
Em quase todos os 2ºs domingos de maio dou uma folheadinha em uma edição surrada de O Homem-Aranha #151 (jan/1996). Era um gibi que acertava bem mais alvos do que a chamadinha "A Origem da Mulher-Aranha!" tentava mirar. A história "Apareceu uma Aranha..." é mais uma que levou ao universo dos super-heróis a fórmula sagrada da Marvel: os problemas da vida real. No caso, os problemas de Julia Carpenter, a Mulher-Aranha II.
Divorciada que luta pela Justiça e na Justiça contra o ex-marido pela guarda de sua filhinha Rachel, a heroína precisava se desdobrar em seus primeiros dias de vingadora. Dos Vingadores da Costa Oeste, mas, ainda assim, vingadora.
Publicada lá fora em Avengers West Coast vol. 2 #84-86 (jul-set/1992), a trama escrita por Roy Thomas e por sua esposa Dann Thomas flerta com questões de representatividade e sororidade, mesmo que timidamente — o que já era um quase um libelo feminista naqueles anos 1990 de Psylockes e Witchblades. A história realmente deu uma origem (genérica) para a personagem, que havia surgido do nada em Guerras Secretas. Mas fica muito mais interessante quando mostra Julia enfrentando seus perrengues pessoais com a mesma garra com que enfrenta sua curiosa galeria de vilões.
Apesar das participações do Homem-Aranha e dos Vingadores da Costa Oeste, a estrela é mesmo Julia Carpenter. Mesmo que os créditos digam o contrário. Uma pena que a tradução e adaptação, do estúdio Art & Comics (de Jotapê Martins & Hélcio de Carvalho...), mete um bisturi cego em diálogos que tridimensionalizam a delicada situação da protagonista. Era a luta seguindo além das páginas.
"Apareceu uma Aranha..." está longe de ser uma história perfeita. Mas é o suficiente para fazer da Julia a melhor personagem a usar esse codinome.
Mãezaça!