sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sex and the Krypton


Novo filme do "Homem de Aço" despontando no horizonte, de volta à lida kryptoniana no cinema. Com tantas prévias, trailers e spots, qualquer preparação fica redundante, embora ache que o escoteirão mereça o esforço. Só que dessa vez vou passar. Em parte, pra não contaminar a experiência que será ver essa nova abordagem do Clark - supostamente feita para entregar aos fãs tudo o que eles reivindicaram por décadas - e em parte, porque involuntariamente já estava fazendo isso.

Nos últimos meses andei meio obcecado pelo Superman II no corte do diretor Richard Donner. As sequências "novas" de Christopher Reeve, Margot Kidder e Marlon Brando, a divertida malandragem de Gene Hackman, as boas cenas da versão original que foram excluídas injustamente...

Tudo muito fascinante, mas alguns dos meus momentos favoritos desse revisionismo já estavam lá desde o começo: a dinâmica interna do trio de kryptonianos renegados, em particular General Zod e Ursa.


O tom mezzo cruel mezzo ingênuo adotado pela atriz Sarah Douglas foi sob medida. É ótima a cena em que Zod descobre que o Super se importa com os humanos. Genuinamente intrigada, Ursa pergunta: "como animais de estimação?". Outro momento, muito revelador, é quando os três vilões estão na sala oval da Casa Branca com todo o seu staff subjugado. Ursa passa os generais em revista com um olhar de puro desprezo enquanto ridiculariza seus uniformes cheios de condecorações, ao mesmo tempo em que arranca uma insígnia pra adicionar em seu próprio uniforme como troféu - entregando aí a mesma tendência masculina por ostentação e objetificação de poder, sem absolutamente nenhuma consciência disso naquele momento.

Ursa é cria do godfather Mario Puzo, pensada exclusivamente para os dois primeiros filmes. Só debutou nos quadrinhos em 2007, numa ótima saga escrita por Richard Donner em parceria com Geoff Johns e Adam Kubert. Demonstrava ali a mesma aversão doentia a todos os homens, com exceção de Zod, a quem nutria uma obsessão cega. Sendo uma evolução natural de seu perfil nos filmes, acabou soando como resultado de condicionamento típico de fileiras militares ou de grupos fundamentalistas. Isso tudo deixa ainda mais interessante a escolha de um dos vilões do novo filme.

Faora Hu-Ul de Alezar foi criada pelo desenhista Curt Swan em 1977, num arco em três partes escrito por Cary Bates e ilustrado por Swan e Tex Blaisdell. Era uma vilã tão atraente quanto letal: foi condenada a 300 anos de reclusão na Zona Fantasma pela morte de 23 kryptonianos em seu próprio campo de concentração masculino (!). Eventualmente, ela escapa da prisão para aterrorizar Metrópolis e, claro, o Superman. Uma kryptoniana assassina em massa turbinada pelo nosso sol amarelo pode parecer preocupante, mas para o Super é como um passeio no parque, certo? Não exatamente...

Faora era mestra em Horu-Kanu, a "forma de combate físico mais mortal de Krypton". A arte marcial é baseada em ataques aos pontos de pressão do organismo kryptoniano. Os golpes variam de quebrar ossos (lógico), forçar reações reflexas e a cereja do bolo, o Dyr-Ynn, o toque fantasma da morte. Além disso, Faora tem disciplina suficiente para usar a raiva (!!) do Azulão contra ele e até exibir certos dons psíquicos, como autoprojeções e relâmpagos mentais. Derrotado, o Super evadiu do local em velocidade de dobra, não apenas reconhecendo a vasta superioridade de Faora como também se refugiando na Zona Fantasma!

Faora foi criada apenas um ano antes de Ursa, mas realmente parece ter sido a sua precursora. Em termos de psicologia (de boteco) não é a mesma personagem. Mas o que elas têm em comum é um detalhe crucial, que para Ursa é como uma suave brisa de verão e para Faora é a grande mancha vermelha de Júpiter: a misandria.

E ela sorve isso como se provasse o melhor dos vinhos.


E começou como se fosse um causo do Zéfiro...

O que poderia ser um pretexto para diminuir seus méritos pessoais e reduzí-la a uma estressada superpoderosa com TPM infinita. Mas felizmente o roteiro de Bates evita clichês sexistas e constrói uma vilã ameaçadora, inteligente e carismática. E nem é tão doida. Ela só odeia mortalmente todos os seres vivos do sexo masculino, extermina alguns ocasionalmente e quer fazer o planeta ajoelhar aos seus doces pés. Nada que um ditador terráqueo não almejaria.

Tenho a impressão de que a Faora do filme não herdará muito de sua personalidade original, mediante a aparente posição subalterna before Zod. Faz parte do jogo. Nos quadrinhos os dois já se encontraram e até uniram esforços por um objetivo comum, mas o buraco era bem mais embaixo.


Kneel before Faora, male pig!

Duvido muito que no filme ela esculache assim o sexo frágil (nós!). Mas torço pra que não seja apenas um pau mandado do General de cinco estrelas. Afinal, como bem disse o Clark na estreia da moça, ela é uma "man-hater". 

Eu já diria mais: ela é uma "maneater".


Para o cinema e avante!

3 comentários:

Luwig Sá disse...

Bom, a essa altura da peleja, já descobrimos que Faora* e Ursa foram mescladas em Homem de Aço. Não que isso seja necessariamente ruim, pelo contrário, é ótimo perceber que os realizadores se valeram exclusivamente dos personagens criados nos quadrinhos.

Aliás, sobre isso, em algum recôndito do Canadá, John Byrne deve estar esboçando um sorriso de Mona Lisa.

No mais, belo recorte, meu amigo!

(*) Mas juro que vi alguns golpes de Horu-Kanu sendo aplicados nos marmanjos do filme!

doggma disse...

Vimos, com certeza! E com tal proficiência, se Faora fosse a líder, o resultado da missão seria bem outro, rs.

Na dúvida se a fórmula da fusão foi Ursa/Faora ou Mala/Faora. Mas acho que cabe mais à frieza da primeira mesmo.

POSSESSED disse...

Olá amigo... Estou buscando parceria e gostaria de saber se rola parceria.. sou dono do blog http://possuidoporfilmes.blogspot.com.br/

Fico no aguardo.. Abrax e continue com o trabalho