quarta-feira, 11 de março de 2009

DR. MANHATTAN

Ou como aprendi a parar de me preocupar e amar a adaptação


A abertura com o velho Zimmerman trilhando ao fundo já se promovia como a homenagem definitiva. Estava ali o coração de alguém que entendeu a obra e soube compilar cinematograficamente seu caótico cenário inicial. O resultado é tão bom que suplanta até sua pretensão. Uma introdução perfeita para a própria graphic novel, ideal para os sortudos de primeira viagem. E foi ali que a ficha caiu: simplesmente não dava para assimilar esse filme como outro qualquer. Essa possibilidade acabou desde que li a série pela primeira vez. O que se passava na telona era pura abstração, um exercício lúdico e tolo de (quase) meia-idade. Na sala, o clima era de culto secreto. Quem esteve lá na estréia - e não era incauto que saiu confuso e decepcionadíssimo após quinze minutos - queria mesmo era ver aquilo que Moore tanto demonizou nos últimos anos: os quadrinhos sendo transpostos ipsis literis para a tela de cinema, mesmo sem qualquer vocação para tal. O barbudo estava coberto de razão, mas a sua inquisição chegou na década errada. Fazer o quê.

Por ser uma experiência tão segmentada, a curtição-mor seria ir acompanhado por alguém que não leu a hq. Ou melhor ainda, de alguém que nem lê hqs. E que tenha, no mínimo, trinta anos - tenho a ligeira impressão de que a geração playstation acha que a Guerra Fria foi pouco mais que ficção-científica ruim dos anos cinquenta. Mas quem respirou aquela atmosfera, mesmo na periferia das superpotências, sabe bem o que era o Reagan aparecendo na televisão ao lado da Thatcher e os sempre ameaçadores desfiles militares na Praça Vermelha. Curiosamente, Moore resistiu firme ao conceito do cowboy-canastrão-na-sala-oval (diferente de Miller), preferindo prorrogar a administração Nixon.

Esse contexto sócio-político complexo representa o maior entrave na adaptação. Traçada sob várias camadas narrativas, a obra original registrou a ansiedade do cidadão comum até as autoridades do alto escalão mediante uma situação duplamente extraordinária (viver num país de vigilantes, a cinco minutos do juízo final). Nada menos que uma minissérie padrão HBO ou alguma genialidade do porte de Decálogo, do Kieslowski, reeditaria isso com um mínimo de justiça. Mas tal limitação não é demérito exclusivo de Snyder. Isso é regra, em se tratando de Moore - V de Vingança foi um exemplo.

Condensar drasticamente um pano de fundo que coloca a trama central em segundo plano é o preço mais alto que o cineasta pagou para realizar seu sonho de celulóide. E nem as cenas extras do DVD irão resgatar isso dignamente.


Rorschach, por Jackie Earle Haley. Esse é pra guardar num cantinho escuro da alma. Indefectível. É o próprio saltando dos quadrinhos, numa caracterização tão perfeita quanto poderia. A clássica cena que conclui a sua saga particular finalmente ganhou a vida que povoava os meus sonhos de olhos abertos ("manda ver!"). Só uma ressalva para o roteiro que o tratou tão bem: na cena em que Rorschach surpreende o assassino da garotinha, a abordagem pra lá de gráfica espirra gratuidade onde o original foi apenas sugestivo e, por isso mesmo, muito mais selvagem. Fora que compunha toda a metodologia que o personagem adotaria dali pra frente. Não entendi o motivo da alteração, além da intenção óbvia de atirar alguns ossos aos fanboys. No mais, uma performance impecável numa adaptação que traduziu ao pé do quadrinho o único personagem que tentou entender a piada do Comediante.

Já conhecia o Jeffrey Dean Morgan através das séries Sobrenatural e Grey's Anatomy. Sinceramente, não teria reconhecido o link ator-personagem nem que me jogassem na cara. Foi outra escolha certeira e, pelo menos pra mim, uma grata surpresa. Morgan emula com maestria toda a dualidade anárquica do personagem em relativo pouco tempo de tela. Até aqui o Comediante continua um canalha difícil de odiar, mesmo em plena era da correção política.

E como eu já previa, tendo em vista o quão impactante era o original, a cena dele com Sally Jupiter (uma Carla Gugino elegantemente vulgar, inspirada em Betty Page) ganhou contornos ainda mais brutais. O fato do Justiceiro Encapuzado não ser mais tão rude com Sally (nada de "levanta... e pelo amor de Deus, cubra-se") foi uma liberdade que até caiu bem.

Não há muito o que comentar sobre a sexy Malin Åkerman envergando o uniforme da Espectral (smokin' hot!). Seguiu um script modesto quase sem comprometer e ainda rendeu o melhor cosplay de todos os tempos. O mesmo não posso dizer de seu parceiro em cena, Patrick Wilson, que construiu um Dan Dreiberg com humanidade e uma paixão que comoveria até um certo bruxo inglês adorador de serpentes. Pena que sua história com o primeiro Coruja não foi devidamente concluída, mas nesse ponto, o filme já começava a irritar pelos cortes inevitáveis (e mais frequentes a cada minuto).


Billy Crudup, mesmo debaixo das gambiarras de captura e embolorado de CG, fez um ótimo Doutor Manhattan. Não foi bem como eu imaginava (especialmente a voz), mas estava claramente imerso. Encarando o mundo como se observasse bactérias (ou "cupins"), ele manteve as reações dispersas e nada emotivas (excetuando na cena com o Comediante num bar vietnamita e durante sua desmoralização em rede nacional). Seu ar de distanciamento é profundo, lembrando o excelente Surfista Prateado de Doug Jones, e reforça a ideia de elevação existencial.

Novamente os cortes sabotaram o que perigava ser a sequência mais grandiosa do filme - e talvez a mais épica desse finalzinho de década. O diálogo de Manhattan com Espectral em Marte era o primeiro clímax da saga. Laurie tentando convencer o ex-Osterman com valores já superados por ele e recebendo de volta retóricas precognizando o imponderável, era um material extremamente promissor. Faria da conversa entre o Arquiteto e Neo menos que uma discussão de bêbados. Tudo isso percorrendo uma paisagem alienígena vasta, desolada e de tirar o fôlego. Mais genial ainda era a maneira como terminava, amarrando com inesperada simplicidade uma situação que parecia sem volta - com direito a um desenlace familiar por parte de Laurie (cena que aqui perde toda a sutileza da hq). Atualmente meu momento favorito da graphic, eu enxergava aí um raro potencial kubrickiano a se cumprir, sem exageros. Mas pelo pouco que chegou à telona, não vingou.

Já o Ozymandias de Matthew Goode foi prejudicado por uma série de fatores. Apesar da competente performance, o ator não tem porte físico para convencer em mais uma armadura dark (equivocada, no caso), sem falar no cabelinho yuppie. E a decisão de entregar de cara o grande titereiro da história, além de limitante para o ator, foi sintomática - fica evidente que o filme mira só nos fãs mesmo. Nem se compara à ambiguidade do personagem no original.


Quisera eu ter pesadelos como os de Dan. Plasticamente, a cena referida é maravilhosa, trazendo uma concisa metáfora sobre a condição humana, mas acima de tudo... tem a Espectral nua. Foi animador ver que a censura alta não se justificou apenas pelo despojadão Dr. Manhattan, mas também pelas tórridas cenas entre Dan e Laurie. Felizmente, Snyder não regulou no sexo, assim como não regulou no sangue - na maior parte do tempo, as lutas foram espetaculares. Comediante x Ozy foi de tremer o chão e Coruja & Espectral no beco foi puro filme B de artes marciais, com todas as lacerações e fraturas expostas inclusas no pacote. Em contrapartida, a sequência do resgate na penitenciária foi incrivelmente burocrática, agravada pelo pior resultado que uma câmera lenta pode produzir. E o embate final contra Veidt, apesar de mais incisivo que na hq, pecou pelos excessos.

A única grande alteração não é perfeita, mas funciona muito bem na tela. O maior mérito das Bombas-Manhattan foi providenciar um inimigo mundial mais crível e imediato do que uma suposta invasão de alienígenas. Afinal, era notória a extensão dos poderes do Doutor, assim como sua indiferença (desprezo?) pela humanidade - alvo fácil para uma armação. Apenas senti falta dos "cadáveres nas ruas", ao meu ver, essenciais para mensurar o holocausto empreendido por Veidt (além de tornar muito mais difícil para os heróis a aceitação daquela lógica). E a mudança na reação de Dan soou desnecessariamente histriônica. Foi o oposto da fuga que ele e Laurie se dão no final original, sob as bençãos do novo deus atômico.

Chega ao fim e bate a sensação de que um longo ciclo se fecha, não apenas do filme na telona ou dos anos de sua conturbada pré-produção. De natureza extremamente pessoal, a adaptação se revelou muito mais quadrinhos que cinema, mas obteve sucesso naquilo que realmente interessa: revigorou o clássico e a percepção do leitor em relação a ele. Ao menos o suficiente para instigar boas releituras num futuro próximo, com novíssimos pontos de vista a serem explorados.

Em Watchmen (EUA, 2009), a obra reafirma a sua independência. Quer Moore queira ou não.



A antológica sequência inicial, com pontas de Kennedy, Jagger, Bowie, Warhol, Castro... e até de Thomas e Martha Wayne.
(Grazie al uploader!)



Links de táquions:
Manifesto Snyder, por Luwig
O que faz de Watchmen um clássico das hqs? (valeu, Sandro)
Análise do caso Watchmen
(valeu, Guimba)
Desciclopédia de Watchmen!

10 comentários:

Sandro Cavallote disse...

Irretocável, Dogg. Exatamente o que penso do filme. E como dito anteriormente: "O filme é excelente, mas o DVD será sensacional..."

Nota: Muita gente reclamou do grito do Coruja no final. Agora tente imaginar qualquer outro tipo de reação dele naquela situação segundo a estrutura narrativa do filme... mais ainda, se fosse você ali, de pé, vendo um cara como o Rorschach tendo que enfrentar o que enfrentou, não gritaria?

Luis Felipe disse...

Escrevi ontem minha análise, e estou impressionado no quanto nossos pontos de vista convergem... Partilhamos até a expressão "kubrickiano" e tenho opinião bem semelhante a sua em relação a cena da transformação de Rorscharch. Sobre os demais pontos que você levantou, concordo com praticamente tudo.

Confesso que saí decepcionado do cinema, mas somente uma adpatção literal poderia me satisfazer naquele momento. Depois de um pouco de reflexão, percebi que gostara sim do filme, embora considere que snyder cometeu alguns pecados em sua transposição.

Enfim, parabéns pela grande crítica e até mais!!

Anônimo disse...

Concordo com o Sandro, dado o contexto da "amizade" reatada (esculpida entre extremos), seria deveras improvável esperar um Dan alheio, sem que esboçasse qualquer reação, tão pouco uma "tacadinha" seria palpável à ocasião.

Outro ponto que ficou um tanto sem nexo, até por conta da resolução da trama, foi a completa ausência de uma interação entre Rorschach e o New Frontiesman. Do jeito que foi, foi gratuito, para o espectador "leigo" aquele folhetim estava ali ao acaso e isso, como todos sabemos, não é lá verdade.

Sobre a ausência do "serrote e as algemas" no desfecho do relato de Walter, me parece que o Zack quis evitar comparações com o clímax de 'Mad Max' que, diga-se de passagem, é idêntico ao daquela situação no original de Watchmen. E nos monitores de Adrian, me parece que a cena antológica de Humungus e seu Magnum (em Mad Max 2), não estava ali por acaso, é como se ele (o diretor) estivesse mandando um recado: "eu sei o que fiz e estou ciente do que o George (Miller) fez".

Abração, meu chapa, e grato pela lembrança. Como sempre, resenha irretocável.

Anônimo disse...

Engraçado...vi o filem 2x, na primeira não sabia muito bem como descrever o filme, se por um lado a fidelidade visual é muito boa, o que para quem leu a HQ várias vezes é ótimo (não me canso do sentmento de ver nas telas aquilo que líamos nas hqs...) ficou um gosto amargo na boca, acho que realmente o Snyder é diretor muito de firulas visuais e imagem e privilegia pouco o roteiro, muita coisa que ficou corrida não precisava ficar, mesmo nessa duração de filme. Mas quando terminei de ver pela 2a. vez isso já havia mudado um pouco, acho que o fato de ver "o filme infilmável" nas telas, com respeito pela obra e mantendo sua base intacta já valeu a pena.
E o que dizer da cena de abertura? Cara, se alguém filmasse minha cara eu devia estar feito um idiota...mas é realmente muito foda!
E parabéns pela crítica, para variar equilibrando o fã com a razão.

Anônimo disse...

perdoem os erros de português, digitando rápido demais...

:[marz]: disse...

A sequência de abertura também me deixou embasbacado. Pensei na hora "this is gonna be fun".

Não dá pra exigir total fidelidade com a obra original (o filme teria que ter umas 3 horas a mais) e saí do cinema feliz.

Mas tenho que ver de novo. Em DVD.

Anônimo disse...

Rorschach

No filme casou bem a transição do vigilante que não mata (olha a influência do Batman, aí), para um verdadeiro punidor(punisher) mascarado. O Rorschach chorando por baixo da máscara, dizendo que pessoas são presas e animais são sacrificados, e depois mandando ver no machado, casou muito bem como o personagem estava sendo apresentado no filme. Me convenceu. No filme não explicaram o porque da máscara ter a pintura que muda de forma. Soou como mera alegoria. Acho que o Rorschach merecia mais espaço para contar sua origem. É o personagem mais interessante sem dúvida.

Dr.Manhattan

É um personagem contraditório que só. Todo mundo que ele toca, ele é capaz de enxergar o passado e o futuro da pessoa. Chegou o Kennedy, e ele deu um whatever bonito para a situação. Será que foi para proteger o Comediante? Porque alguém tão ruim desperta tanta amizade? Será o smile? Não sei. A parte que conta a origem do Dr.Manhattan é um verdadeiro e belo curta metragem. Muito embora eu ache que quebrou o ritmo do filme, acho que a aura de mistério teria caído muito bem, e quem quisesse saber a origem dele que pegasse a revista para ler, ora.

Ozymandias

O maior spoiler de todos os tempos. Zack Snyder pensou: "Todo mundo sabe", pq sabe quem leu a revista cagou para quem não leu e contava na cara dura mesmo, então o loirinho cheio de pesar vai ser um vilãozinho mesmo; E acabou que Dr.Manhattan e Ozymandias, fizeram a cena que sempre quiseram ver entre Lex Luthor e Superman, cuaj a comparação não gosto que façam, mas isso são outros 500, ou serão 300?

Coruja II

Ele no filme, é uma mistura de Clark Kent com o Batman de Adam West, ou seja, sensacional. É muito fácil se identificar com ele. Só achei que na hora que ele se zangou deveria ter pego o Arqui e mandado fogo naquela piramide escrota do Ozymandias, melhor que ficar dando soquinho que não doi no mauricinho. O cara mandou ver lá na cena com a Laurie, para Antônio Fagundes e Sônia Braga nenhuma botar defeito, consumando a melhor piada do filme.

O Comediante:


Ah, Laurie!!

A declaração de amor do Dr. Manhattan para ela foi sob medida. Quem não quer uma Laurie, com seu cabelos longos completamente nua, e se não com a roupa de Espectral. Demais. Falam que não é boa atriz e blá, blá, blá. Pergunto: Megan Fox é boa atriz? Cameron Diaz é boa atriz? Melhor quem liga prá isso? A mulher é a nova gostosa no pedaço e espero ve-la mais vezes.

O Comediante

Um bom fdp. Será que coexistiriam em um mesmo mundo o Coringa (de Heath Ledger) e o Comediante. Será que haveria ainda mundo depois disso? Uma das cenas mais bonitas que tem é quando Sally Jupiter após esfregar seus olhos por causa dos flash das fotos troca olhares com o Comediante ao som de You're my trill da Billie Hollyday. Por que esse cara gera tanta paixão. O Rorschach diz que ele é uma paródia da sociedade, eu digo que ele a paródia dos EUA, desgraçado, mas amado não se sabe pq? No fim concordo com ele, É tudo uma piada. Mamãe me perdoe.

Anônimo disse...

Cara,
li Watchmen há uns 17 anos atrás e rememorei a tristeza grande que senti quando Rorscharch é "fulminado". Sem dúvida a caracterização e interpretação do Haley é pra guardar como bem tu disseste. Resenha comovente em especial para os que leram Watchmen.

Fivo disse...

Resumiu quase tudo que eu senti no filme, inclusive a gratuidade na sena do Rorschach. Ótima resenha. Digo que o filme é irrepreensível, dentro das limitações inerentes ao veículo...

Ernesto Ribeiro disse...

O filme é uma OBRA-PRIMA REVOLUCIONÁRIA 10 vezes MELHOR QUE O QUADRINHO. Que por sua vez é outra obra-prima revolucionária.

O filme não tem os vícios do gibi: a verborragia, a encheção de linguiça, as fraquíssimas cenas de ação, o enredo mal-resolvido, as sub-tramas inúteis, a frescura antipática do Ozymandias, a ideologia nojenta esquerdista mentirosa, o anti-americanismo psicótico…

O final é a DEBILOIDICE mais CRETINA e DEMENTE já escrita nas HQs.

A mais injusta e revoltante também.

Aquele plano fudido nunca ia dar certo na vida real. O mundo só ia piorar.

E o próprio enredo é cheio de furos. Não há uma coerência lógica interna.

Quando você vê, não havia um motivo pra figura matar o Comediante.

Já escrevi sobre isso em meu artigo: “Só podia ser idéia de maconheiro mesmo…”

No filme, tudo é melhor e mais bem-feito.

Até o enredo é muito mais bem-resolvido. As cenas de ação são obras-primas em si mesmas, lutas belíssimas muito bem coreografadas; a sequência do ataque no beco é de uma plasticidade magnífica e cruel, realmente pornográfica. Desenvolve bem a explicação de que, para alguém desarmado vencer uma gangue de criminosos armados, é preciso um herói ser ainda mais canalha do que os próprios bandidos.

A beleza das imagens é inigualável. Assim como a inteligência do roteiro, sintetizando informações de forma mais fluente. E da linguagem cinematográfica, criada para comunicar as idéias e conceitos da obra apenas em imagens. Zack Snyder é o melhor diretor do mundo.

A solução final é mais coerente, usando um dos próprios personagens como veículo para o desfecho do plano.

A cena da prisão é até melhor porque o verme que tem a garganta cortada na HQ tem os braços cortados com motosserra.

E a punição do monstro que matou a menina é mais justa: em vez de plagiar a cena final do primeiro “Mad Max” (algemado com uma serra) ele é cortado em pedaços também, ao ouvir de Rorschach uma sentença original do filme: “Seres humanos são presos. ANIMAIS são abatidos!” JUSTÍSSIMO. Uma pérola de sabedoria da Justiça.

Carla Gugino é a mulher mais linda e gostosa do mundo: italiana ruiva de olhos verdes. Melhor impossível.

Sem contar a interpretação dos excelentes atores. Jeffrey Dean Morgan faz um Comediante soberbo, humano, carismático. O maior astro, claro, é James Haley como Rorschach, o grande herói da história. Um trabalho soberbo, que já entrou para a História do cinema como uma das mais brilhantes atuações já feitas. Mesmo sob a máscara, ele consegue passar toda a vida interior de um homem solitário, angustiado, filosófico e existencialista. Um justiceiro mergulhado no excesso de urbanidade, em contato com todas as piores depravações possíveis, e se agarrando á própria humanidade em face do desumano. Um indivíduo conservador e moralista, lutando para não se contaminar pelo ambiente sórdido de marginais pervertidos e degenerados. Sem dúvida, o mais humano dos super-heróis. E de longe o mais assustador, com sua máscara com imagens móveis de formas desumanas abstratas.

Em suma: WATCHMEN – o filme é mais Watchmen do que o próprio original de Alan Moore. Ponto para os roteiristas David Hayter e Alex Tse.