segunda-feira, 14 de novembro de 2005

DUCK MUSTAINE


Sábado retrasado (5/11) o canal pago Boomerang exibiu um episódio bem atípico do desenho Duck Dodgers (um Patolino from the future), chamado "In Space No One Can Hear You Rock/Ridealong Calamity". O convidado especial da vez foi ninguém menos que Dave Mustaine, o Megadeth-man em pessoa.

No desenho, os marcianos estão tentando escravizar os terráqueos com a execução massiva de easy-listening. Pra quem não sabe do que se trata, tenha em mente: saxofones, teclados, pianos, música de elevador, Ray Coniff, Baden Powell, Kenny G, Richard Clayderman... sentiu o drama? Pois bem, Patolino/Duck Dodgers resolve tirar a humanidade dessa fria e resgata Mustaine de seu estado criogênico pra executar os acordes de Holy Wars, Tornado Of Souls e outros hinos do thrash metal. O problema é que, sem querer, ele apaga a memória do cara durante o processo. Mustaine precisa reaprender a tocar e o Pato mostra pra ele uns discos velhuscos do Megadeth, tenta reensiná-lo a bangear, fazer stage-diving, mosh, etc, sem nenhum resultado. Patolino então monta o grupo Megaduck, que, por sinal, tem um logotipo igualzinho ao do Megadeth. Saca só um trechinho do desenho.

Fica aí a dica para a caça ao Pato... ou melhor, ao episódio. E, como não poderia deixar de ser, o desenho também é mais um elemento na guerra fria entre o Megadeth e o Metallica. Quem assistiu ao filme Some Kind of Monster teve a impressão de que Mustaine virou um mendigo após sua expulsão do grupo de Lars Ulrich. Com quinze milhões de discos vendidos, hype total de seu último álbum, The System Has Failed (e num momento de baixa comercial no heavy), e aparições freqüentes na grande mídia, acho que mr. Mustaine vai muito bem, obrigado. Correndo por fora, o 'Metllica' gravou, em setembro, a comentada participação no desenho dos Simpsons. Peace sells... but who's buying? :)



METAL É LINDO


Na próxima quinta-feira (17/11) haverá um bom... não, ótimo... não, excelente motivo pra assistir ao Programa do Jô (até para os que adorariam bater no rotundo apresentador). O grupo holandês Epica será o convidado especial do programa, e deverá executar duas músicas em versões acústicas. Pra quem não conhece, a banda pratica aquele heavy melódico, técnico e, hã... "épico", que fez a fama de bandas como Nightwish e Lacuna Coil. É bem-feitinho, bem tocado e tudo mais, embora não seja muito a minha praia. Mas o motivo real de existirem estas linhas, de assistí-los no Jô (e até de existir a banda...) é a vocalista, frontwoman e deusa Simone Simons. Minha nossa... desde que o Epica começou a se destacar, há uns dois anos atrás, que o heavy metal ficou mais bonito. Com uma presença constante nos principais festivais de rock da Europa (Graspop, Dynamo Open Air, Wacken, etc), a banda vem conquistando uma carreirada de admiradores, 99% destes atraídos pelo canto da sereia Simons.

Ah, sim... ela canta muito bem. É mezzo soprano formada. Tecnicamente superior à Amy Lee, sem a frieza excessiva da Tarja Turunen e mais linda que as duas juntas. E ainda traz no nome uma aliteração de fazer inveja à Lois Lane e Marisa Monte. Prevejo bons ventos para o Epica, visto que Tarja está fora de combate (chutada - quase literalmente - do Nightwish), e o pessoal do Evanescense ainda está curtindo a ressaca do primeiro disco.

Galeriazinha de leve. A moça merece.



PRA OUVIR EM ALGUMA ENCRUZILHADA DO MISSISSIPI


Se um dia você resolver vender a alma numa encruzilhada pra se tornar uma fera no violão, vá ouvindo no caminho a trilha sonora de E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? (O Brother, Where Art Thou?, 2000). Evitará qualquer arrependimento ou hesitação, e o chifrudo enxofrento ainda lhe agradecerá por mais um bom negócio. Do filmaço dos Coen saiu uma das trilhas mais legais dos últimos anos. É irresistível. Eles dão uma verdadeira garimpada na música popular americana da primeira metade do século 20. Folk, blue-grass, country, blues, soul, gospel e cajun se misturam com a mesma reverência de uma procissão interiorana. Convivem no mesmo ambiente um canto chamado-e-reposta com batida minimalista (Po Lazarus, de James Carter & The Prisioners, logo no início), um hit matusalém (You Are My Sunshine, de Norman Blake), um spiritual à capela (O Death, de Ralph Stanley), um doo-woop negão (Lonesome Valley, do Fairfield Four), uma relíquia raríssima (Big Rock Candy Mountain, de Harry McClintock), o resultado daquele rolo com o coisa-ruim (Hard Time Killing Floor Blues, de Chris Thomas King), e por aí vai. Mas não dá pra deixar de mencionar dois pontos...

1) O sensacional trabalho de Alisson Krauss (estrela do country americano) em Down To The River To Pray e na "melô das sereias" Didn't Leave Nobody But The Baby (nesta, acompanhada de Emmylou Harris e Gillian Welch). Excepcional;

2) A "aderente" Man Of Constant Sorrow, do Soggy Bottom Boys (Fivo, não sei se te agradeço ou te amaldiçôo...). É difícil acreditar que isso veio dos gogós de George Clooney, John Turturro e Tim Blake.

Veja o filme, ouça o disco e leia o conto Old Man, de William Faulkner, que serviu de inspiração para os irmãos Coen. Se conseguir o conto, me manda que eu quero.

Stubbs The Zombie periga ser o jogo mais legal do século (tá, ainda tem mais um chãozinho pela frente). A história se passa em 1933 e começa com Stubbs, um caixeiro viajante, tentando sobreviver à Grande Depressão. Com uma vida repleta de fracassos, e um loser quase profissional, Stubbs é brutalmente assassinado por um desconhecido e enterrado como indigente em um campo da Pennsylvania. Corta pra 1959... um industrial bilionário chamado Andrew Monday constrói uma cidade futurista bem em cima do campo onde Stubbs apodrece anonimamente. Aí, o nosso anti-herói levanta de sua sepultura sem saber como e porque retornou, ou quem foi seu algoz. O novo Stubbs só tem uma certeza: cérebros irão rolar...

A trilha desse combo splatter/gore nonsense é uma surpresa. Composto de covers de hits dos anos 50 (sejam canções rock, jazz ou pop da época), a seleção mantém um clima sempre irônico, que já dá pra antever só de conferir o cast, basicamente de bandas alternativas. Lollipop, de Ben Kweller, é a típica pop song dos charts cinqüentistas. If I Only Had A Brain, com o Flaming Lips, é uma vinheta radiofônica de dois minutos, pingando de tanto cinismo. Lonesome Town, com Milton Mapes, é uma balada rock à Ritchie Valens. The Living Dead, do Phantom Planet, já carrega bastante nas guitarras, e My Boyfriend's Back, com The Raveonettes, é aquele bubblegum grudento que parece coisa da Olivia Newton-John dos tempos de Grease.

Mas os vencedores são o badalado Death Cab For Cutie, com a 'xonadinha Earth Angel, e o mais-badalado-ainda Cake, com o clássico Strangers In The Night, do old blue eyes Frank Sinatra.

Agradecimentos ao Lobo Schmidt por me informar sobre a existência do Stubbs. :P


Acabei reparando que o Type O Negative aí ao lado não tem nada a ver com doom ou stoner. Eles são gothic. A culpa é do Black Sabbath, que influenciou três estilos distintos do rock. Agora a gente fica aí, confundindo tudo. :)

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