Assistir a performance de Jack Black em qualquer filme é estar no meio de um furacão. O cara é over all time. Foi assim em Alta Fidelidade, em O Amor é Cego e, mais recentemente, em Escola de Rock (2003). Esse último, ao contrário dos outros, deixa a fera solta e bem à vontade - ali a história gira 100% ao seu redor. Portanto, se você não vai muito com o cornos do sujeito, passe longe.
Escola de Rock é extremamente recomendável se você: 1) Curte o método Tazmania de atuação do JB; 2) Curte filmes sobre música, sem serem necessariamente "musicais"; 3) Curte ROCK'N'ROLL até o último quark do seu ser; 4) Conhece ROCK'N'ROLL o suficiente pra saber, por exemplo, quem foi o melhor vocalista da história do Black Sabbath. Se você não se enquadra em nenhum desses pontos, favor pressionar as teclas Ctrl+W, simultaneamente. Se você concorda com apenas alguns desses pontos, alugue o filme. Em caso de total concordância, desliga essa porra de computador e vai logo assistir!
Escola de Rock é uma festa para conhecedores de rock'n'roll old school. São zilhares de citações, piadas "internas" e uma seleção musical irrepreensível em pouco mais de uma hora e meia de filme. Jack Black é Dewey Finn, um rockeiro idealista e fracassado que, pra engordar o orçamento, finge ser um professor substituto de pré-escola. Ao mesmo tempo, ele tenta entrar em um concurso de bandas. O problema é que ele foi chutado do seu grupo (os caras eram uns posers). A "solução" aparece quando ele vê os guris tocando música clássica na escola. Aí é um passo pra ele montar uma banda nova (literalmente) e enfiar muito rock'n'roll na cabeçinha inocente dos anjinhos.
O roteiro é uma bobagem só, com direito ao "grande duelo final de bandas", mas os guris são umas figuraças (e tocam de verdade!) e JB está mais insano do que nunca. Chega a ser até meio frustante não estar lá em cena também, só pra argumentar com o Jack. Quando ele grita "Motörhead!", dá vontade de você retrucar "Ramones!". Quando ele grita "Led Zeppelin!", você retruca "Black Sabbath!". Ele, "Jimi Hendrix!", você, "Neil Young!". "AC/DC!", "Deep Purple!". E por aí vai... Aliás, falando em Purple, a seqüência do "vamos-aprender-o-riff-de-Smoke-On-The-Water" é antológica (e didática!).
E outras: JB passando o "dever de casa" (dá-lhe CDs de Hendrix, Floyd, Wakeman, Rush, etc.), a cover de Highway To Hell (AC/DC), dicas de matéria ("nada de composições secretas, hein!") e um clip estilo "Melhores Momentos do Rock", ao som de My Brain is Hanging Upside Down (Bonzo Goes to Bitburg), do Ramones (sensacional!).
Quanto à notória performance extra-plus de JB, aqui tem razão de ser: ele imita à perfeição todas as convenções intituídas pelo rock'n'roll ao longo de 50 anos de História - poses olímpicas, stage-dive, moshing, vôos no palco com aterrisagem de joelhos, falsetes e pura gritaria psicótica. Logo lembramos "aonde vimos aquilo antes" (Angus Young, Robert Plant, Ozzy Osbourne, David Coverdale, Steven Tyler, Ted Nugent, Klaus Meine, Ian Gillian, Bon Scott, David Lee Roth, Bruce Dickinson, Gene Simmons, Dee Snider, eR'n'Rtc).
E o DVD ainda traz um ótimo material extra, tão divertido quanto o próprio filme. Contém inclusive o comentado vídeo aonde JB implora aos remanescentes do Led Zep que liberem o clássico Immigrant Song para rolar no filme. Hilário, pra dizer o mínimo.
Escola de Rock é daqueles filmes para se assistir com o cérebro configurado em modo slow. Aconselho uma mega sessão com a turma reunida, muita pipoca, mais os filmes Airheads, This is Spinal Tap, The Doors e Quase Famosos. E aquela cervejada, é claaaro... :P
Eu levo fé em Batman Begins. Não, é sério, eu levo fé de verdade. Vou até fazer uma confissão: Bruce nunca foi o meu herói favorito. Brincadeira, ele é sim... Pelo menos, um dos 5 que eu mais gosto. Eu me considero um sujeito bem sensato e racional. Sei reconhecer, por exemplo, quando uma banda que eu gosto faz um álbum terrível, quando um ator ou atriz que admiro atuam pessimamente, e por aí vai. Então, que fique acertado desde já: se no dia 17 de junho de 2005 eu sair decepcionado do cinema, destroçarei esse filme em Rede Mundial (nunca foi tão fácil prometer isso...).
Revendo o teaser esses dias, reparei bem na trilha de fundo, na baixa entonação de voz de Christian Bale e nos ângulos privilegiados pela câmera (notadamente na parte do retiro de Bruce), e notei um sentimento isolado entranhado naqueles frames. Acabei reconhecendo uma certa "linha de concepção" do que pretende ser feito no filme.
Bruce foi muito longe para conseguir algo que era impossível onde ele estava, que é encontrar a si mesmo. O que é óbvio, já que no final ele próprio explicita isso. Mas a informação que está subentendida ali é que tanto o percurso físico quanto o espiritual estão intimamente ligados. E é um caminho com sentimentos tão tortuosos e desoladores quanto o terreno que Bruce está pisando naquele ambiente inóspito. "Encontrar a si mesmo", talvez não seja assim tão simples, e a trilha percorrida até lá merece ser contada. Principalmente quando tais eventos levam uma pessoa a abraçar as trevas e a encarar a morte todos os dias, mesmo sem nenhum resquício de esperança. Pior, imerso em uma busca eterna de redenção impossível, que só encontra paralelo em sua incapacidade de aceitar que a vida pode ser injusta.
Essa é apenas uma pequena parte da intrincada psique de Bruce. Há motivações e noções "do que é certo" que apenas ele se dá o direito de saber. A última vez que vi isso foi em uma série que o Frank Miller roteirizou e desenhou. E agora, me deparo novamente com o mesmo sentimento. E estava lá no teaser, juro por Deus.
E falando em Bruce, foi uma ótima surpresa finalmente ver o Batmóvel dando sinal de vida. Para mim, a questão "batmóvel" é claramente não-argumentativa. De um lado, tem o pessoal que prefere o velho Cadillac com capô quilométrico e asinhas de morcego no lugar do aerofólio. De outro – ó eu lá! – tem o pessoal que acha que um pouco de inovação é muito bem-vinda e que um bat-tanque DK style vem bem a calhar numa aventura com pretensões realísticas.
E olha que eu sempre gostei do batmóvel clássico. Sempre quis ter o carrinho de ferro dele e do Aston fuckin’ Martin (do 007). Fiquei só na vontade, claro (soldados de guerra civil brasileira não têm privilégios)...
Mas vamos enxergar assim: são os primeiros anos de Bruce com o morcego estampado no peito. Ele tem de se cercar de armamento pesado e tem condições para fazer isso (trad.: tem grana o suficiente).
Portanto, é muito natural que seja assim, afinal, ele não é nenhum Clark. Pra sair na noite barra-pesada de Gotham e puxar briga com um exército de Zés-Pequenos armados até os dentes, tem de ser dessa forma. Pelo menos, até ele atingir um certo nível de confiança quanto às suas habilidades.
Essas imagens foram gravadas por algum funcionário gente-boa e sem-ética da equipe de produção. Quer saber? Gostei da parada². Devido às suas dimensões, eu tinha receio que ele fosse lerdo como uma retro-escavadeira, mas, felizmente, me enganei. A filmagem revela o batmóvel arrancando, fazendo manobras e até arriscando um cavalo-de-pau.
Mas o que eu gostei mesmo foi do roncão de T.Rex gripado do motor. Um rapaz que estava perto da câmera até exclamou: "Wow!" (e eu, em uníssono).
Conclusão: já quero o carrinho de ferro do novo batmóvel.
Batmóvel veloz e furioso
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