terça-feira, 1 de outubro de 2013

A.d. Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão


Dizer que Agentes da S.H.I.E.L.D. tem tudo pra ser a melhor incursão da Marvel pela TV não é exatamente um voto de confiança. Ainda mais se tirar as animações da equação e triangular a coisa no formato live-action. Se muito, a Casa das Ideias apenas engatinha nesse terreno. Blade e Mutant X evaporaram sem deixar saudades; Nick Fury: Agente da S.H.I.E.L.D. e Geração X são aquelas bagaceiras classe Z que me divertem (cada um com seus problemas). Em outras palavras, o saldo é tão negativo quanto a minha conta bancária antes do fim do mês. Mas eis que a Marvel Studios, quem diria, se torna um dos tentáculos zilionários da Disney Company e as coisas começam a acontecer, novos horizontes e velhas gavetas se abrem, segundas chances são dadas...

Ok, o episódio de estreia sugere que a série não é pra mim, um adolescente voando rumo à meia-idade com o jetpack do Rocketeer. Parece ser para adolescentes adolescentes mesmo, o que também resulta numa certa confusão. O adolescente médio de hoje é aquele que se regozija com os banhos de sangue de franquias como God of War, Metal Gear, GTA, Assassin's Creed e por aí vão. E nada os impede de assistir séries adultas como Breaking Bad, The Walking Dead e Game of Thrones. Mesmo produtos pasteurizadinhos como Jogos Vorazes, o Battle Royale versão Crepúsculo, denota certo gosto dos guris por premissas mais gráficas. Por mais que a hipocrisia politicamente correta tente fazer parecer que não.

Apesar disso, o teor impresso nesse debut é flagrantemente infanto-juvenil. E com as marcações típicas dos enlatados investigation procedure, tão em voga desde que CSI deslanchou há 10 anos atrás. O redivivo agente Coulson (Clark Gregg) delega as responsabilidades e ocasionalmente gerencia, os agentes Melinda May (Ming-Na Wen) e Grant Ward (Brett Dalton) são os veteranos badasses encarregados do serviço braçal, enquanto Leo Fitz (Iain De Caestecker) e Jemma Simmons (Elizabeth Henstridge) compõem o núcleo geek, aquele que visualiza o rosto do assassino aumentando o reflexo na retina da vítima. A cereja fica por conta da personagem Skye (Chloe Bennet), realmente uma cereja de bonita e com todos os requisitos para capturar o imaginário dos frequentadores de Comic Con: jovem, sexy, fanática por computadores, super-heróis e conspirações e sempre com uma piadinha e uma referência pop na ponta de sua desejável língua.

Nada contra a fórmula, eu assisto até NCIS. E a produção é de primeira, expensive. O problema é o tom, jovial e ensolarado demais. Entendo que o pacote tem que ser pop, assim como foram os filmes dos quais a série spinoffeou-se. Mas, da mesma forma, podiam ajustar melhor o clima engraçadinho antes de se parecer com algo que Jon Favreau dirigiu no automático. Faltou punch, sobraram piadas (embora a entrada de Coulson tenha sido épica). E a geekstosa dando vários olés nos sistemas da SHIELD com um laptop velho também força a amizade.

Joss Whedon, aqui repetindo a parceria com o irmão Jed e a cunhada Maurissa Tancharoen no posto de showrunner, felizmente é cobra criada na TV-nerd. Cometeu tanto acertos quanto erros importantíssimos para o que seu trabalho é hoje. Isso inclui essa estreia não tão lá e nem tão cá de Agentes da S.H.I.E.L.D.. Espero que seu tempo de reação tenha melhorado.

Claro, foi só o primeiro episódio. Se contar isso, a experiência foi bem gratificante no aspecto fanboy. Afinal, revimos Cobie Smulders, mais crocante do que nunca no colante da Maria Hill, já vimos um flying car da SHIELD...


...e um genuíno Life Model Decoy (lembra deles?) com implantes de memória...


No aguardo pelos próximos. Logo mais tem outro.

3 comentários:

JoaoFPR disse...

Bom te ler Doggma.
JURO que tinha apagado da minha memória os MVA's ( http://goo.gl/TWUnBS )- idade é uma merda -, para mim, seria uma especie de introdução para o Visão.

Abraço.

doggma disse...

Fala JFPR! Rapaz... e você acha que eu lembraria se não tivesse reassistido o pilotosco lá debaixo? Daqui pra frente é só ladeira, meu amigo... :)

Abração!

Luiz André disse...

O segundo episódio transcorreu em uma escala menor e a audiência não colaborou muito - houve uma perda de mais de 30% de público. Imagino que a ideia é mostrar o entrosamento da equipe nos primeiros episódios para depois começar a encher a tela mais com inúmeras referências do Universo Marvel (HQs) do que o universo Marvel (cinema). Um voto de confiança ainda é válido, mas até quando? E, em notícia não muito relacionada, estão querendo fazer uma série com John Constantine. Qual a chance de se tornar um epic fail nas mãos dos executivos da Warner...