quinta-feira, 4 de outubro de 2018
O meio do fim
Lembro da época em que interromper um bom papo para checar mensagens no celular era considerado uma grosseria capital. Bons tempos. Hoje vemos essa ferramenta que deveria ser maravilhosa e unificadora desmantelando não só as relações entre as pessoas, mas o futuro de nações.
Não tenho celular, mesmo com todos os inconvenientes inacreditáveis que isso me causa. Não faço ideia até quando vou resistir, mas uma coisa posso afirmar: a vista daqui é aterradora. Nunca pensei que um dia me sentiria na pele do John Nada.
Ps: excertos de Unfollow #16-17. Belíssimo quadrinho-soco na boca do estômago.
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8 comentários:
E aí, Doggma! Tudo certo?
Cara, como isso é assustador! Vivemos entre zumbis obcecados pela própria imagem e que não conseguem desgrudar da tela do celular.
Compartilho um caso: há algum tempo atrás, saí com um amigo de longa data (mais de 20 anos)para colocar o papo em dia. O tempo inteiro, ele não desgrudou a cara do celular. Quando a bateria do mesmo acabou, ficou desesperado: levantou exasperado da mesa e disse que precisava ir para casa carregar o celular. Assim, no meio de um assunto (que estava muito mais para monólogo meu). Acho triste como uma ferramenta que poderia nos informar e, talvez, nos unir, serve de forma totalmente contrária...
Ah, ótima referência ao John Nada! Também me sinto dessa forma!
Um forte abraço para o amigo!
Fala aí, Tiago!
Seu relato é um retrato melancólico do cenário geral. O mesmo já aconteceu comigo um sem-número de vezes - inclusive em rodas com velhos amigos onde todos (menos, claro, o australopithecus aqui) estavam inertes, com as cabeças baixas iluminadas pelas luzinhas fantasmagóricas dos smartphones. Por intermináveis minutos.
No caso dos(as) pequenos(as), a situação é ainda mais grave.
Tenho vários conhecidos, outrora inteligentes (bem...) e alguns até empresários esclarecidos, que se gabam de não assistirem mais noticiários de grandes jornais, porque as informações de verdade só são divulgadas em grupos de Facebook e Whatsapp. E são absolutamente irredutíveis quanto a isso.
Material pra Black Mirror mesmo.
Abração, amigo, e desejos de dias melhores para todos nós!
Bom dia! Eu estava vasculhando meu finado blog e vi o seu nos favoritos e cá pensei: será que ainda existe? Deveras não. E não é que me enganei e vou além, continua tão bom como sempre foi. Eu perdi a mão na escrita e vejo que você cada vez mais evolui. Cá estou d volta e pretendo bisbilhotar com mais frequencia. Bjs, Dogg, Karinne.
KK!! Nossa, quanto tempo, hein.
Ah, duvido que você tenha perdido a mão. Talvez esteja só um pouco enferrujada, rs. Aquele talento que fluia nos seus textos não se perde assim, não... Espero que volte a escrever, sério.
Um beijão pra você e pra família! Que saudades, menina!
Sensacional!!A mais pura verdade!!!Assustador e tão real!
Nightrider, o apocalipse do "Grande Irmão" é agora. Mas só vamos acreditar se for compartilhado pelo Whatsapp...
Pelo amor de Deus, quem é o autor dessa preciosidade? Sintetizou em poucas palavras o zeitgeist atual, de forma mais clara e contundente que tratados e discussões sem fim.
Rob Williams, egresso da 2000 AD, como não poderia deixar de ser.
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