sábado, 27 de janeiro de 2024

Colossão de quadrinhos

101.822 itens únicos. É o que fez Bob Bretall entrar para o Guinness como o dono da maior coleção de comic books do mundo.

Kneel before Bob!

Colossal Comic Book collection - Guinness World Records

Meet Bob Bretall: A true comic book enthusiast 📚With an inspiring collection, Bob has earned his spot in history as the ultimate guardian of comics! 🦸‍♂️

Publicado por Guinness World Records em Terça-feira, 15 de agosto de 2023

A conta agora está atualizada em pouco mais de 138.000 peças de picanha quadrinhística. Mas, como sabemos, o mercado americano não leva muito em consideração o que se passa no mundo. E são, leia bem, comic books. O que equivale a um pinguinho perto dos oceanos europeu e japonês de quadrinhos. Devem existir por aí coleções de Tex com acervos maiores.

Porém, realmente é uma marca difícil de se aproximar. O finado Geraldo Cachola deixou, brincando, mais de 250.000 gibis em suas instalações – mas não exclusivamente de itens únicos. Portanto, respect.

É gritante que Bretall é marvete de carteirinha e cartinha publicada. Mas é claro que a Distinta Concorrente tem seu lugar na tribuna de honra. Tremi quando mostraram a coleção completa dos DC Archives. Ouro puro, reluzente e inalcançável.

Me falta pouco mais de 133 mil gibis para chegar lá, mas já guardo algumas similaridades com o modus operandi do mestre:

Sistema de numeração + base de dados = PRATICIDADE.

Dá um trabalhinho para organizar e catalogar, mas isso é uma vez só e o resultado é a Capela Sistina da arquivologia. Ir direto a um gibi/livro/revista específico num catálogo abarrotado é lindo. Em contrapartida, duvideodó que Bretall um dia verá novamente aquela HQ que está lá numa caixa no fundão da garagem. Pior, no fundão e na parte de baixo. Isso só em futuras escavações arqueológicas.

Quanto ao arquivamento per se, confesso que preciso melhorar. Bretall organizou todos os seus gibis de pé, em sacolas, longe da luz, em local seco. Como manda o figurino.


Marvel Comics Guide to Collecting Comics (1982)

E não é força de expressão.

8 comentários:

Do Vale disse...

Maravilhado e assustado. Tempos de escola eu catalogava tudo em folhas de papel almasso. Há uns anos tentei montar uma planilha, até caderninho Moleskine, mas cansei acho que porque queria colocar dados demais. Hoje registro de cabeça - o que é um erro, mas incrivelmente lembro de todos os gibis e em quais nichos estão (deveria aplicar isso em estudo pra concursos, mas…).

Eu sou bem desprendido: tudo fora de saquinho e estantes abertas. A limpeza é uma loucura.

Luwig Sá disse...

Quando tomo ciência de colecionadores aplicados assim, eu encaro como se tivesse diante de uma cultura alienígena. Por aqui, se eu não sei de bate e pronto onde tá um gibi, vou ali no notebook, baixo o Scan e jogo no tablet. Tenho zero paciência e três casas diferentes onde mantenho gibis; a minha, a da minha mãe e a da minha sogra. 🙃

doggma disse...

Do Vale, não tema. Estamos todos no mesmo barquinho perto do Bretall.

Também fazia essa marcação de memória. Hoje, não rola mais. A variedade de gêneros, formatos e editoras escancarou. No máximo, boto em caixas próximas o que é de super-herói, o que é de terror, bang bang, brasileiro, europeu, etc.

Quanto à conservação, tudo depende da localidade. Por aqui (Vila Velha/ES), a umidade e a acidez da maresia ditam as regras...

https://lh3.googleusercontent.com/-7iCWQ0RZmnU/VrCYsYgIFSI/AAAAAAAANUk/xyDwNn1xipM/s0-Ic42/O%252520Amarelado%252520Punho%252520de%252520Ferro.jpg

Por isso, há alguns anos mudei de hábito. Depois de lidas, voltam todas pro saco. Mas isso depende do material também. O que é couché, pisa, o que vai pra estante, o que vai pra caixa...

Putz.

* * * * *

Luwig, tento centralizar ao máximo. Quanto mais próximo da mão, melhor. Lógico que a vida não vai facilitar. O ideal é todo mundo ter uma casa extra bem espaçosa só para quadrinhos e cultura pop. Não custa $onhar...

Pô, scans são práticos, mas a qualidade dos scans brasileiros (e suas "restaurações"), na maioria dos casos, é horrível. Não consigo ler. Baixo só para consultar ou tirar alguma dúvida.

E rapaz, respeito muito esse tipo de desprendimento. Tem nego que mora na cidade e deixa parte da coleção em caixas no sítio de algum parente no interior. Outros, moram em outro país e só reveem suas coleções quando visitam o Brasil, de 5 em 5 anos.

Pra mim, vocês são nível Yoda.

Alexandre disse...

Caras..... estou beirando, se já não passei dos 100.000 exemplares.
Sofro com estocagem, não tenho mais aonde por.
Tem verdadeiras relíquias por aqui, que temo, meu "herdeiro" não vai nem saber do que se trata.
Minha esposa, por ser geek também, até sabe o que temos em casa.
Já pensei em pagar um bibliotecário em formação para fazer a catalogação, mas me falta paciência e grana pra isso.
Tenho muita coisa da memória, mas na ultima mudança, achei coisas que nem sabia que havia comprado.
Detalhe: uns 30% à 40% de minha coleção são da Marvel, originais americanas.
Me dá uma tristeza saber que quando me for isso vai virar pó.

Marcelo Andrade disse...

Caraleo.....esa foi a unica expressão que veio qdo li a sua postagem e os comentários acima dos colegas.
O meu máximo qdo colecionava tava já na casa dos 500, mas devido a N fatores fui desfazendo e os livros (já estava sem espaço tbm) fui aos poucos digitalizando tudo. Pratico ter tudo em PDF num HD externo? Claro! Mas como o bom processo de experiência envolve os sentidos, tocar ouvir o barulho das folhas e o cheiro de recém comprado não tem preço (livros, vinis tbm entram). Boa semana!

doggma disse...

Putz, Alexandre... tenho pouco mais de 4.500 exemplares e preciso fazer magia negra pesada para criar novos espaços. Nem imagino como seria gerenciar de 100 mil pra mais.

Penso que otimizar em caixas padronizadas, como o Bertall aí do post, seria de alguma ajuda, se é que já não o fez. No meu perfil do GdQ, tenho alguns amigos que usaram a edícula da casa para acomodar parte das coleções. Sou um desses. Puta quebra-galho.

E sempre há a opção dos Self Storages, mas aí depende do desespero. Aqui em Vila Velha/ES, a unidade de 2 m² fica por cerca de 200 lulas/mês.

No momento em que a Sra. Inevitável bater na minha porta, o destino da minha coleção estará selado. Vai virar material de reciclagem na mesma hora.

Se... e bota um grande SE nisso... a Dona Morte me der aviso prévio, deixo instruções de doações para bibliotecas públicas e vendas de lotes grandes para dois ou três sebos mais chiques daqui. Isso deve resolver rápido para quem fica.

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E aí, Marcelo!

A opção digital, sem dúvida, é a mais sã de todas, rs. E em tempos de nuvem, então... Já paquerei a possibilidade inúmeras vezes. Mas sou um maluco à moda antiga - e bem lembrado o vinil, uma tentação colecionista contra a qual venho lutando há pelo menos uns 15 anos.

Abraços!

Marlo de Sousa disse...

Rapaz, gatilhos pra todo lado nesse post!

Gosto de pensar que, se eu nunca tivesse dado ou vendido minhas antigas revistas (que comecei a colecionar em 1987, com a Crise nas Infinitas Terras nas mensais da Abril), hoje teria entre 20 mil e 25 mil exemplares. Talvez mais, mas certamente não menos.

Como sempre me mudei muito, acabei me desfazendo de muita coisa por absoluta incompatibilidade entre a vida de colecionador e a de professor nômade. GIBI PESA! Luwig e Do Vale bem sabem, eu sou um notório mão-aberta. Elejo um amigo ou aluno que goste da coisa, olho no fundo de seus olhos e digo, com minha melhor voz de Mufasa: "tudo isso agora é seu".

Faz tempo que não faço uma estimativa do que tenho hoje. Tarefa para a volta pra casa, ao fim do leleô de fevereiro.

Inclusive, sabendo agora que você é de Vila Velha, lamento ainda mais não ter visitado o Espírito Santo durante os nove meses em que morei em Teixeira de Freitas, extremo sul baiano. Foi de março a dezembro de 2021.

doggma disse...

Olha isso... e neste mesmo período fui a Prado e depois Porto Seguro, relativamente perto de Teixeira.

Pô, legal demais esse desapego periódico. Me lembrou quando me desfazia das minhas coleções de gibis e de LPs/CDs. Mesmo ainda curtindo tudo aquilo, era como se tirasse um peso absurdo das costas. Sensação de renovação inebriante.

(sério, também vou adotar a voz do Mufasa... só preciso achar um digno!)

E sim, GIBI PESA². More than meets the eye. Mexer com essas caixas é pior do que bater uma laje!