sábado, 5 de junho de 2021

A Morte lhe cai bem


Sinceramente, não entendi o motivo de tanta celeuma. É aquele de sempre?

14 comentários:

Grimm disse...

Meu problemas com estas coisas é pq raramente são por fins artísticos e na verdade a impressão que transmitem é sempre que querem fomentar a discussão com intenção de propaganda a base da polêmica.
Red Sonja, que é uma personagem que sou mega hyper fan vai por viés tb e tampouco posso dizer que "preferiria" que fosse fiel à fonte (quadrinhos).
No facebook, no caso da Morte, tive de tentar de explicar a diferença entre "preferir" e "exigir", mas foi em vão.

doggma disse...

E aí, Grimm!

Realmente... separar o joio do trigo conceitual é caminhar sobre uma tênue linha argumentativa com possibilidade absurda de dar merda. Mas no fim do dia, é necessário. Menos no Facebook, rs.

O caso da Red Sonja, personagem RED desde o nome, é claramente a "intenção de propaganda à base de polêmica" que você menciona. O que só ofusca a real discussão quando esta é pertinente.

Mas nada disso impede da tal Hannah John-Kamen mandar bem e o filme ser bom, assim como Brigitte Nielsen e seu Guerreiros de Fogo tiveram tudo o que a personagem demandava e foram pavorosos mesmo assim. Mas isso já outro assunto.

No caso da Morte, o envolvimento de "Neil Himself" no processo é como um selo de autenticidade do autor - mais o fato de reiterar a natureza abstrata/metafísica/conceitual da personagem. O sueco Bengt Ekerot, "O" Morte de O Sétimo Selo, certamente acharia que isso seria discutir o sexo dos anjos.

Ps: na minha cabecinha sempre imaginava a Mia Kirshner. Vaga semelhança, atriz atriz mais algumas qualidades apreciadas por homens superficiais. Arram.

Grimm disse...

Faria mais sentido ainda "Ela" ser interpretada por vários atrizes/atores. Enfim, agora é esperar.
O lado bom é o Gaiman estar bem envolvido, o lado ruim é ser da Netflix, o que não garante longa vida mesmo se a qualidade for boa.


Alexandre disse...

Vou na do Grimm, dado o momento em que passamos, e até pela forma de divulgação, acho que é para atender "agendas".
O fato do Neil estar envolvido, já me preocupa. Ele já se envolveu em projetos como American Gods, e veja só como terminou.
Honestamente, o cast Dela, me broxou com esse projeto. A personagem foi construida ao longo de tanto tempo de uma forma, e agora que tem a chance de materializada, faz essa escolha?
Ok, a menina pode mandar mega bem, mas não é a personagem que ele apresentou e "vendeu" ao seu público por anos e anos.
Mas ok, a obra é dele, espero que surpreenda e essa mudança seja algo que surpreenda positivamente e cale a boca de todos.
Neil merece ter uma obra sua transmidializada de forma memorável.

L disse...

Achei suicídio comercial essa mudança, e vou elencar os motivos:

1o-fizeram isso com um dos personagens mais conhecidos da obra, isso se não for o mais conhecido, porque sou leigo em Sandman, mas tenho uma imagem bem definida do Morpheus e da Morte quando se trata dessa obra.

2o-todo goticosinho caucasiano que comprava os gibizinhos, que produziam fanarts ou colocavam.desenho da Morte como capa de facebook, perderam o seu lugar.

3o-Se há personagens negros em Sandman, essa mudança não seria necessária, além disso, desconfio dessa desculpa de representatividade em filmes e séries. Nos anos 90 fizeram um maluco no pedaço, nos anos 2000 eu a patroa e as crianças. Não vou ser hipócrita e dizer que muitos atores negros fizeram blockbusters ou algo do tipo, mas dizer que eles nunca tiveram lugar na mídia é demais.

4o-há casos em que mudanças não chegam a ser incômodas. O Rei do Crime acho que pode ser um exemplo disso, a crueldade dele e a força física são características mais importantes dele, do que a aparência dele, por isso não achei incômoda a escolha do Michael Clarke Duncan pro papel.
Há também o Billy Dee Williams como Harvey Dent, antes eu ficava incomodado com essa escolha, mas vai sair quadrinhos do Batman '89 e já tem imagens dele caracterizado como Duas-Caras, eu achei legal. Também queria ter visto o Marlon Wayans como Robin.

5o-adaptações são necessárias, séries e filmes tem de resumir anos de cronologia nas hqs, alguns personagens acabam tendo que ser excluídos da adaptação e outros acabam tendo que ter suas história alterada pra tornar a história mais fluida, não sei qual o propósito narrativo da mudança de etnia da persongem Morte. Podem falar "é a Morte de outro universo, é uma adaptação". Sim, colega, mas essa adaptação só tem hype, porque já existia uma obra conhecida antes e um dos principais personagens dela foi descaracterizada em prol de panfletagem política.

Enfim, não curto Sandman, só quis deixar minha opinião.

L disse...

Só pra complementar meu raciocínio sobre não me incomodar do Robin e Duas-Caras negros, em minha defesa, digo que achei tão boa a direção e os cenários que ele criou, que a cidade de Gotham acabou se tornando mais importante que a cidade, no universo que ele criou, essa mudança não seria incômoda. É só uma opinião minha.

doggma disse...

"O lado bom é o Gaiman estar bem envolvido"

Grimm, pra mim é o ponto-chave. O que advir dali, terá a benção do Gaiman -- agradando ou não.

Claro, o ideal mesmo, inclusive nessa questão da longevidade, seria o de sempre: uma série pela HBO. Ou AMC.

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Alexandre, a imagem dela na graphic é icônica. Por mim, botavam logo uma doppelgänger da Cinamon Hadley ali. Mas também não questiono a integridade e autonomia artística do Gaiman. Ele faz o que sente de acordo com o zeitgeist do momento, assim como Sandman o fez em sua época.

Então é aguardar pra ver se vinga na telinha.


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Fala, L!

"tenho uma imagem bem definida do Morpheus e da Morte quando se trata dessa obra"

Todos temos. Foi o mesmo com o Heimdall e o John Constantine americano dos filmes. Mas Idris Elba estava excelente sempre que apareceu e Keanu Reeves acabou protagonizando um filme bem divertido - muito mais que a série, que tinha um ator igualzinho ao mago inglês.

A série Watchmen que você citou é o exemplo perfeito. Escalou uma protagonista negra, africanizou o próprio Doutor Manhattan e foi uma das coisas mais espetaculares que assisti em 2019.

Enfim, só assistindo mesmo. Se ver panfletagem no roteiro, serei o primeiro a escrever: "olha lá a panfletagem no roteiro!".

Abrax!

Anônimo disse...

"John Constantine americano dos filmes."

O filme de Keanu Constantine foi quase uma violação completa do material original.
Eles transformaram Constantine, um homem britânico manipulador, que nunca luta fisicamente em um Blade branco.

Anônimo disse...

"A série Watchmen que você citou é o exemplo perfeito. Escalou uma protagonista negra, africanizou o próprio Doutor Manhattan e foi uma das coisas mais espetaculares que assisti em 2019."

A série de TV Watchmen era a antítese de Watchmen.

Watchmen quadrinhos e filme: Ambigüidade moral. Não está totalmente claro quem é bom ou mau. Todo mundo é pelo menos um pouco ruim, provavelmente.

Watchmen serie: Os mocinhos ganham, e os bandidos perdem e morrem. (Dr. Manhattan queria morrer, então ele ganhou também.)

Watchmen quadrinhos e filme: Heróis mascarados abusam de seus poderes, uns dos outros, e cada um deles são doentes mentais.

Série de Watchmen na TV: Policiais mascarados têm justificativa porque só abusam de terroristas racistas. Quaisquer problemas que eles tenham são apenas construção de caráter.

Watchmen quadrinhos e filme: A humanidade e os humanos estão com medo e zangados, prontos para destruir uns aos outros e acabar com o mundo com a violência reacionária. Como podemos resolver essa fraqueza inerente que temos?

Watchmen serie: Racistas e trilionários narcisistas são maus, e talvez farão coisas más se se tornarem deuses? Então, quando os matamos, claramente resolvemos nosso conflito.

Watchmen quadrinhos e filmes: Quanto maior o seu poder, menos humano você se torna.

Watchmen série de TV: Ovos.

Anônimo disse...

"A série Watchmen que você citou é o exemplo perfeito. Escalou uma protagonista negra, africanizou o próprio Doutor Manhattan e foi uma das coisas mais espetaculares que assisti em 2019."

Watchmen da HBO é uma merda.
Eu não entendo porque esse seriado recebeu tantos elogios. A estrutura da série é tão inconsistente.
Está repleto de histórias de personagens que não se resolvem deixando o público faminto por respostas.
Mas raramente as recebe.
Damon preenche cada episódio com referências ao quadrinho do Watchmen original e importantes ideias sociais e culturais
Que mascaram o fato de que os personagens são incrivelmente planos e unidimensionais.
Eu acho que essa é uma maneira ruim de escrever um seriado.
Esses são truques baratos e uma desculpa para uma escrita ruim.
Mantendo os espectadores confusos e enredados em seu enredo confuso.
Eu me sinto como um idiota assistindo episódio após episódio, esperando que faça sentido no final.
E que cada tema e personagem tenham uma resolução satisfatória, mas provavelmente não.
Damon fez isso uma e outra vez estabelecendo grandes temas profundos e nunca parece resolvê-los de forma significativa.

Anônimo disse...

"A série Watchmen que você citou é o exemplo perfeito. Escalou uma protagonista negra, africanizou o próprio Doutor Manhattan e foi uma das coisas mais espetaculares que assisti em 2019."

Dr.Manhattan não faz sentido nesta série.
Ele facilmente derrubou o exército vietnamita, que tem milhões de soldados, tanques, aviões e todas as armas modernas da época.

Mas de alguma forma não é possível destruir 20 pessoas que Angela destrói metade.

Além disso, já sabemos que nenhuma arma funciona no Dr. Manhattan, exceto o uso de táquions para bloquear sua visão. O livro e o filme usaram o gerador de campo intrínseco do Dr. Manhattan nele, sem nenhum efeito.

A única maneira de fazer sentido seria se o Dr. Manhattan quisesse que isso acontecesse e permitisse.

Anônimo disse...

"A série Watchmen que você citou é o exemplo perfeito. Escalou uma protagonista negra, africanizou o próprio Doutor Manhattan e foi uma das coisas mais espetaculares que assisti em 2019."

A série Watchmen da HBO é uma vergonha.
Estou escrevendo isso porque parece que este programa está recebendo elogios da crítica e, portanto, tornaria esta opinião impopular

O quadrinho Watchmen é um dos meus trabalhos criativos favoritos e, na minha opinião, Alan Moore é um gênio absoluto que catapultou sozinho o gênero para a legitimidade com sua história em quadrinhos.

Dito isso, o seriado foi uma desgraça completa para o legado de Watchmen. Os personagens são unidimensionais, o diálogo é enfadonho, os temas são clichê e o personagem do Dr. Manhattan foi irrevogavelmente devolvido ao esquecimento.

No final das histórias em quadrinhos, o Dr. Manhattan foi a Marte porque estava cansado das trivialidades da natureza humana como política e guerra e, mais explicitamente, relacionamentos românticos. Quando ele deixa a Terra para sempre, ele deixa os humanos à sua própria sorte para que ele possa tentar criar o milagre da vida por conta própria, mas por alguma razão neste show, ele decide que quer entrar em outro relacionamento romântico com um humano e usa um dispositivo que Ozymandias criou 30 anos atrás para dar sua versão humana amnésia. Por quê? Como Ozy poderia saber que o Dr. Manhattan acabaria por se encarnar? Eu poderia continuar e continuar, mas não vou te aborrecer.

A escrita no programa é desconcertante e é Watchmen apenas no nome. Espero que Moore tenha preparado seu feitiço mais poderoso que conseguiu reunir para amaldiçoar Lindelof por fazer essa ignomínia.

Anônimo disse...

Gênio, mas pelos motivos errados, colocar minorias em uma série faz com que você não possa criticar sem parecer racista.

doggma disse...

Eita, porra! Que postulado.

Você articulou bem suas opiniões e com educação, portanto poderia continuar e continuar à vontade sem me aborrecer. Claro... discordo diametralmente de cada ponto e inclusive acho que o próprio Mago adoraria a série numa hipótese improvável de assisti-la.

Mas vou me ater a uma dica de colega apreciador de cultura pop:

"parece que este programa está recebendo elogios da crítica e, portanto, tornaria esta opinião impopular"

"colocar minorias em uma série faz com que você não possa criticar sem parecer racista"

Que se dane isso. Ser a voz dissonante com argumentos inteligentes e revelantes é uma benção dos céus!

Abrax!