domingo, 8 de maio de 2022

A Origem da Mãe-Aranha I


Em quase todos os 2ºs domingos de maio dou uma folheadinha em uma edição surrada de O Homem-Aranha #151 (jan/1996). Era um gibi que acertava bem mais alvos do que a chamadinha "A Origem da Mulher-Aranha!" tentava mirar. A história "Apareceu uma Aranha..." é mais uma que levou ao universo dos super-heróis a fórmula sagrada da Marvel: os problemas da vida real. No caso, os problemas de Julia Carpenter, a Mulher-Aranha II.

Divorciada que luta pela Justiça e na Justiça contra o ex-marido pela guarda de sua filhinha Rachel, a heroína precisava se desdobrar em seus primeiros dias de vingadora. Dos Vingadores da Costa Oeste, mas, ainda assim, vingadora.

Publicada lá fora em Avengers West Coast vol. 2 #84-86 (jul-set/1992), a trama escrita por Roy Thomas e por sua esposa Dann Thomas flerta com questões de representatividade e sororidade, mesmo que timidamente — o que já era um quase um libelo feminista naqueles anos 1990 de Psylockes e Witchblades. A história realmente deu uma origem (genérica) para a personagem, que havia surgido do nada em Guerras Secretas. Mas fica muito mais interessante quando mostra Julia enfrentando seus perrengues pessoais com a mesma garra com que enfrenta sua curiosa galeria de vilões.

Apesar das participações do Homem-Aranha e dos Vingadores da Costa Oeste, a estrela é mesmo Julia Carpenter. Mesmo que os créditos digam o contrário. Uma pena que a tradução e adaptação, do estúdio Art & Comics (de Jotapê Martins & Hélcio de Carvalho...), mete um bisturi cego em diálogos que tridimensionalizam a delicada situação da protagonista. Era a luta seguindo além das páginas.

"Apareceu uma Aranha..." está longe de ser uma história perfeita. Mas é o suficiente para fazer da Julia a melhor personagem a usar esse codinome.

Mãezaça!

6 comentários:

VAM! disse...

Então quer dizer que a Jessica Drew, grávida combatendo o crime, não é uma lacração moderninha, como acusam muitos inconformados fãs da Marvel?

Abs,
VAM!

doggma disse...

Elementar, meu caro VAM!

Odeie menos, leia mais. É o que digo.

VAM! disse...

Essa é uma frase digna para se cravar numa lápide...

Valdemar Morais disse...

Meu irmão catou essa edição num daqueles pacotes "pague 1, leve 2" (encalhe óbvio) que às vezes apareciam nas bancas dos anos 1990. Devia ser fim de 1996 ou 1997. A revista ficou bolando pela casa meses até que numa crise de abstinência (meus pais incentivavam a leitura eventual, não o colecionismo), eu peguei, li e me marcou por vários motivos:

1. Acho que era a segunda vez que via tanto super-herói desconhecido junto (a primeira foi na insuperável Superalmanaque Marvel#10, com a saga "O Fator Terminus", também do casal Thomas). Além dos Vingadores da Costa Oeste, a edição ainda trazia Os Novos Guerreiros

2. Os vilões da história da Mulher-Aranha me deixaram apavorado e a morte do marido da heroína me chocou. Na história dos Novos Guerreiros, o Speedball maligno me deu vários calafrios e até ânsia de vômito, quando vez por outra eu relia ou folheava a HQ. A arte dos anos 1990 costumava gerar esse efeito no garotinho impressionável de quase 10 anos.

3. O papel jornal dessa edição tava bichado de alguma forma, pois era tão áspero que pra virar lixa 3M faltava pouco.

Valdemar Morais disse...

Enfim... Falem dos cortes e tal, mas... Que saudade dos formatinhos!

doggma disse...

E aí, Valdemar!

Cara, muito legal o seu relato. Realmente é algo acachapante reler um gibi hoje e comparar com a perspectiva que tivemos na época. Na minha geração, foram marcantes (pra não dizer traumatizantes) as mortes da Elektra, do Pássaro Trovejante e do Guardião da Tropa Alfa.

O papel desses formatinhos era o pisa brite da época, que era bem mais irregular e poroso do que o atual. Então, vazamentos de cores e impressão borrada nos detalhes era corriqueiro.

(acho a maior graça quando equipes de scans sobem algum formatinho "restaurado"... o resultado é invariavelmente horrível)

Cortes e alterações X saudosismo... por isso, amo e odeio os formatinhos em igual intensidade, rs.

Abração, meu amigo!