William David Friedkin
(1935 - 2023)
Hoje à tarde estava relendo um artigo do saudoso Roger Ebert sobre a versão do diretor de O Exorcista, lançada em 2000 com grande badalação. No texto, ele explicava por que detestou as alterações feitas para o corte – em particular, o tom otimista cravado no novo final. Claro que o combativo William Friedkin rebateu cada ponto levantado pelo crítico, gerando um novo e divertidíssimo artigo.
E, num momento mais terno, o cineasta defendeu o final "alegre", pois era a oportunidade de mostrar um pouco mais do Detetive Kinderman, papel de Lee J. Cobb, falecido 3 anos após a estreia do original e de quem ele gostava muito. Assim era Friedkin.
Sempre foi um cúmplice die hard de seus atores. Mas também era um conhecido linha dura no set e colecionou diversos entreveros durante a carreira. E foram seis décadas dela.
Ele extraía o sangue de seu elenco e o resultado era sempre espetacular, ao menos no aspecto performático. Ali inexistia medo ou hesitações. Poucos poderiam reger trocas tão viscerais quanto as de Possuídos (2006) e Killer Joe (2011). Ou enfileirar na sequência três clássicos tão distintos quanto Operação França (1971), O Exorcista (1973) e O Comboio do Medo (1977 e, sim, o Sorcerer é um clássico no meu livro). Quer ação e porradaria? Dê um play em Caçado (2003), como papeamos outro dia, e confira algumas das cenas de luta mais criativas e sanguinolentas já filmadas.
E Jade (1995) é a naba que confirma a regra. Mas pelo menos tinha a Linda Fiorentino para compensar...
Com todas as transgressões e idiossincrasias, Friedkin talvez seja o meu diretor predileto. O fato de, justo hoje, ter dedicado uns minutos de leitura ao seu respeito não foi nenhuma coincidência sobrenatural. Foi hábito mesmo.
Thank you, Mr. Friedkin!
2 comentários:
Teimo em lembrar que nossos heróis estão bastante idosos jã. Até fica difícil imaginar que o tempo passa tão veloz quando se vê o Bruce Dickinson cantando e encantando aos 65 como se tivesse 30 anos a menos. É assim mesmo.
Revi Caçado no início do ano, QUE FILME. Enxuto, tudo no lugar. No início da pandemia revisitei Killer Joe. O homem já um senhor fazendo mais pau duro, como diz o outro, que muito moleque por aí. Aula, meu amigo. Fará falta, mesmo com a marcha lenta há anos.
Abraço!
Filmar um Possuídos e um Killer Joe àquela altura do campeonato é um certificado de paudurescência em transgressão. Aula para essa molecada que se formou em cinema-Netflix.
E ainda deixou mais um na boca do forno, com estreia para setembro. Drama de tribunal militar, desta vez. O homem abordava de tudo.
Abração e excelente semana, meu chapa.
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