terça-feira, 23 de maio de 2006

VIVE LA EXTREMIS REVOLUCIÓN!!


Dias atrás escrevi sobre as mudanças que ocorreram com o Homem Aranha e como acho que tudo aquilo é necessário. Não sou muito bom com títulos, então, dado o assunto, "Vive la revolución" pareceu apropriado. Até tem casos em que podemos planejar que os títulos de diferentes publicações sejam ligados, mas agora foi realmente coisa da vida e insisti na mesma falta de criatividade do título anterior, já que o revolucionado da vez é o Homem de Ferro.

Nunca fui fã do personagem. Na minha visão, ele sempre padeceu do mesmo mal que ataca a atratividade de personagens como Superman e Capitão América, por exemplo. Ou poderosos demais, ou auto-suficientes demais, ou com suporte demais, ou sem problemas demais, ou todas as opções mencionadas juntas. Demais. Claro... Superman é a personificação em celulose destas características, mas mesmo na Marvel, marcada por personagens mais humanos, ainda assim este tipo de coisa acontece. Capitão América pode não ter o poder de um Superman, mas é tão babado que nada o atinge, como se uma aura de confiança o protegesse. Não à toa sua contraparte ultimate - defeituosa até a alma - é bem mais interessante. E Tony Stark não é diferente. É um homem comum e alcoólatra, mas podre de rico e resolve tudo com uma facilidade que impressiona. Cria-se um paradoxo: é um homem comum tão meta-humano que não sei de quem este cara não vence. Tipo o Batman que, ao menos, tem a aura sombria que o torna mais atraente.


No mundo das histórias em quadrinhos tem coisas que há que se aceitar para que a diversão tenha sentido. Entretanto, como tudo, mesmo dentro de seus absurdos existem regras coerentes entre si. A mecânica especial das HQ´s. Não nego que já me peguei várias vezes pensando em como os poderes destes personagens funcionariam e, nesta viagem, um que para mim sempre se mostrou meio apelativo era o Homem de Ferro. O nível de tecnologia de sua armadura, o fato de não haver algo sequer próximo de seu potencial, partindo do princípio que Tony Stark, humano, faz tudo sozinho tornava tudo muito fora daquilo que eu julgava ser coerente dentro da incoerência. A armadura só teria sentido se Stark não fosse humano, mas ao menos mutante - tipo um Forge, por exemplo. Quando surgiu a versão ultimate, pensei: "Opa! Até que enfim uma visão do Homem de Ferro verossímil! Só poderia ser assim mesmo." Lembro que o Doggma chegou a discordar de mim, disse que, para ele, Stark era um fora de série e, se considerasse a versão clean desenhada por Adi Granov, seria mais condizente com o que ele imaginava possível.

E, para variar, o chefe estava certo. Sexta-feira comprei O Invencível Homem de Ferro - Extremis, e fiquei de queixo caído. A sinopse é idiota e até repetitiva dentro do próprio mundo de estórias do personagem: uma arma biológica é roubada de um laboratório onde trabalha uma amiga/ex-peguete de Stark e esta o chama para ajudar a resolver o problema. Simples, direto e certeiro. É uma premissa de roteiro tão batida e óbvia, com pontos chave tão bem definidos, que fica na cara que deve ter um algo mais para terem se dado ao luxo de trazer esta pompa toda ao arco. E que pompa! A equipe criativa é uma destas duplas que você deseja que nunca se desfaçam. Assim como Bendis/Maleev, Millar/Hitch, Lucy Pinder/Michelle Marsh e outros, Warren Elis e Adi Granov combinaram com o Homem de Ferro como se o personagem tivesse sido feito para eles. Ou por eles. Mas já que não foi, então eles o refizeram. Inexorabilidade da "natureza" é uma maravilha!

Como já cansamos de ver, o tempo de background do personagem pesou e tiveram que atualizar o passado de um cara por volta de seus trinta e poucos anos em 2005. A forma como o estilhaço veio parar no seu coração foi um pouco alterada, assim como o contexto em que se encontrou com Yinsen - o cientista japonês que o ajudou a fazer a primeira armadura. As conseqüências de suas invenções e a inequívoca condição de crescimento tecnológico americano intimamente vinculado ao suporte militar foram mais densamente definidas. Algumas outras questões morais, que até já foram inseridas em outros tempos, ganharam roupa nova pela imaginação de Ellis. Não sei se esta nova origem vai colar - fizeram isto com Homem Aranha e Superman, por exemplo, e não colou - mas não há como negar o talento de Warren Ellis ao pegar um roteiro batido e transformá-lo em algo eficiente. É, novamente, o "como" sobrepujando o "o quê". Costumo pensar que uma história em quadrinhos pode ser boa se não tiver desenhos bons, contanto que roteiro e diálogos compensem, sendo que não há estória boa se o desenho for bom, mas com roteiros fracos. Ellis abusa! Seus diálogos são afiadíssimos e, mesmo que o roteiro por vezes dê uma soluçada e nos apresente eventos que sabidamente não ocorreriam daquela forma se o objetivo não fosse redefinir o personagem.

A dupla criativa de Extremis nos presenteia com um conjunto perfeito, onde ótimos diálogos e roteiro recebem a companhia da impressionante e limpa arte de Adi Granov. O cara é um absurdo. No Myspace dele percebe-se que sempre foi tarado por robôs e afins, o que é algo perfeito para quem começou seu papel na Marvel com um personagem essencialmente máquina. Ao acabar de ler cada página, nos pegamos mais cinco minutos admirando seu desenho, sua anatomia simples, seus cenários, os detalhes técnicos da visão do Homem de Ferro que o fazem verossímil como Doggma havia falado, as fisionomias, poses etc. Curioso, pois é um perfil austero de imprimir seu estilo, mas esta austeridade não abre mão de dinamismo em momento nenhum. É possível sentir o movimento, inevitável imaginar os personagens se movendo nos momentos antes da cena desenhada e imediatamente após, até juntar-se com o próximo quadrinho. Tudo é de um esmero que justifica os atrasos nas datas de publicação da revista. A primeira - de seis - saiu em janeiro de 2005. A última saiu em março de 2006. Se me permito fazer alguma objeção é quanto à sua representação das pessoas. Se por um lado a anatomia é perfeita, por outro esta mesma perfeição as deixa "plastificadas", como que embalsamadas (tipo boneca de sex-shop, mesmo que eu nunca tenha visto uma ao vivo, er... bem.. colou?), mas aí a gente chama de estilo e fica tudo certo.


De qualquer forma, mesmo que a armadura, sob os detalhes de Granov e argumento de Ellis, tenha ficado verossímil, isto e a revisão da origem do personagem ainda assim seria um desperdício de talento e/ou oportunidade. Algo mais precisava ser feito. Algo mais precisava criar um sentido de mudança definitiva, de forma que esta série não ficasse no esquecimento no futuro, então os meus desejos são atendidos. Não basta mudar o Homem de Ferro. Há que se mudar Anthony Garot... ops... Stark. Deixamos de ter um "mero humano superpoderoso" e passamos a ter de fato o Homem de Ferro na mais perfeita acepção da palavra. Revelar mais é tirar a graça, então paro por aqui. E digo: não resisti e baixei as últimas quatro edições (dãã... alguém se surpreendeu?), mas vou comprar as próximas duas que a Panini lançar. Vale o dinheiro gasto. Pena que não tenham decidido lançar tudo de uma vez só. Um encadernado de 150 páginas. Ficaria muito mais bonito na estante.

"I am the Iron Man inside out!"
______________________Tony Stark
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