terça-feira, 8 de julho de 2008

GATA EM TETO DE ZINCO FRIO


Após duas páginas de Patsy Walker: Hellcat, a primeira coisa que pensei foi "porque diabo eu tô lendo uma HQ de menininha?". Bom, posso ser criativo e pensar em alguns motivos... lá vai. Já li quadrinhos "de menininha" antes. Exemplos mais recentes foram Ultra, dos Luna Brothers, e Lost Girls, de Melinda Gebbie e Alan Moore. E da minha época, tiveram umas paradas mais cult, como as já saudosas Estranhos no Paraíso, de Terry Moore, e Love and Rockets, dos hermanos Hernandez. Todas representando 2 coisas: Um - quadrinhos de primeira; e Dois - uma boa espiadela no diário subconsciente destas maravilhas supremas da natureza. No choque com um universo ainda dominado por estereótipos sexistas e vexatórios, não deixa de ser curioso o resgate desta personagem em particular.

Patsy Walker é das antigas. Pertencia ao cast da Timely Comics, que veio a formar a Atlas Comics e, finalmente, a Marvel Comics. Ironicamente, ela seguia o modelo de teenager feminina bem-comportada da época (anos 40-50). No início da década de 70, foi repescada naquele depósito de idéias da editora e reformulada no padrão super-heróico. Nascia a Felina/Gata do Inferno/* espaço reservado à criatividade do novo tradutor *.

Já de colante high-tech, garrinhas e com uns poderes psíquicos aí, integrou Vingadores, Novos Defensores e teve no currículo dois casamentos mal... hm, pessimamente sucedidos. O primeiro foi com o vilão Cão Raivoso, o outro com Daimon Hellstrom, o Filho de Satã (cuja mini que está saindo agora em Marvel MAX é um chute bem naquele lugar que dói), onde ela foi parar no inferno, literalmente.

Um dos recursos que sempre gostei na Marvel é o constante ressurgimento de personagens B engavetados há tempos (ainda espero o retorno dos infames Guardiões do Deserto!). Como a maioria representou uma fatia mercadológica de sua época, não deixa de ser um interessante exercício criativo realocá-los no século atual. Ao menos em tese, tendo em vista as boas redefinições de Luke Cage e Punho de Ferro.


Nesta estréia de Patsy Walker: Hellcat, minissérie em cinco capítulos, a roteirista Kathryn Immonen (patroa do Stuart) rebusca aquela jovialidade dos primórdios, ignorando sabiamente seu background pesadão (que não era mais do que um monte de sucata cronológica, afinal). Trazendo de volta o apelo teen/girlie em contraponto ao cenário super-colorido - ambos traduzidos com maestria pop no traço 'immoneano' de David LaFuente -, temos aí o que seria a versão atualizada e perfeitamente comercializável da heroína. Distante do cinismo outsider de Jessica Jones em Alias e mais próxima do subtexto de auto-conscientização feminina de DC Apresenta: SJA Arquivos Confidenciais #1 (aquele, com a poderosa Poderosa) - de onde parece ter se inspirado também no clima divertido e ensolarado, a despeito da localização.

Na história, Patsy é um dos mimos do Tony Stark pós-Lei de Registro. Estatizada de carteirinha, ela não é nem um pouco contestadora e parece mais interessada em curtir a vida de heroína patrocinada pelo governo. Um dos ganchos mais bem-humorados, num jeitinho feminino de ser, são os quadros estilizados onde ela vislumbra uma previsão exageradamente otimista de algo potencialmente ruim (ali, não pude evitar, me pareciam alucinações de alguém chapado de estrogênio e LSD). Não sei se foi o meu lado Cássia Eller lendo, mas achei uma boa sacada da sra. Immonen. Meio que aproveitando o desejo de Patsy de integrar missões de grande porte, Stark a encaixa (sem trocadilhos) num reconhecimento no 50º estado da Iniciativa, ainda sem monitoração de uma super-equipe (também!). Lá ela encontra a fauna caipira local e sobrenatural. Algo envolvendo misticismo indígena ancestral, afins, quetais e similares.

Mesmo com um início 110% rosa-choque no qual só consegui prestar atenção no decote da moça, vale um crédito extra até o momento de sua convocação. Espertos diálogos bate-pronto (estilo Bendis sem a chatice da Mary Jane ultimate) e, principalmente, o charme e simpatia irresistíveis da protagonista. Irresistíveis, porém, até segunda ordem (ou edição). Sabe como são as mulheres...

Na trilha: a mulherzona do BellRays cantando. Que mulherzona! E que cantando!

4 comentários:

Fivo disse...

Essa porra não tá sendo atualizada no feed. Tu não entende nada disso, robin!

Fivo disse...

Porra... essa enquete nova tá foda... não sei o que escolheria. Coloquei uma qualquer... no escuro.

doggma disse...

Pior que não está mesmo não... Não aguento mais essa porra. Só eu que faço tudo nessa merda. Vou embora, vou embora daqui!

Merda! Saco!

doggma disse...

Arrá... cadastrei de novo no feed e agora leu.

Vô comê a Tia do Bátima!