Peter Edward "Ginger" Baker
(1939 - 2019)
No filme Whiplash (2014) há uma cena que sempre me chama atenção: um recorte com uma frase lapidar creditada ao lendário baterista Buddy Rich.
"Se você não tem habilidade, vai acabar tocando numa banda de rock"
Isso certamente não se aplicava ao também lendário baterista Ginger Baker, apesar dele mesmo nunca ter se considerado um rocker per se. "Ginger habita outra esfera", como apontou Eric Clapton - que, com Baker e o baixista Jack Bruce, criou um dos melhores power trios da história, o Cream.
A técnica - e a habilidade - de Baker era inexpugnável. Trafegando pelo blues, jazz e afrobeat com maestria absoluta desde a década de 1960, ele passeava com naturalidade hipnotizante por todos os rigores do instrumento. Com passagens meteóricas no Blind Faith, Hawkwind, P.I.L. e parcerias com o músico nigeriano Fela Kuti, entre muitos outros, Baker viveu oitenta anos a mil. E não é só força de expressão.
Baker era tão talentoso quanto imprevisível. E temperamental. E excêntrico. E teve uma vida insanamente à altura da fama. Uma boa parte disso tudo está registrado no excelente e impagável documentário Beware of Mr. Baker (2012). Nem o diretor Jay Bulger escapa de sua ira clássica - vide a última cena do trailer.
E que tal aquele "agora você sabe porquê quebrei seu nariz" na entrevista de divulgação? Difícil, mas acima de tudo sarcástico e espirituoso.
E hoje, foi impossível não lembrar do discaço Around the Next Dream, do supergrupo BBM (Baker, seu velho amigo/rival Jack Bruce e Gary Moore). Na capa, um sereno e angelical Ginger Baker.
Era um grande senso de humor...
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