Detalhe da capa de Deathstroke #3, por Simon Bisley. Há tempos que o Slade Wilson precisava mesmo de uma repaginada visual, mas não curti nada essa nova versão. Pouco prática, over e genérica, parece um personagem de Soul Calibur, aderindo à tediosa tendência armaduresca dos "personagens New 52" da DC (até o Super parece estar numa armadura... pergunto, pra quê?). Se fosse pra ficar assim, preferia que continuasse no look pirata com botas boca-de-sino.
Em contrapartida, a coisa vingou bem no traço do Biz. Com sua recente evolução de estilo, as capas ganharam em fluidez, como se fossem extraídas do meio da ação a mil por hora (confira a #1 e a #2). Quase me convencem a conferir essa nova fase - em seu estágio inicial, já que depois a coisa muda...
O Exterminador é desde sempre um dos meus personagens favoritos dos quadrinhos de super-heróis. Já em priscas e inocentes eras, seu maior diferencial era o caráter ambíguo e uma complexidade poucas vezes vista, além, é claro, da fama de ser um dos maiores moedores de carne das HQs. Moral esta construída lenta e criteriosamente, sem a superexposição atual que o vitimou - e também a outros bons personagens, como Wolverine e Fanático.
E já segurou rojões. Rojões do tipo que poucos heróis, supers ou não, teriam aguentado sem enlouquecer ou se bandear para o outro lado da Força. Como, por exemplo, enterrar dois filhos - sendo um deles ceifado pelas próprias mãos, num ato de compaixão e sacrifício extremos.
Esse aspecto "doa a quem doer" sempre foi uma constante na trajetória do velho Slade. Outro bom exemplo está na revista Super Powers n° 9 (maio de 1988), no segmento "Os dois lados do ódio!". O roteirista e co-criador Marv Wolfman mostra que não faz concessões com ele mesmo em histórias menores. Na trama, Mutano está à caça do Exterminador, a quem considera responsável pela morte de sua "namorada" Dana Markov, a ex-titã Terra.
Wolfman, além de pontuar a caçada com uma catártica virada de mesa, também resolveu explicitar em alto e bom som uma suspeita que ficou no ar durante a saga O Contrato de Judas.
E ela só tinha dezesseis...
Isso hoje? Nem pensar.
3 comentários:
Na travessia dos velhos para os novos 52, a verdade é que ninguém regressou incólume. Slade foi apenas um entre muitos dos personagens da DC que o "plus" significou um verdadeiro desserviço ao background antes estabelecido.
Aliás, pobre Marv, praticamente toda sua obra foi vilipendiada sob o argumento de transformar os Titãs numa espécie de Gen¹³ requentado. Antes tivessem seguido a linha da animação de 'Justiça Jovem' - aí até que passava -, mas o que anda se propondo, não dou uma década para ser revisto...
Esse arco do 'Ardil de Jericó' é um dos meus favoritos e essa sequência* do Joseph sendo trespassado, seguramente estará entre as "imagens finais" antes do meu último suspiro.
Ouso dizer que a fase ligeiramente depois, 'Caos Total', foi o canto do cisne para os Novos Titãs clássicos. Depois dali só foi ladeira abaixo.
Abração.
(*) O lápis do Sr. Grummett estava afiadíssimo.
Realmente, até "Caos Total" (que revisitei há pouco) o nível se mantinha, ainda que a ausência do Pérez fosse muito sentida.
Depois disso, a equipe nunca mais foi tão evocativa e atraente quanto na época do Marv. Mas sou menos radical: não acompanhei fielmente, mas notava um certo espírito que os livrava do ostracismo total. Tiveram alguns bons momentos. Mas antes da chegada dos Novos 52, claro.
Espero que a Panini um dia cumpra sua promessa sazonal de continuar a fase clássica do ponto onde estacionou. Logo quando a coisa ia pegar fogo mesmo...
Só a título de conhecimento:
http://youtu.be/PVDqpsXAgLI
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