JLA Classified é um título recente da Liga da Justiça. Nas três primeiras edições não vi muita diferença do approach que é habitualmente dado à equipe, mesmo com um roteiro leve e descompromissado de Grant Morrison e com o traço maneirão do Ed McGuinness. É aquele negócio: muita ação, corre-corre interdimensional, pancadaria envolvendo monstros gigantes e uma trama muito bem amarrada. Prato cheio quem gosta de uma boa aventura pop super-heroística.
Eu, por outro lado, gostaria que o Gorilla Grodd fosse morto em alguma dessas sagas homicidas da DC. Cansei desse negócio de macaco inteligente.
Mas eis que chega a edição #4 e JLA Classified vai pra galera. Keith Giffen, J.M. DeMatteis e Kevin Maguire estão de volta, malandros como sempre e apostando nos detalhes mais sacanas que fizeram o sucesso de Já Fomos a Liga da Justiça. Virou fórmula, mas mesmo assim continua genial. Todos aqueles personagens do 32º escalão da DC - as "baixas aceitáveis" da editora - em situações e diálogos constrangedores e cheios de duplo sentido. Mas, acima de tudo, retorna aquela fina flor da canastrice heróica: o empresário salafrário Maxwell Lord, seu personal sar"caustic" L-Ron, a dupla nonsense Besouro Azul & Gladiador Dourado, o Homem-Elástico-e-tapado, a brasileira boazuda e desbocada Fogo e a silly girl serelepe Mary Marvel.
Quem já leu a série antiga e as minis especiais já sabe o que esperar e o que não esperar desse balaio de gatos. Se a ação vinha diminuindo gradativamente em favor das gags bem-humoradas, aqui praticamente não há quebra-quebra. JLA Classified é quase um sitcom de super-herói. Isso é realmente ruim num certo ponto, mas por outro é uma festa para aqueles que gostam de diálogos afiados e pingando de cinismo (eu! eu!). E já pintaram seqüências antológicas, como a Fogo apresentando Mary ao cafezinho expresso e deixando a menina ligadona, Besouro zoando o casamento arranjado do Gladiador, a insistência do Homem-Elástico em espalhar que sua esposa Sue Dibny está grávida, sendo que ela não está... opa, peraí. Sue Dibny?! Pára tudo...
Lembra das "sagas homicidas" que eu comentei logo acima? Então... uma delas responde pelo nome de Identity Crisis e foi a maior pedra no sapato de Giffen e deMatteis na continuidade dessa Liga outsider. Eles acharam que assassinando personagens secundários e manchando o passado de alguns heróis renderia um roteiro "chocante". Talento passou longe por ali, e Sue Dibny foi a mais prejudicada nessa história. Praticamente desconhecida na cronologia principal, ela (e outros tantos) foi brilhantemente reformulada por Giffen/deMatteis, ganhando mais personalidade e carisma que muito herói famoso por aí. Aí veio Identity Crisis e fez a merda que fez. Sue Dibny encarou uma via crucis que começou num estupro imbecil e terminou numa morte idiota. Restou à dupla de roteiristas tomar a melhor atitude possível: ignorar esse fato. E eu aplaudo em pé.
Quanto à Identity Crisis, fico com a mesma opinião de Michael Deeley, do Silver Bullet:
Em tempo... ao que parece a DC pegou a Liga de Giffen e deMatteis pra Cristo. Dizem que a próxima vítima será o Besouro Azul. E o local do crime será Countdown, a reformulação nº ∞ do Universo DC. Quanto mais eu rezo...
Mas voltando...
...um dos maiores achados de Já Fomos a Liga da Justiça foi a troca de Marvels na equipe. Sai o Capitão, entra a inocente Mary, com o mesmo ar de escoteira dos anos 40. Muitos podem reclamar da postura altamente "pollyana" dela (improvável nos dias safados de hoje), mas é justamente esse contraste que é bacana. É como se atirassem um coelhinho num mar de tubarões famintos. Isso rendeu muito antes e continua rendendo. Principalmente agora que ela divide a cena com outro resgatado... mr. Guy Gardner himself.
Essa cheiradinha no dedo foi foda. Mas teve troco. Depois que se recuperou, a doce Mary deu uns tabefes no "malfeitor". E acho que ela fará ainda pior nos próximos capítulos, como aparenta nesse preview da capa da edição #8.
Embora pareça uma versão playmate do Black Adam... gostei do visual. Será que ela tomou uma overdose de cafezinho expresso? :D
Ah, e cabe aí uma homenagem ao Kevin Maguire. Ele ainda é o rei das expressões faciais. Poucos conseguem transmitir tanto com traços tão simples. E a arte-final do ótimo Joe Rubenstein só aumenta ainda mais a sensação de realismo, dimensão e profundidade física dos personagens. Ver o trabalho dos dois é um colírio para os meus olhos, cansados de tantas expressões sisudas e "machonas".
dogg... esperando pra ver a merda que vai dar hoje lá no Maraca.
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