quarta-feira, 23 de junho de 2004

JASON XP


Nemesis é o nome do sujeito. Não contente em sacanear os sofridos gamers de Resident Evil 3 - Nemesis (ô bicho ruim de matar!), agora ele vai distribuir porradas e rajadas de bala nas telonas também. Assim espero, pelo menos. O primeiro Resident foi bem aquém do esperado, mas também não foi essa desgraça toda que andaram falando por aí. O problema foi que, apesar do potencial comercial, não souberam vendê-lo. Não se decidiram entre terror, ação ou aventura. Mas houveram alguns méritos e boas idéias isoladas (os 10 minutos finais foram melhores que o filme inteiro - e ainda instigou pra ca#*&§!). Outro ponto inusitado foi a trilha composta pelo Marilyn Manson: desconexa, ruidosa, tensa e perturbadoramente incômoda - mil vezes melhor que as manjadas trilhas "pra tomar susto".

O novo filme, atualmente em pós-produção, foi dirigido pelo figura Alexander Witt, um ótimo diretor... de fotografia em equipes de 2ª unidade. O cara exerceu essa função em Piratas do Caribe, Triplo X e A Identidade Bourne, entre outros. Bom... fazer o quê né. É esperar pra ver se ele se revela um estreante no nível de Guy Ritchie ou David Fincher (aliás, esqueçam Alien³... o filme do Fincher foi Seven!).

O sinistro Nemesis será o novo vilão, o que já é um ótimo avanço. Aquela mistura de cachorro, lesma e pizza do primeiro filme foi quase um anti-clímax. Até eu matava aquela aberração.

Se ao menos parte da essência do personagem for passado para as telas, já devemos esperar por um dos vilões mais legais do ano. Nemesis é forte como o Hulk, "imparável" como o Fanático, e carrega um arsenal que faria inveja ao Frank Castle. Ele foi criado pela Corporação Umbrella exclusivamente para empreender genocídios. Tudo o que põe em risco o bom nome da gigante corporativa é devidamente pulverizado pelo monstro. É o perfeito "kit Queima de Arquivo" do executivo moderno. Bill Gates deve ter um desses guardado nos porões da Microsoft.

No game, o monstrão sofre algumas providenciais mutações durante as fases, como se pode conferir aí embaixo, mas não creio que vá rolar isso no filme.


Por enquanto, a imagem da criatura está sendo guardada a 7 chaves pelo estúdio (claaaro), mas de vez em quando aparece alguma coisa. Além da imagem lá do início, recentemente caíram na rede mais três fotos com cenas do Nemesis live-action. Nada que tenha sido divulgado no site oficial, of course. Clique nas imagens para ampliá-las um pouco (e bota pouco nisso!).


Claro que nem tudo é sangue e violência... Outras duas razões (muito) boas para conferir Resident Evil 2 é o retorno da deliciosa doidinha Milla Jovovich, no papel de Alice, e a estréia da curvilínea Sienna Guillory, como Jill Valentine (finalmente!). Aliás, Sienna é uma cópia fiel da heroína virtual!


Resident Evil 2 - Apocalypse estréia lá fora em 10 de setembro e aqui, só em 26 de novembro (!!). Pra ir enrolando até lá, recomendo esse site. Na seção de mídia, vá na aba dos vídeos e confira os making-offs. São bem legais, naquele climão "carnificina-na-cidade-lotada-de-zumbis" - especialmente o vídeo 04, que traz como trilha sonora a esquizofrênica Gave Up, do Nine Inch Nails.




"O FUTURO É PASSADO, BABY"
(Marceleza)



E mais um ciclo se completa na extensa carreira do Black Sabbath. Você pode até dizer que os álbuns com os vocais olímpicos do Dio são maravilhosos (e são) e que ele é muito superior ao Ozzy tecnicamente (e é mesmo), mas a verdade é uma só: o Black Sabbath, aquela banda que compunha temas tão tétricos quanto pesados e marcada por referências ao ocultismo, acabou com a saída do Ozzy, em 1978, e seu último disco foi Never Say Die!, do mesmo ano. Ou quase...


Dois álbuns relativamente recentes acordaram os bruxos novamente. São nada menos que dois duplos ao vivo: Reunion, de 98, e Past Lives, de 2002. O que pode parecer uma óbvia seqüência caça-níqueis, na verdade é essencial para compreender a importância do Sabbath e os percalços que a banda atravessou - e ainda atravessa.

Em Reunion, o plano geral era apresentar a banda para a gurizada que marcava presença no OzzFest. Mesmo assim, a motivação foi de peso: era o primeiro show do Sabbath com a formação original desde o Live Aid, em 85. É realmente incrível como eles ainda estavam lá, e em boas condições, mesmo após todos esses anos. Principalmente Ozzy e o batera Bill Ward (que era tão junkie quanto o Madman, ou mais até). No set-list, marcam presença hits certeiros como Paranoid, War Pigs, Iron Man e Sweet Leaf. As execuções, apesar do polimento em estúdio, estão muito energéticas e "atualizam" o andamento das músicas. O guitarrista Tony Iommi e o baixista Geezer Butler sempre foram os mais "profissionais" da banda e aqui isso fica bem claro. O trampo dos dois está impecável como sempre foi. O estilo de Bill Ward, por sua vez, mudou bastante. Limou boa parte de sua verve jazzy em favor de uma pegada mais intensa e direta. Já o Ozzy... é o Ozzy. Você reconhece a voz dele até pelo espirro. Para conhecedores, é justamente ele quem entrega os overdubs que povoam Reunion. Ozzy sempre foi famoso pelas suas desafinadas ao vivo. Apesar da técnica apurada que ele acumulou ao longo dos anos, sua inflexão vocal sempre o traiu - o que nunca chega a acontecer aqui. Dizem também que Bill errou feio a introdução de Fairies Wear Boots. Só quem esteve naquele show em Birmingham, no dia 5 de dezembro de 97, é quem sabe como foi...

De bônus, Reunion ainda trouxe duas músicas inéditas de estúdio: Psycho Man (bem parecida com o material de Ozzmosis, disco solo do Ozzy na época) e Selling My Soul (com uma providencial bateria eletrônica). Ambas são muito boas, apesar de bem modernosas.

Past Lives foi a redenção dos fãs mais antigos. Aqui, comparecem todos aqueles clássicos e mais alguns, sem nenhum retoque de estúdio, com a banda bem à vontade e no auge da forma. A gravação inclusive é bem "suja", retratando com fidelidade as apresentações da época. Chega de se sacrificar pra tentar ouvir algo naquele bootleg mal-gravado de algum show deles nos anos 70 (eu tinha um!). E sempre foi frustrante fingir que o Live Evil, de 83, é um disco ao vivo do Black Sabbath verdadeiro (era o Dio nos vocais).

No CD1, temos um show feito em Manchester, em 73, e o CD2 é um apanhado de várias apresentações que a banda fez ao longo da década de 70. O repertório é de matar qualquer rockeiro veterano do coração. Pô, ouvir War Pigs, Paranoid, Children Of The Grave, N.I.B., Sympton Of The Universe e Black Sabbath à mil por hora, com as execuções da época?! Fora outras pedradas menos óbvias como Cornucopia, Snowblind, Hand Of Doom e Tomorrow's Dream.

Agora, porrada inesperada mesmo rolou no final de Wicked World. Após uma improvisação jazzística, eles emendam a pauleiríssima Supernaut (que não consta nos créditos)! Minha nossa, que riff, que batera demolidora...! Sem comentários, é só ouvindo mesmo.


Nesse álbum percebe-se claramente como o Black Sabbath era pesado demais pra sua época. Chega a ser quase irreal que um som violento daqueles estava sendo feito na mesma década que a disco e de grupos flower-power (The Mamas & The Pappas, Fleetwood Mac, etc). Foi um período em que o Rock era movido à base de muita garra e tesão, e não de samplers e efeitos especiais. Também é um atestado definitivo da influência direta que o Sabbath exerceu em 11 a cada 10 bandas que fazem som pesado hoje.

Essencial. Compre, roube, o que for.




Anexo 24/06/2004 - MENÇÃO HONROSA:

"Em cumprimento à sentença do juiz de Direito da 18ª Vara Criminal da Cidade do Rio de Janeiro, em ação de direito de resposta, movida contra a TV Globo, passamos a transmitir a nota de resposta do sr. Leonel de Moura Brizola.

'Todos sabem que eu, Leonel Brizola, só posso ocupar espaço na Globo quando amparado pela Justiça. Aqui cita o meu nome para ser intrigado, desmerecido e achincalhado, perante o povo brasileiro. Quinta-feira, neste mesmo Jornal Nacional, a pretexto de citar editorial de ‘O Globo’, fui acusado na minha honra e, pior, apontado como alguém de mente senil. Ora, tenho 70 anos, 16 a menos que o meu difamador, Roberto Marinho, que tem 86 anos. Se é esse o conceito que tem sobre os homens de cabelos brancos, que os use para si. Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de 20 anos, que dominou o nosso país.

Todos sabem que critico há muito tempo a TV Globo, seu poder imperial e suas manipulações. Mas a ira da Globo, que se manifestou na quinta-feira, não tem nenhuma relação com posições éticas ou de princípios. É apenas o temor de perder o negócio bilionário, que para ela representa a transmissão do Carnaval. Dinheiro, acima de tudo.

Em 83, quando construí a passarela, a Globo sabotou, boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar de todas as formas o ponto alto do Carnaval carioca.

Também aí não tem autoridade moral para questionar. E mais, reagi contra a Globo em defesa do Estado do Rio de Janeiro que por duas vezes, contra a vontade da Globo, elegeu-me como seu representante maior.

E isso é que não perdoarão nunca. Até mesmo a pesquisa mostrada na Quinta-feira revela como tudo na Globo é tendencioso e manipulado. Ninguém questiona o direito da Globo mostrar os problemas da cidade. Seria antes um dever para qualquer órgão de imprensa, dever que a Globo jamais cumpriu quando se encontravam no Palácio Guanabara governantes de sua predileção.

Quando ela diz que denuncia os maus administradores deveria dizer, sim, que ataca e tenta desmoralizar os homens públicos que não se vergam diante do seu poder.

Se eu tivesse as pretensões eleitoreiras, de que tentam me acusar, não estaria aqui lutando contra um gigante como a Rede Globo.

Faço-o porque não cheguei aos 70 anos de idade para ser um acomodado. Quando me insulta por nossas relações de cooperação administrativa com o governo federal, a Globo remorde-se de inveja e rancor e só vê nisso bajulação e servilismo. É compreensível: quem sempre viveu de concessões e favores do Poder Público não é capaz de ver nos outros senão os vícios que carrega em si mesma.

Que o povo brasileiro faça o seu julgamento e na sua consciência límpida e honrada separe os que são dignos e coerentes daqueles que sempre foram servis, gananciosos e interesseiros.'"


Palavras de Brizola, ditas por um incrédulo Cid Moreira, no dia 15 de março de 1994, em pleno horário nobre. Foram cinco minutos de terror no Jardim Botânico. Nunca fui PDTista, nem entusiasta do leão dos pampas, mas sempre admirei a sua obstinação inabalável pelos ideais em que acreditava. Ele foi o menos político dos políticos profissionais.

E qualquer um que tenha feito o Grande Irmão morder o próprio rabo dessa forma merece aplausos.

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