domingo, 28 de julho de 2019

Em Chamas!, finalmente


Foi com dor no coração que passei a coleção Príncipe Valente da Planeta DeAgostini. 82 volumes (com Hal Foster nos 30 primeiros) é para fortes. Mas lembro que não iria perder a defunta coleção A Espada Selvagem de Conan, da Salvat, por nada nesse mundo. O Conan de Roy Thomas, John Buscema e aquele séquito de gênios filipinos do traço é para mim imprescindível (sorry, Príncipe). Da mesma forma é com o Homem-Aranha de Stan Lee, Steve Ditko, Jack Kirby e, depois, John Romita Sr., Romita Jr., Ross Andru, Roger Stern e um imenso etc que começa lá em agosto de 1962 e vai até meados da década de 1990.

Esse período todo do Aranha é discoteca básica. Um dia estarei me deliciando com esse material enquanto singro a 3ª idade em meu sítio (ou caverna) bem afastado da descivilização.

O lançamento de O Espetacular Homem-Aranha: Edição Definitiva - Volume 1 teve uma das piores repercussões do mercado. Na tentativa de alcançar a geração fã de um compiladão omnibus e de seduzir os viúvos da descontinuada linha Biblioteca Histórica Marvel, a editora Panini acabou desagradando os dois. Os motivos todo mundo sabe: erros de revisão e impressão num material luxuoso, caro e de importância histórica indiscutível (você não discutiria com alguém que questiona esse fato, espero). Depois daquilo foi difícil manter a chama acesa.

Com a Panini ainda se recuperando do imenso tombo do ano passado e sendo necessária a intervenção de ninguém menos que Neil Gaiman para um recall de um TPzinho de 240 páginas, meus planos para o essencial do Aranha se voltavam para o Aranha dos Essential, no câmbio do Tio Trump. Até que o livrão da Panini saiu do catálogo da Amazon e só retornou semanas depois, com um insólito "Versão Corrigida" no título. Impagável, mas serviu para voltar a sonhar. E se arriscar.

Ao longo dos meses, vi dezenas de fotos com os erros da edição, mas nenhuma atestando as correções. Aproveitei então para fazer uma comparação erro/correção das duas edições usando caps do vídeo do canal HQzasso (não seria "HQzaço"?). Estava sem um marcador à mão, então tive que improvisar um na hora. É só ignorar, por obséquio.



E o carro-chefe:


Em que pese a boa impressão de ver uma empresa fazendo a coisa certa (mesmo sob uma pressão absurda) é preciso dizer que a simples diagramação do "Em Chamas!" ficou pavorosa. Não sei como era na BHM - Homem-Aranha Vol. 2, onde a história também foi publicada, mas o alinhamento está ruim, o preenchimento do balão irregular e até a fonte escolhida foi mal aí. Putz. Melhor era ter feito à mão, como no original e mantido na digitalização da Marvel. Mas aí acho que era pedir muito...

Colecionar gibis depois de véio, com o mercado e a economia nesse atual pega-pra-capar, é para malucos mesmo. Antigamente... e me refiro há uns 10 anos apenas... era só marcar uns títulos, jogar lá no mylibrary - ainda ecziste! - e ir enfileirando calmamente as leituras à medida que os pacotes chegassem. Amigável para a agenda, para a saúde mental e para o bolso. Mas hoje, cada "departamento de aquisições" é caso de CPI. Difícil saber em qual bonde embarcar, quando sair e qual arriscar.

Tomara que a coleção recupere a moral embaçada, siga em frente e não seja mais uma a ir pra conta dos planos adiados.

3 comentários:

Luwig Sá disse...

Ultimamente venho praticando a tal da razoabilidade: "eu quero ter vs. eu quero ter". Se os dois convergem, o meu cartão já está na maquineta, em conjunção carnal.

Mas quando o quero ter nunca vai se converter em quero (re)ler, aí o meu cérebro entra no modo DR. Esse volumão do Aranha não me convence. Já folheei a edição e o fato de ser caríssima, não ter extras realmente atrativos - o que deveria ser a regra nesse tipo de material luxuoso/histórico - colaboram p/ eu manter edições análogas que, muito provavelmente, não serão relidas.

Não me entenda mal, gosto demais desse Aranha do Lee/Ditko e os subsequentes, mas hoje em dia faz mais sentido p/ mim revisitar o personagem em minisséries como essa do Chip Zdarsky, a Life Story, por exemplo.

Aliás, essa aí é a sua cara.

Abraço.

Luwig Sá disse...

* Quero ter vs. Quero (re)ler

doggma disse...

Com certeza, é! Acompanho o Grand Design Aracnídeo (embora o próprio autor decline da comparação - https://twitter.com/zdarsky/status/1108740890917523456) e quero isso editado aqui pra anteontem.

Também emprego o fator "eu quero reler" na "Conjectura do Carrinho" com uma leve variação: "vou querer reler às vezes?". No caso do Aranha 1962-199X, a resposta foi fácil: sim. Como já faço desde sempre em maratonas sazonais, com edições específicas e, principalmente, para consultas. Então, minha percepção da cronologia clássica do Teioso é um pouco diferente. Pra mim, nada como ter acesso a ela num mero esticar de braço.

Outra coisa: apesar das idiossincrasias e anacronismos do Tio Stan, o Homem-Aranha e o Quarteto Fantástico foram os dois títulos que ele melhor escreveu na vida. É Marvel na mais pura acepção da palavra. E isso, meu amigo, é um Chamado da Selva.

A ausência de bons extras é uma pena, mas não foi um fator muda-jogo. E já era esperado, conhecendo o m.o. preguiçoso da Panini. Acontece o mesmo com as Essentials lá fora. Talvez pela ideia de que o foco do consumidor-alvo é o material em si. Ou talvez pelo universo de livros, especiais e docs sobre o tema à disposição - e que configuram até um filão colecionista à parte do quadrinho propriamente dito.

Mas como eu comentei... é sempre uma CPI para resolver esse problema.

Abrax!