Se vai Richard Corben, um gigante da ficção científica, do terror e da fantasia. Confesso que preferi esperar um pouco até uma confirmação mais, digamos, oficial. E ela veio, implacável, pela declaração de sua esposa, Dona.
Não é à toa que a notícia só veio alguns dias depois. Com uma vida reservada e de poucas fotos (com aparições em vídeo ainda mais raras), Corben poderia facilmente ter sido o Terrence Malick dos quadrinhos, não fosse uma diferença básica: a carreira tão prolífica quanto longeva. Desenhista, pintor, colorista, roteirista, animador, escultor, um artista completo que tinha entre seus admiradores gente como Alan Moore, Moebius, Robert Crumb, Neal Adams, Druillet e Will Eisner.
É de Corben a 1ª história da 1ª edição da Heavy Metal. Histórico é pouco. Não tenho nenhuma dúvida da sorte de estar aqui no tempo de vida desse mestre. Bem como o fato de que obras memoráveis como Hellblazer: Inferno na Prisão, Banner e Luke Cage MAX não seriam as mesmas sem ele.
E, claro, é sempre bom ter um vislumbre de humanidade em um gênio assim. Sejam nos preciosos momentos em família, sejam nas mesmas dúvidas que todo mundo tem em certo ponto da vida.
Segue um trecho de uma ótima entrevista para a Heavy Metal do Corben quarentão em 1981:
"A maior tragédia da vida é que você não tem sua sabedoria e sua juventude ao mesmo tempo. Quando passei dos trinta, não me incomodou muito, mas passando dos quarenta, estou pensando mais sobre isso. Chegou a hora de fazer uma lista de todas as coisas que você quer fazer da sua vida e depois começar a fazer, porque do contrário será tarde demais. Coisas que eu não consegui alcançar antes, eu me esforço ainda mais. Estou disposto a arriscar mais porque é agora ou nunca!"
Duvido que aquele moleque lá do início teria se decepcionado.
4 comentários:
Junto com o Garth Ennis criou uma das minhas histórias prediletas do Justiceiro: O Fim. Obrigado por tudo, Corben.
Cara, Punisher: The End é sensacional. Não acredito que esqueci dessa!
E tudo o que ele fez para a Creepy também.
Se eu me for antes de você, queria ser digno de um obituário assim. Confesso que desde a notícia da passagem do Corben, comecei a vir brechar o BZ, esperando por esse texto. Sabia que o Corben lhe era muito caro.
E é isso que você falou, ele dava um upgrade incrível em qualquer roteiro meia sola. Cara, e como o Garth foi feliz na escolha dele p/ fazer o final do Frank. Aquela última cena das chamas... Puta merda. Incrível.
Antológica mesmo. E agora fiquei até com vontade de reler.
Curto até a one-shot "Sasquatch", que, ao mesmo tempo em que tem o roteiro genericão do Niles/Zombie, é um verdadeiro deslumbre visual do Corben.
Dos grandes, era mesmo dos meus prediletos. Tenho a Creepy presents Richard Corben na estante ao lado, bem à minha vista, há anos. Quando li a notícia foi como levar uma voadora...
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