botanto fé nesse aí. Seja como for, o sub-gênero super-herói já está estabelecido no cinema, com seus altos e baixos, como qualquer outro. Enquanto isso as HQs própriamente ditas sofrem ano a ano com a queda de vendas. Na minha (modesta) opinião o que anda faltando são mini-séries e graphic novels fora da cronologia, que levantaram o mercado no final dos 80. Cadê as “Elektra Assassina”, “Cavaleiro das Trevas”, “Piada Mortal” da época atual? Bons escritores (e desenhistas) existem, dêem liberdade pros caras pirarem e mandem às favas a cronologia. É aí que vão surgir as obras-primas que chamam a atenção dos leitores e beneficiam o mercado como um todo. Enquanto as sagas e as “mortes” são esquecidas na próxima estação, essas obras servem como referência por anos a fio. No final das contas são o que nos fazem lembrar porque as HQs valem a pena.

doggma disse...

Pois é Luwig, o lance com o Super é que ele não dá muita margem para catarse. O ponto de partida pra qualquer ator que o interprete é o fato de que ele é um big boy scout. Entendo que todo mundo queira que ele barbarize igual à "Clash" (eu subiria o Convento da Penha de joelho!) ou aos cinematics do DCU on line, mas tem que ir com calma nesse angu. O Super é o tipo do ser cuja raiva não pode ser medida por padrões humanos. Nem pós-humanos, acho. Lembra, no final de Reino do Amanhã, ele quase colocando a sede da ONU abaixo com os olhos vermelhos como se fosse liberar a Sanção Ômega? Aquilo ali é o Super com raiva. Encrenca DEFCON ZERO. E cá entre nós, ele tem plena consciência disso. Daí que o termo "escoteiro" ganha um novo parâmetro, não? Mas suspeito que o Snyder não ligue muito pra esses detalhes...

Quanto ao livro, não conhecia. Agora conheço. "Valeu mesmo". Dá licença que eu vou bluuuoorrgh...

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Irlandês, por essas infos que você compilou aí, parece então que o roteiro terá similaridades com a série Birthright, o que acho uma boa sacada. Em Returns, o Singer atentou pra isso, ainda que de forma ultra-tímida.

E quem diria que o filme mais globalizado do Azulão foi justamente Superman IV, com toda aquela campanha anti-mísseis nucleares e tal. Ah, e aquela cena inacreditável onde ele reconstroi a Grande Muralha, tijolo a tijolo, com sua famosa "visão telecinética"...

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Bernardo, concordo contigo em gênero, número e todo o resto. Mike Mignola é um bom exemplo de um sujeito que preferiu se desligar do mainstream a banalizar sua arte. Caso contrário, seria saga atrás de saga, over and over again. Olha só o traço do Romita Jr. piorando a cada ano que passa. Veja como grandes perfeccionistas como o McNiven e o Hitch sofrem. O Mark Millar mesmo saiu da Marvel reclamando disso. E a DC, por sua vez, com seu círculo vicioso e desesperado de reboots.

É um cenário nada animador, mas acho também que é aquele tal ciclo quadrinhístico de 10 anos operando no mercado. Na minha (também modesta) opinião, os anos 00 foram muito bons, apesar dos pesares. Agora vêm vindo por aí 10 anos de ruindade à flor da página.

Luwig disse...

Onde está Wall-E?

http://www.blogcdn.com/www.comicsalliance.com/media/2011/08/whereswalle.jpeg

Genial! Eu só não consegui encontrar o L-Ron!

doggma disse...

Recebi uns dias atrás no grupo de discussão que participo. Fabuloso mesmo. E, realmente, o mais divertido é procurar quem está faltando, rs...

Listei Astro Boy, Lampadinha, Megaman (que é de game, mas pô!), o Gigante de Ferro, Frankenstein Jr., o pistoleiro de West World, Proteus e Sandra, aquela empregada do Riquinho (se bem que já tem a Rose, empregada dos Jetsons).

Sandro Cavallote disse...

Acho fantástica essa devoção a Eles Vivem, man! :)