segunda-feira, 19 de julho de 2004

A GUERRA DAS MÁSCARAS


Faltou sangue. Devo ter adquirido uma certa imunidade à cenas de ultraviolência e carnificina em geral, após todos esses anos de cultura pop. Não é qualquer esguicho de sangue coagulado ou tripa dependurada que me satisfaz (putz, falando desse jeito parece até que eu sou um psicopata sanguinolento). Ainda mais em se tratando de um chá das seis com Jason Voorhees e Leatherface, dois chacineiros de mão cheia. Eu esperava, no mínimo, uma cachoeira de bile e carne putrefacta.


A coisa não funciona totalmente a contento (ao meu contento). Não sei se é por causa do traço limpo de Jeff Butler (contraste flagrante com as capas hardcore do ótimo Simon Bisley), das tintas ensolaradas de Steve Montano, ou da abordagem (o Dicró acabou com o prazer de se escrever "approach") "família-monstro" do roteiro de Nancy Collins. Pode ser culpa da minha mente doentia também, sempre querendo mais e mais caos e destruição. Mas aposto que tudo seria diferente se o grande Kevin O'Neill (Marshal Law, Era Metalzóica, A Liga Extraordinária, etc) estivesse envolvido. Carnificina pesada é com ele mesmo.


O mais engraçado é que está tudo lá: o circo de horrores da família canibal mais famosa do Texas, o rolo-compressor genocida do capiau de Crystal Lake, esqüartejamentos, vivisecções, antropofagia mórbida, demência e... fraternidade! Esse é o ponto alto da série, e talvez, seu objetivo principal (qualquer hora eu ligo pra roteirista pra confirmar). O órfão Jason encontra um lar quase ideal no casarão dos infernos da família Sawyer. É claro que saem algumas ótimas tiradas dali (também, em 3 edições...!).

Ao final, fica a impressão de uma bela diversão, mas não em sua totalidade (é como andar na montanha-russa só uma vez porque a grana acabou).

Scans by: sei lá, peguei no DC++
Tradução: G'Kar (é oficial? ficou ótimo!)

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EU ERA UM REBELDE PORQUE O MUNDO QUIS ASSIM


Cena heavy metal, década de 80. Slayer era o satânico, Metallica era o líder populista e Megadeth era o delinqüente juvenil. Por algum motivo que me foge à memória agora, a banda do Dave Mustaine era considerada a trilha sonora da rebeldia colegial, o píncaro da anarquia adolescente. Talvez seja pela absoluta falta de freio na vida loca do grupo (quartos de hotel dizimados, bacanais dantescos no backstage e drogas à rodo mermão!), ou talvez seja mesmo pela voz de moleque de 14 anos do Dave - que, sinceramente, às vezes soava mais assustadora que o Tom Araya cantando Hell Awaits.

Daí chegamos (ufa) ao universo de Evil Ernie, que é quase uma versão HQ do adolescente espinhento que ouvia o Mega naquela época - acrescido de superpoderes, claro. A motivação é uma vida marcada por abusos dos pais super-heróis e o objetivo é uma vingança desenfreada e sangrenta contra essa raça que usa cueca por cima da calça.


O tom de Evil Ernie é de total anarquia, estilo Lobo pós-Crise, embora sem a mesma eficiência. A narrativa é ultra-veloz, às vezes à beira do ininteligível, e isso se reflete nos desenhos também. Fica mesmo bem confuso em determinadas passagens, dando a impressão que os criadores estavam sendo sodomizados na hora em que trabalhavam.

Os desenhos de Justiniano são bem gráficos (=escatológicos), mas nada que se compare a um Doug Mahnke. Já o roteiro de Brian Pulido (criador do personagem) é um mix de inconseqüente-urgente-adolescente (só pra não perder o gancho), e nos faz pensar que idade ele teria. Não que isso seja uma característica ruim, afinal, espontaneidade anda em falta no mercado. Nota-se que ele leu bastante Ennis, Giffen, Mills e outras ferinhas da HQ virulenta. Ainda tem de aprender bastante (versões de heróis pré-existentes já foram exploradas Nx antes e muito melhor, como em Marshal Law), mas está no caminho certo (ele teve a manha de enfiar a gostosona da Lady Death na história). Daqui a alguns anos dá até pra ele encarar uma mini-série do Lobo.

Pra ler ao som de Killing Is My Business... And Business Is Good!, do Megadeth. A letra é a cara dessa HQ.

Scans by: Alguma boa alma fanboy norte-americana.

Traduzido por: Raziel (putz, esse cara tá em todas...!)
Letras por: Metric

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Lembrando que essas revistas foram devidamente "vitrinizadas" pelos coiotes do Newscans. A próxima cerveja que eu tomar, vou dedicar à essa rapaziada.

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