segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Zombie de Ouro 2024


Tá todo mundo puto!

2024, o ano das tretas milimetricamente calculadas para alimentar as redes sociais. Quase nem dá pra explicar o que justifica um viral atualmente porque na maioria das vezes não faz o menor sentido. E me pergunto se é isso que sobrou da tal "atitude rock & roll". Saudades do Lobão mandando todo mundo pra onde o sol não bate num estádio lotado. Ao invés disso, o que recebemos foram coisas como um filhinho da mamãe talentoso mais uma vez despejando chorume verbal e um monumento canarinho vandalizado por gringos ignorantes.

Paralelo a isso, toda essa onda reacionária, já em estado avançado de decomposição, ainda incita aparelhos atirados na parede após cinco minutos de navegação pela mediocridade generalizada. Tá foda.

Lá fora, pelo contrário, a paz e o amor reinam numa celebração fraternal com irmãos se reconciliando para shows e discos. Lindo i$$o.

Acho que temos muito o que aprender com os alemão.


Ou talvez não.

QUEBRA TUDO, ALEXA!


Playlist do ano

* Nada de discos ao vivo ou regravados, salvo nas menções honrosas



Então a menos que o King Gizzard & the Lizard Wizard lance mais um álbum até as 23:59 do dia 31, Flight b741 será o único disco do grupo lançado em 2024. Raridade. A ironia é que o gênero-alvo da vez é o hard rock dos anos 1970 – época em que era comum bandas lançando de 2 a 3 álbuns por ano. De todo modo, Flight b741 é um intensivão do hard blues rockeiro daquela era: é Free, é Aero, é Lynyrd, é Mountain, é Eagles, é Kansas, é Kiss. E muito cowbell!





O Escuela Grind chega ao 3º disco mais coeso do que nunca. Dreams on Algorithms é seu melhor álbum, tanto em composição quanto em produção. O som segue o esquema de sempre: de grind mesmo, não tem quase nada. O forte do quarteto é seu deathão turbinado com grooves levantando a bola perfeita para os guturais cavernosos da 'fessorinha Katerina Economou, uma das melhores gritadoras da sua geração. De apavorar qualquer reunião de pais e mestres.





Confesso que nunca digeri bem a carreira de Jack White pós-The White Stripes. Sempre me pareceu reverente demais aos primórdios do rock ao custo da sua própria identidade. No Name, pelo contrário, é o disco que mais lembra seus tempos de Stripes. Blues rock de garagem tocado alto, pesado e sem polimento. Resultado, nunca reouvi tanto um disco do Jack na vida. Bolachinha viciante.





O Judas Priest tem me deixando mais feliz e satisfeito a cada disco. Aleluia. Com uma produção impecável de Andy Sneap, Invincible Shield resgata aquela pegada oitentista clássica, desta vez até com as tinturas synthrock do delicioso e por muito tempo mal-compreendido álbum Turbo, de 1986. Um acerto de contas com o passado. E com o futuro.





Um dos dois melhores discos de 2024, na minha opinião. Confesso que não tinha grandes expectativas, mas a diva alternativa Kim Gordon me calou os pensamentos. The Collective é um disco de hip-hop? Sim. E trip-hop, trap, industrial, shoegaze, kraut, dub. E noise, ah, o noise. Um registro de arregaçar os sensórios.





Um dos dois melhores discos de 2024, na minha opinião. Tecnicamente, Lives Outgrown é o debut solo da indefectível Beth GibbonsOut of Season, de 2002, é uma colaboração com o músico Rustin Man e Henryk Górecki, de 2019, é uma incursão ao lado da Sinfônica Nacional Polonesa. Lives Outgrown trafega por climas sombrios e intimistas, lógico, mas com melodias e vocalizações mais vívidas e esperançosas... apesar do disco ser, nas palavras dela, sobre morte e desesperança. Amo muito.





Songs of a Lost World não é apenas uma surpreendente volta do The Cure ao estúdio após 16 anos (!), como periga ser o melhor álbum da discografia irrepreensível da banda. Mas isso só o tempo irá confirmar. O que sei até o momento é que a assimilação tem sido gradual e extasiante. O mundo precisava de mais um disco do The Cure? Pelo visto, precisava. In Robert Smith, we trust.





O álbum de despedida do veterano X saiu melhor que a encomenda. Smoke & Fiction traz a formação original – a frontwoman Exene Cervenka, o baixista e vocalista John Doe, o guitarrista Billy Zoom e o batera DJ Bonebrake – num dos mixes mais energéticos de punk, surf music e garage rock já produzidos. É irresistível. Será que ainda mudam de ideia...?





Coisas do destino. To All Trains é o sexto álbum do Shellac e foi gravado homeopaticamente ao longo de 7 anos – e exatos dez dias antes do lançamento, seu líder, o ícone alternativo Steve Albini, fez sua inesperada passagem. Se serve como testamento de fé, que seja. O som continuou o esporro math/pós-hardcore de sempre. Thank you and Rest in Noise, Albini!





Quando vi o enorme contingente de rappers convidados no novo álbum/mixtape de Denzel Curry, fiquei com o pé atrás. Felizmente, em King of the Mischievous South Vol. 2 o South Coast hip hop do cara segue engenhoso e furioso. Não é a reinvenção da roda (aro 20), mas nem precisa. Pancadão de primeira.





Humble as the Sun é o disco mais hip hop do duo punk Bob Vylan. Sem cerimônia, os garotos batem no liquidicador grime rap, rock, reggae, dub, dancehall e drum 'n' bass. O resultado é efetivo, refrescante e deveras metanfetamínico, se é que você me entende.





Freedom, Sweet Freedom é o 3º disco do Regional Justice Center e não tem esse título à toa. Assim como o próprio nome da banda, ele foi inspirado pelas idas e vindas dos integrantes e seus familiares do xadrez – em especial, pela soltura recente do vocalista Max Hellesto (irmão do líder, Ian Shelton) de uma cana de seis anos por agressão. Motivos para um álbum puto da cara não faltam, portanto. Esse é o combustível infinito para o HC powerviolence do grupo de Seattle. Ouça naqueles dias particularmente irritantes e evite você mesmo uma temporada no sistema penitenciário.





Milton + esperanza não é apenas o álbum mais bonito de 2024, é uma genuína carta de amor da multi-instrumentista, cantora, compositora e produtora Esperanza Spalding pela música do gênio Milton Nascimento. Ao lado do próprio, Esperanza – que já até figurou aqui no ZdO, que bom pra ela – conduziu um registro sublime, perfeito de ponta a ponta. Ou de esquina a esquina...





O Zeal & Ardor andou irritando sua parcela de fãs black metal from hell die hard com o novo álbum, GREIF. Isso porque o grupo suíço reduziu suas nuances de metal extremo significativamente (mas não totalmente) em favor das tradicionais influências soul, spiritual e r&b. E deixou a sonoridade ainda mais contagiante e diversificada. Se vamos pra o inferno, então que seja com classe. Discaço. Mais um.





Com Hell, Fire and Damnation, o Saxon chega à surreal marca de 24 discos de estúdio (!). Pra mim, é o melhor álbum de heavy tradicional do ano, pau a pau com o Judas novo. E também foi produzido pelo figura Andy Sneap, que aparentemente sabe como extrair um pré-sal de energia de poços aparentemente exauridos. Curto os velhinhos da NWOBHM há tempos e sinceramente não esperava maiores erupções desse vulcão. Feliz engano.




+ Plays memoráveis:

Cavalera Conspiracy - Schizophrenia (Max e Iggor, pelo amor do Marley, parem essas regravações por aí! Não encostem no Beneath the Remains!!)
Khruangbin - A La Sala
Ben Katzman's DeGreaser - Tears on the Beach
Willie Nelson - The Border
Willie Nelson - Last Leaf on the Tree
Etran de L'Aïr - 100% Sahara Guitar
Mdou Moctar - Funeral for Justice
Manu Chao - Viva Tu
Jerry Cantrell - I Want Blood
Godspeed You! Black Emperor - ''NO TITLE AS OF 13 FEBRUARY 2024 28,340 DEAD''
Marilyn Manson - One Assassination Under God - Chapter 1
Ty Segall - Three Bells
The Troops of Doom - A Mass to the Grotesque
Chelsea Wolfe - She Reaches Out to She Reaches Out to She
The Jesus Lizard - Rack
St. Vincent - All Born Screaming
Childish Gambino - Bando Stone & the New World
The Lunar Effect - Sounds of Green and Blue
Body Count - Merciless
Pet Shop Boys - Nonetheless
Suki Waterhouse - Memoir of a Sparklemuffin
Cancer Christ - God Is Violence
Hail Darkness - Death Divine
Seasick Steve - A Trip a Stumble a Fall Down on Your Knees
Slash - Orgy of the Damned
Rosalie Cunningham - To Shoot Another Day
Los Bitchos - Talkie Talkie
God Is an Astronaut - Embers
Black Country Communion - V
The Lostines - Meet the Lostines
Blackberry Smoke - Be Right Here
High on Fire - Cometh the Storm
Sarah Shook & the Disarmers - Revelations
Scarlet Rebels - Where the Colours Meet
Slower - Slower e Rage and Ruin
The Jesus and Mary Chain - Glasgow Eyes
Exhorder - Defectum Omnium
Deicide - Banished by Sin
Fleshgod Apocalypse - Opera
Oceanator - Everything Is Love and Death


Gibis do ano

* Como de praxe, só material inédito e séries iniciadas este ano


Hombre (Figura), da sacrossanta dupla Antonio Segura/José Ortiz, foi uma obsessão realizada. Conheci o quadrinho escavando velhas edições da Cimoc em hubs empoeirados do DC++. Nunca sequer me ocorreu que um dia isso sairia aqui. O tomo compila a coisa toda – 42 histórias em 544 páginas – e finalmente pude conferir na íntegra aquela cruel e visceral realidade pós-apocalíptica – cujos desdobramentos soam mais prováveis nos dias atuais do que na época! Um clássico.



Adastra na África (Trem Fantasma) foi lançado em outubro de 2023, exclusivo para o clube de assinantes da editora, mas só este ano foi disponibilizado para o público em geral, via Catarse. Práticas meio bostas à parte, esta pequena obra-prima do mestre Barry Windsor-Smith traz o que seria a conclusão de seu belíssimo arco “Morte em Vida”, protagonizado pela Tempestade e republicado recentemente em A Saga dos X-Men vols. 4 e 9. Foi uma jornada difícil, mas assim como a vida, Adastra encontrou um caminho.



Quem diria que um maneta beberrão e dono de um saloon vagabundo protagonizaria uma das primeiras tretas do ano no mercado nacional de quadrinhos. Bouncer: Primeiras Histórias (QS) compila na íntegra a fase inicial do gibi quando ainda era publicado pela Les Humanoides Associés de 2001 a 2009. Já Bouncer: To Hell and Back (Comix Zone) traz as desventuras do anti-herói publicadas pela Glénat em 2012. A fricçãozinha entre as editoras (uia) foi inevitável – e a ironia do destino, considerando os plêierrs. O fato é que o gibi é espetacular. O texto mordaz da entidade Alejandro Jodorowsky e a arte mesmerizante de François Boucq estão níveis acima de tais questões mundanas. Paz acima de tudo. Literalmente: o tradutor Fernando Paz fez um grande trabalho nas duas edições. A ironia não para...



No quesito visual, Os Exércitos do Conquistador (Pipoca & Nanquim) é um dos quadrinhos mais deslumbrantes que já vi na vida. A arte primorosa de Jean-Claude Gal é um meio termo celestial entre John Bolton e Brian Bolland. Pode dar um Google aí, se não conhecia. De nada. O texto e os diálogos de Jean-Pierre Dionnet não ficam atrás e cobrem o cenário arquetípico da fantasia heróica com tons violentos e raramente redentores, se aproximando das histórias mais sombrias de Bran Mak Morn. Quadrinhaço.



A passos largos, Daniel Warren Johnson vem sedimentando uma carreira autoral promissora, ao mesmo tempo em que lida com as majors. Talvez seja o Adam Warren que os Gen Z-ers precisavam. O recente Powerbomb! Faça uma Superbomba (Devir) é uma extrapolação divertidíssima do universo do wrestling profissional, com direito a um rasante pela dura realidade dos bastidores – nesse ponto, chegou a me lembrar Whoa, Nellie!, de Jaime Hernandez. Elogio maior, impossível.



Fatale (Mino) é a experiência místico-lisérgica de Ed Brubaker e Sean Phillips. Uma alquimia fina unindo thriller pulp/neo noir com terror cósmico lovecraftiano. É o quadrinho mais estranho e fora da curva da dupla. E mesmo após dois volumões generosos, ainda foi pouco. A deusa fatale Josephine e meu coração apaixonado por ela mereciam novos capítulos.



Em O Papa Terrível: A História de Júlio II (Conrad), Alejandro Jodorowsky e ThéoTheoCaneschi fazem uma continuação virtual da graphic Bórgia, que Jodora fez ao lado de Sua Santidade Milo Manara. E tal qual a saga blasfema de Rodrigo Bórgia, a história do Cardeal Giuliano Della Rovere, o Papa Júlio II, é de estremecer os alicerces do Vaticano. Ainda hoje.



E falando em continuações virtuais, esse também foi o caso da fabulosa Graphic Disney O Destino de Patinhas (Panini), do artista e roteirista italiano Fabio Celoni (Dylan Dog). Os desenhos de sobrecarregar as retinas, a narrativa frenética e o texto sagaz do quadrinista já garantem a diversão, mas é algo imprescindível a leitura da história clássica “As Lentilhas da Babilônia”, publicada aqui no gibi O País dos Metralhas – que está fora de catálogo há tempos, mas que é facilmente encontrada por aí após digitar as palavras mágicas... morou?



A impressão é de que se Sean Phillips desenhasse um bonequinho de palito num guardanapo e Ed Brubaker rabiscasse uns garranchos por cima, ainda assim iriam pras cabeças do ano. É desumano o volume de produção vezes o padrão de qualidade da dupla. Onde o Corpo Estava (Mino) é uma temporada true crime brilhantemente fragmentada em múltiplas perspectivas. Em estrutura, lembra o plot do filme Ponto de Vista (Vantage Point, 2008), mas é infinitamente melhor resolvido. Até aqui, 100% de aproveitamento e hors concours ad eternum.


Livros mui apreciados


Tudo Passará: A Vida de Nelson Ned, o Pequeno Gigante da Canção (Companhia das Letras), de André Barcinski, foi uma das experiências mais densas e fascinantes do ano. Escrevi um texto sobre o livro, mas a trajetória caótica do Pequeno Gigante ainda roda vertiginosamente em minha mente. Se existe justiça nesse mundo, um dia essa história vai parar nas telonas. Ou nas melhores telinhas de streaming.



Lee Falk, a Lenda dos Quadrinhos (Noir) é um necessário tributo do escritor, pesquisador e jornalista Gonçalo Junior ao criador do Fantasma e do Mandrake (e do Lothar!). O Brasil tem tudo a ver com essa história, visto que o Espírito-que-Anda encontrou aqui um de seus maiores públicos no mundo – Falk, inclusive, esteve por estas bandas em 1970. Mas o autor também foi um incrível personagem da vida real, atuando como espião durante a 2ª Guerra e como ativista pelos direitos civis dos negros. Leitura essencial.



Todas as Aventuras Marvel (Conrad) e a incrível história de como Douglas Wolk zerou TODA a cronologia da Casa das Ideias. Escrevi sobre a façanha e até agora estou com o meu queixo batendo na canela. Dica altamente prolífica d'O Escapista Luwig.


Filme(s) do ano


Não vi tudo o que queria em 2024. Mas acho difícil assistir uma cena mais aterrorizante do que a protagonizada por Jesse Plemons em Guerra Civil. Com um ator desconhecido num papel quase-extra creditado simplesmente como "soldado", Alex Garland mostrou como a coisa pode ficar (muito) feia no jogo político dos próximos 5 anos. O filme inteiro segue nessa pegada pré-apocalíptica com atuações estelares de Kirsten Dunst, Wagner Moura e Cailee Spaeny. Já em Herege, de Scott Beck e Bryan Woods, Hugh Grant destila carisma, inteligência e perversidade como o assustador Mr. Reed. E as performances excepcionais das jovens Sophie Thatcher e Chloe East só elevam a escalada da tensão. Empate inevitável.


Valem a pena ver de novo:

Alien: Romulus (Fede Álvarez)
Entrevista com o Demônio (Late Night with the Devil, Colin & Cameron Cairnes)
A Primeira Profecia (The First Omen, Arkasha Stevenson)
LongLegs: Vínculo Mortal (LongLegs, Oz Perkins)
A Substância (The Substance, Coralie Fargeat)


Série do ano


Melhor série – no caso, minissérie – iniciada e concluída no ano, não teve pra ninguém: Pinguim, da showrunner Lauren LeFranc, leva com as asas amarradas nas costas. Mais do que um thriller policial ou um derivado do subgênero super-heróis, é um verdadeiro tratado sobre amoralidade. Colin Farrell devia usar aqueles 120 kg de látex e enchimento o tempo inteiro daqui pra frente. Aliás, Farrell, Cristin Milioti, Rhenzy Feliz, Deirdre OConnell, Clancy Brown e Carmen Ejogo... Brincadeira o que esse elenco faz em cena. Antológico.


Desenho do ano


X-Men '97 não foi uma temporada perfeita, mas chegou perto. Mesmo sem uma ligação nostálgica com a animação dos anos 90 (que poxa), pude perceber toda a reverência àquele zeitgeist. Foi uma atualização competente e, por que não, emocionante, divertida e absurda, como só um novelão mutante poderia ser. É a melhor série animada da Marvel desde... sempre? Apostaria minha X-Men Gigante #1 nisso.




Esqueci alguma coisa? Minhas opiniões são estúpidas e equivocadas? Colaborações, correções e iluminações na caixinha de comentários logo abaixo.

Contribuir calma e ordeiramente, por obséquio.



Excelente 2025 e além! Até a próxima, pessoal!

4 comentários:

lendo à bessa disse...

Postagem aguardadíssima. Lendo com calma. Mas já de início fui parar em um corte impagável do Lobão no Café Filosófico contando causos do Gilberto Gil.

Jean Cesar Marcelino disse...

Agora sim o ano pode acabar, até porque vou passar boa parte do próximo correndo atrás pra ler, ver e ouvir tudo isso!
Feliz 2025!

Marcelo Andrade disse...

Salve Dogma! Algumas coisas ja tinha visto por fora mas como sempre vc tira algo fora dos radares p/ nos apresentar...musicalmente vou degustar c/ gosto. Abraço e otima passagem p/ vc e sua familia e obrigado...de novo!

lendo à bessa disse...

VAMOS LÁ.

É batata: sua lista de bandas sempre vai me fazer procurar por quase todas. Seu radar é apuradíssimo, fico besta. Os sons que mais me fizeram a cabeça em 2024 foram, além da parceria entre o Mestre Iommi e o comparsa Tony Martin no Black Sabbath, os últimos álbuns do Jerry Cantrell e do Wesley Dean; díspares na sonoridade, semelhantes na gostosa melancolia.

De livros, Confissões, de Agostinho de Hipona, foi o mais marcante; testemunho de fé poderoso e também de argumentação lógica — uma aula. Entre outros, fui envolvido mais uma vez por Cormac McCarthy em A Travessia e li meu 1o Veríssimo com Incidente em Antares — maravilhoso, engraçado e ácido.

Gibis: os 3 últimos Starman, os 2 Sleeper, os 2 Departamento da Verdade e os 2 primeiros Lúcifer foram de longe as melhores leituras. Intrigaram, instigaram, foram ruminadas e conversadas NAQUELX REDE. O Arqueiro do Grell & Cia entrou de gaiato nós finalistas porque não tinha como deixar de fora. Hombre, Bouncer, Fatale e Powerbomb ficaram pra 2025 (já devidamente adquiridas).

Guerra Civil foi meu longa favorito. Acho que nem tinha como ser outro. O filme mais 2024 de 2024. Quem sabe o mais 2025 também? Pensemos que não.

Slow Horses e Disclaimer foram as séries que me deixaram o dia pensando nelas. Se eu soubesse que as desventuras dos Azarões eram tão boas, já estaria é reprisando. Não foi por falta de insistência do Luwig e do Marlo.

Grande abraço, meu querido, que chegue a 2026 mais cascudo, sagaz e forte, e que aproveite à Bessa o caminho até lá.