segunda-feira, 20 de março de 2023

Positive creep


Quando o Nirvana botou os pés no palco do Reading Festival, em 30 de agosto de 1992, o trio estava na crista do tsunami alternativo. Foram dias insanos para quem curtia um pingado noise e queria fugir da ressaca hard/glam dos anos 1980.

Vi uns trechinhos da apresentação, exibida na época pela (então descoladinha) TV Bandeirantes. Kurt Cobain entrando numa cadeira de rodas travestido com uma longa peruca loira e clima de ensaio empolgado diante de 60 mil doidões e doidonas.

Nesses anos todos, nunca ouvi a performance completa. Pelo menos até dia desses, ao conferir o monumental Live at Reading, pack de CD + DVD lançado em 2009. E me surpreendi muito.

Apresentação coesa, sem firulas, porrada atrás de porrada, tudo muito bem calibrado para funcionar naquele espaço gigantesco — 150 acres da Little John's Farm — com andamentos ligeiramente mais lentos, pesados e arenosos, mesmo nas baladas. Um showzaço. Mal dá pra acreditar que, quatro meses depois, a banda cometeria algumas das apresentações mais caóticas da história do showbiz em pleno Hollywood Rock, com praticamente o mesmo setlist.

Em algum multiverso grunge, o Nirvana entregou aqui o show que fez no Reading. E o Reading recebeu a nossa bomba. Que se fodam os ingleses.

6 comentários:

Marcelo Andrade disse...

Salve Dogma! Parte desse show no Reading esta num dos clips...mas n me pergunte qual...saiu tanta coisa na epoca que mesmo eu que curto a banda n tive como acompanhar de imediato. Hj tenho graças aos torrents da vida o show gravado e sim o bicho pegou. Isso me faz lembrar do show pós estouro do Nevermind que o nosso caro Andre citou no inigualavel Barulho lançado por ele qdo o Sr Cobain simplesmente enfiou a guitarra num ventilador (se n me engano) deixando muitos ali atonitos pela reviravolta que viria logo em seguida.
Epoca memoravel e agradeço por ter presenciado tudo ali...Nirvana n e o meu favorito (sou fissurado em Alice in Chains) mas o significado deles na epoca e o que o som deles mandaram a real do que realmente precisavamos e irrefutavel.
Depois dessa citação vou ouvir esse show com um bom whisky pois ao meu ver envelheceu e envelheceu muito bem.
Abração!

doggma disse...

Seguia mais ou menos esse mapa aí, Marcelo. Nirvana e Mudhoney não saíam do meu walkman; AiC e Soundgarden vinham logo na sequência; depois vinham Screaming Trees, L7, Temple of the Dog, Tad, Mad Season, etc, só pra ficar nos mais emblemáticos.

Muito boa safra, ainda mais comparando com o que rola hoje no mainstream...

O Live at the Paramount, com o Nirvana promovendo o Nevermind, também é um pérola. Nada como uma banda com aquela garra e energia da curva ascendente.

E falando no Barulho, pretende pegar a nova edição?

https://apoia.se/barulho30anos

Anônimo disse...

O q o Nirvana fez por aqui nunca mais acontecerá na história da música. Acho o Reading, o Hollywood e aquele show de ano novo pra mtv, já adicionado o figuraça Pat Smear os melhores da banda. Grande época do rock alternativo. Curioso q hj grandes nomes da música (Steve Vai, herbert Viana, Ozzy) morrem de elogios pelo Kurt. Até o Billy Corgan andou se derretendo pela banda.

doggma disse...

Como os maiorais da música, igual ao Kurt Cobain, nunca mais. E foi tudo muito intenso e muito, muito rápido. Me sinto privilegiado de ter visto isso no meu tempo de vida (ainda que de longe). Sinto o mesmo, só que de forma diferente, em relação ao Staley, ao Cornell e ao Lanegan.

Putz, preciso daquele whisky agora. E de uma jukebox com o Nevermind.

Marcelo Andrade disse...

Salve Dogma ...eu ainda não pensei se pegaria outra edição...fiquei passado com o que li e smplesmente não entendo pq não o tenho mais (doei para 1 amigo na epoca). Mudhoney, Melvins, Screaming, Soundgarden tbm n saiam da cx mas o meu problema foi o AIC...puta merda o primeiro album me pegou de cara dpois do Dirt ja estava rendido e assumido c/ eles. O Live Paramount tenho tbm e acho irretocavel..som ruido, erro tudo ali e magico pq e simples e basico como o Rock sempre foi e sempre será em sua essencia.
O bom ao meu ver que essas coisas não envelhecem....

doggma disse...

No meu caso, passarei. Além do valor (precinho de Omnibus), bate uma certa deprêzinha nostálgica ver aquelas páginas repletas de fantasmas e uma cena que já se foi há muito...

Pelo menos é que sinto sempre que vejo o scan do Barulho original. Mas é SCAN, né.

E rapaz, lembrei desse papo e hoje vim do trampo ouvindo o "Dirt" de cabo a rabo. Que disco espetacular. Não envelheceu 1 nota.