quinta-feira, 18 de março de 2004

POST OVERPOWERED 2 - MITOLOGIA E HQs


O menorzinho aí é o Deus do Trovão

Curiosidade: nos primórdios, Galactus cultivava feições e atitudes ainda mais imponentes do que hoje em dia (pouco antes dele morrer, claro). De fato, ele pouco falava. Ele simplesmente ignorava todos os seres que ele considerava inferiores no Universo (ou seja, todos, menos Reed Richards, e mais um ou dois). A primeira vez que o velho Gallan demonstrou uma emoção (de dor) foi quando sofreu um ataque do Thor. O Deus do Trovão mandou seu martelo na cara do celestial, que gritou que nem uma colegial. Eu tinha essa revista, era uma edição da falecida Heróis da TV, anônima e sem capa. É mais fácil achar o Santo Graal...

Como eu já tinha citado, uma coisa que sempre achei interessante no Universo Marvel é a transposição, sem o menor pudor, de personagens mitológicos milenares para os quadrinhos. Como se sabe, o mito do super-herói é derivado diretamente das lendas e folclores de diversas culturas, em especial da mitologia grega e escandinava. Temos aí, bem à frente, os heróis Hércules e Thor. Vamos considerar (grosseiramente) que os dois são correspondentes de uma mesma persona em duas culturas separadas. Os dois são filhos de um deus supremo: Thor, um deus legítimo, filho de Odin e Jord (a Mãe-Terra), e Hércules, um semi-deus, filho de Zeus com a mortal Alcmena. Eles caminhavam entre mortais, mas não eram imortais durante o tempo em que passavam na Terra. Thor carregava um martelo, Mjolnir, forjado com um metal místico, de nome Uru, que era indestrutível. Já Hércules não andava armado, mas era exímio em manusear todo tipo de armas (arco, funda, espada, maça, etc.), e tinha força suficiente para separar continentes. Mitologicamente, ele era mais forte que Thor, já que a cultura viking mencionava muito pouco as proezas físicas do deus nórdico, ao contrário do similar grego. De qualquer modo, no geral, os dois eram meio como a Coca-Cola e a Pepsi.

A abordagem da Marvel nesses personagens foi mesmo bem cara-de-pau. Já estava tudo pronto ali. O detalhe é que todo mundo acha que, por causa de sua condição divina, Thórcules jamais perderia uma luta, seja com contra quem for. Poderia ser Hulk, Fanático, Massacre, Clark... ninguém ganharia dele. Por ironia, as características guerreiras deles nas HQs correspondem de forma correta aos seus perfis na mitologia milenar. Claro, cronologicamente falando, a coisa seria diferente no caso do Hércules. Na mitologia, ele morreu envenenado pela sua esposa, Dejanira, e foi morar no Olimpo em definitivo. Dessa forma, ele jamais perderia pra ninguém, pois seria um deus imortal em tempo integral... Digamos então, que ele forjou um acordo com os deuses para ser mortal de novo, descer à Terra e entrar pros Vingadores (!). Não ficaria nada a dever às gambiarras divinas do Thor, toda hora trocando de alter-ego mortal aqui na Terra. Confesso que depois do enfermeiro manco Donald Blake eu me perdi.


VALEU?


Thor, caído após um mano a mano. O fim de uma era

Acusação: "Objeção, sr. Meritíssimo. O meu cliente jamais perderia essa luta contra o kryptoniano! Consideremos que, mesmo sendo mortal quando não está em Asgard, ele ainda tem raízes divinas, e levemos em conta suas incríveis façanhas já registradas."

Juiz: "Protesto aceito. Mas em que fatos o sr. baseia a sua certeza na vitória do requerente asgardiano?"

Acusação: "Eu me baseio em evidências empíricas bem claras, sr. Meritíssimo. Posso listar aqui perante o sr. vários elementos que reafirmam a superioridade do Deus do Trovão em relação ao alienígena."

Defesa: "Objeção, sr. Meritíssimo. A acusação referiu-se ao meu cliente de maneira xenofóbica e preconceituosa."

Juiz: "Objeção aceita. (virando-se para a acusação) Daqui por diante, refira-se ao réu como krypto-americano, ou simplesmente Superman. Prossiga."

Acusação: "Como eu ia dizendo sr. Meritíssimo, meu cliente é extremamente superior em combate. E já que a história se passa de forma independente à cronologia normal das HQs, consideremos apenas os elementos clássicos do Deus do Trovão. Ele tem o nível de força conhecido como 'Classe 100'. Significa que ele pode levantar cerca de 100 toneladas sem maior esforço. Além disso, ele sempre usa o Cinturão Místico, que duplica o seu nível de força. E principalmente, sr. Meritíssimo, meu cliente é dono do martelo mágico Mjolnir, possivelmente a arma mais poderosa do Universo... E, cá entre nós, sr. Meritíssimo... o Superman não é vulnerável à magia...?"

Defesa: "Objeção, sr. Meritíssimo. A acusação quer dar uma de João-sem-braço e ignorar que o meu cliente não é mais vulnerável à magia."


Juiz: "É mesmo? Desde quando?"

Defesa: "Aahnnn (folheando os arquivos)... ah tá. Desde Crise nas Infinitas Terras, sr. Meritíssimo."


Juiz: "Objeção aceita. Peço que a acusação finalize."

Acusação: "Tendo colocado essas questões, sr. Meritíssimo, finalizo pedindo que o sr. invalide o infame resultado do combate."

Juiz: "Vamos ouvir a defesa. O que tem a declarar?"

Defesa: "Vitória legítima, sr. Meritíssimo! Não existe possibilidade de alguém que já morreu e ressuscitou ser vencido!"

Juiz: "Hhhmm... eu reparei nisso em particular, na ficha do réu... (virando-se para a acusação) Qual a posição dos reclamantes em relação a isso?"

Acusação: "Bem, sr. Meritíssimo... o sr. Joe Quesada, editor-chefe da Marvel, é radicalmente contra ressurreições de super-heróis..."

Juiz: "E mesmo assim ele permitiu a derrota de um dos seus heróis mais famosos para um 'ressuscitado'?"

Acusação: "Hãã... err... ééé..."

Juiz: "Pedido de anulação negado. Próximo caso."



FALANDO EM GALACUTS E PORRADA...


...lembrei de uma surra que o celestial levou uma vez. Com essa já foram cinco algozes: Quarteto Fantástico equipado com o Nulificador Total, todos os espectros da Nebulosa Negra (essa foi feia), Beyonder, no começo de Guerras Secretas e os heróis da Terra com Império Shiar (quando ele morreu). Dessa feita, ele levou um sacode da Garota Marvel. Foi numa história da linha "O Que Aconteceria Se...", que focava um Universo aonde Jean Grey não tivesse morrido para deter a Fênix Negra. Ela conseguiu expurgar a entidade FN do seu corpo, mas apenas aparentemente. Numa missão de ajuda à um planeta agonizante, os X-Men rumam pra ajudá-los. Ela vai na frente e logo vê que o pior que poderia acontecer à um planeta, aconteceu. Galactus está lá, de garfo e faca na mão, e com o estômago lá nas costas. E é aí que Jean vê que FN não está nem um pouco neutralizada... No final, Galactus junta os trapos e racha fora, mas não sem antes precognizar um futuro aterrador para Jean. Ela consumirá a si mesma e a todo Universo, e não haverá nada que possa impedir. Puta história legal, desenhada e acho que escrita também, pelo Alan Davis. Achei por acaso e relembrei. Clicaê.







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