segunda-feira, 18 de julho de 2022

It's the end of the world as we know it...


The Lazarus Project pode ser descrita como uma mistura de 24 Horas com Feitiço do Tempo. Da série do Jack Bauer, herdou a agência secreta — na maior parte, uma unidade de contraterrorismo — e do clássico com Bill Murray, o loop temporal que permite remodelar o destino ao seu bel prazer. A série da Sky foi criada e roteirizada por Joe Barton e traz aquele tipo bem particular de ficção científica que transparece quase nada de ficção científica. Mais ou menos como na boa série Continuum, que também lidava com viagens no tempo.

Na trama, o jovem especialista em TI George (o premiado Paapa Essiedu, de Men) tem uma vida perfeita e um futuro ainda mais promissor ao lado da esposa Sarah (Charly Clive). Numa bela manhã, ele acorda no mesmo dia de alguns meses antes. Ele acha esquisito... mas a vida que segue. Após alguns meses, ele acorda mais uma vez naquela mesma manhã. E de novo. E de novo, de novo... O que era esquisito vira desesperador. Um dia, uma mulher de nome Archie (Anjli Mohindra) aparece e explica que o loop temporal que ele está vivenciando é obra de uma central de inteligência secreta — o Projeto Lazarus homônimo. O loop é acionado sempre que a humanidade se encontra em uma rota inevitável de extinção. A ideia é reiniciar o tempo e tentar impedir a catástrofe da vez. E George é uma das raras pessoas no mundo a desenvolver naturalmente a habilidade de manter suas memórias anteriores, desta forma percebendo o loop.

O que, em termos profissionais, significa admissão imediata. Querendo ou não.

A série tem um manual de regras muito bem explorado pelo roteiro. Por motivos de força maior, o loop é programado para um dia específico no ano, o chamado "checkpoint" — e só pode acontecer naquele dia, o que joga a tal da conveniência pela descarga e rende situações insólitas nos momentos das "viradas". Após o 1º aniversário do loop, é ponto sem retorno. Um novo loop é estabelecido e o que aconteceu naquele período, por pior que seja, não dá mais para ser desfeito. A única prioridade é a salvação da humanidade.

Outra boa sacada é que as variáveis estão sempre em movimento: nem tudo é igual após um loop e o Efeito Borboleta bate as asas com força nas vidas pessoais dos personagens. E o estrago, pode acreditar, é impressionante.

O ritmo narrativo é alucinante e, ao mesmo tempo, repleto de infos. Tudo muito bem montado e cadenciado, o que dá a sensação de ter visto num episódio bem mais do que os 40 minutos em média pareciam comportar. E os ganchos finais são impiedosos com o espectador.

Quem é cobra criada de thrillers de espionagem vai se estranhar com alguns detalhes, como o staff incerto e a segurança interna do Projeto — e uma conversa ao pé do ouvido sobre a proficiência e o caráter do protagonista se faz absolutamente necessária assim que possível. Mas nada que comprometa a entrega espetacular. Ainda mais com aquele season finale de arrombar as porteiras das possibilidades...


A 1ª temporada de The Lazarus Project fechou com oito episódios. Até aqui, não há notícias sobre uma 2ª temporada, mas o criador Joe Barton já está cheio de ideias.

5 comentários:

Bernardo disse...

Valeu a indicação, essa passou totalmente fora do meu radar. Falou em time travel, tô dentro.

doggma disse...

Pode ir que vale a pena. São oito eps que passam voando em dobra.

Blog do Paza disse...

Olha, eu tive disponível todo o projeto e não me instigou com a premissa. lembro aquele outro que o cara entrava na esfera e voltava sete dias no passado e pensei.. naaaaahh..... lendo até me animei.

Fui rebuscar o acesso ao projeto e pretendo re-analisar, após sua sugestão, nesta semana! rs

Valeu!

doggma disse...

Seven Days, não é? A premissa é similar mesmo, Paza. A diferença é que Lazarus cria uma narrativa bem mais complexa e intrigante. A temporada não é 100% (nem 95%) perfeita, mas certamente vale um fds de maratona com pipoca.

Abração.

Blog do Paza disse...

Valeu!!!!