Janeiro não foi para fracos. Em um ano que começou com clima de desesperança e desconfiança geral, nem o entretenimento nosso de cada dia escapou incólume. Das passagens esperadas até as inesperadas de nomes emblemáticos do cinema e da música, foi um mês estranho que só terminou quando finalmente concluiu seu sombrio epílogo.
O que Phil Anselmo aprontou ao final do Dimebash 2016 - e suas consequências - você pode acompanhar cronologicamente em qualquer site de notícias do meio heavy metal. Recomendo em especial a recapitulação dos precedentes feita pelo MetalSucks e o desabafo de Robb Flynn, do Machine Head.
Minha opinião sobre esse tosco episódio é bem simples. Primeiro, Anselmo não é racista. Uma breve passeada pelo YouTube e você o encontra curtindo com seu amigo Doug Pinnick, do King's X, agitando loucamente em uma apresentação do Living Colour e não só tietando como apoiando seus colegas latino-americanos do Sepultura. Mas é óbvio que ele tem sentimentos mal-resolvidos nessa área, ao contrário do que foi dito em seu pedido de desculpas/contenção de danos.
Tive a nítida impressão que a bebida foi o gatilho sim, mas como um veículo acidental para esses sentimentos. Pareceu algo que ele realmente queria tirar de seu sistema. Um grito entalado na garganta por muito tempo. Por toda sua vida, talvez.
Para entender melhor de onde vem esse "grey power", é preciso entender o seu contexto. O que não é tão complicado assim. Um paralelo razoável é o que acontece hoje no Brasil, com esse Fla-Flu político/ideológico pressionando todo mundo.
Cobranças veladas por posturas extremistas e intolerância estão aí, te assediando dia após dia, cada vez mais explicitamente, no trabalho, na roda de amigos, em casa. E usando qualquer boato ou factóide que estiver à mão sem o menor pudor de ser descoberto como falso. Uma mentira repetida mil vezes... sabe como é.
A médio prazo isso acaba surtindo efeitos conflituosos na cabeça de qualquer cidadão. A longo prazo, dentro de uma rotina de insinuações e "bons" conselhos, o estrago é inevitável - o que foi ilustrado à perfeição numa cena-chave do filme A Outra História Americana.
Claro que não sei o que passou na vida privada de Anselmo. Tudo isso é só presunção barata baseada nas contradições que ele vem protagonizando por anos a fio. Psicologia de boteco, certo?
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