Em julho do ano passado houve uma celebração de Rock'n'Roll de tremer o chão. Um show beneficente em Toronto, Canadá (na época, penando com a SARS - a tal gripe do frango), reuniu uma turba de 490 mil sortudos diante de um cast quase dos sonhos: The Isley Brothers, Guess Who, Rush, AC/DC e Rolling Stones. E o "quase" fica por conta da presença do The Flaming Lips e do deslocado Justin Timberlake. Entre uma coisa e outra, o divertido The Have Love Will Travel Revue (já explico).
Esse DVD é uma bela coletânea de rock'n'roll (principalmente na atitude rocker), que acaba sendo um tanto frustrante, visto que algumas apresentações são tão boas que mereciam o seu próprio especial. E o destaque também fica por conta das senhoritas da platéia... todas lindas e maravilhosas. Aparentemente não existe mulher feia no Canadá. Deve ser culpa da miscigenação francesa. Ulálá.
Eddie Isley, muuuiito bem acompanhado
Como todo mega-show, o evento começou com o sol à pino, então os grupos tinham mais é que chegar rasgando pra animar a geral. Mesmo assim, o idolatrado Flaming Lips não emplacou, mandando ver num repertório fraquim, fraquim. Muito fraca a banda, naquela linha melódica-alternativa chorosa. Mais uma razão pra eu não confiar em certos críticos musicais. Na seqüência, o fodão The Isley Brothers. Big-band seminal veteranaça de soul e funk pesado, mano. A negritude baixou no palco e mandou um swing tonelada de rachar o assoalho. O guitarrista dos caras - a cara do ator Ving Rhames - dá um show à parte, arriscando escalas hendrixianas, tocando com a guitarra nas costas, com a boca, invertida e o escambau. Como se não bastasse, eles ainda me colocam um pessoalzinho sinistro rebolando lá na frente. Bailão black de primeira, bróder.
Randy Bachman, do Guess Who (lembram do Bachman Turner Overdrive?)
The Have Love Will Travel Revue é a banda pós-Blues Brothers do ator Dan Aykroyd, agora acompanhado de Jim Belushi, irmão do John. Quem já assistiu Os Irmãos Cara-de-Pau já conhece o riscado. "Blues, man..." - - e uma turma de loirudas de resPeito na coreografia. J.Timberlake vem a seguir, e prova que é o sonho molhado das moçoilas do lado de lá. Popzinho inofensivo com um pé no soul. Não chega a ofender os ouvidos, mas o mérito maior foi trazer a mulherada pra frente do palco. E diga-se passagem, que mulherada!
Cenário propício para o Guess Who entrar matando a pau com uma versão arrasadora do mega-clássico American Woman, o que causou uma comoção no público feminino. As primeiras garotas de camiseta molhada e de biquíni com a bandeira americana estampada começam a aparecer na multidão. O Lenny Kravitz pode voltar pro laboratório que o criou, pois nem em mil anos ele executaria essa música com o clima de tesão original. Profissionais do rock, o Guess Who evidencia os anos de estrada tanto na postura de macho quanto nas caras enrugadas. Os velhões detonam!
Geddy Lee, do Rush, me lembrando daquele showzaço no Maraca
Já o Rush é canadense, está em casa, e a recíproca veio da multidão turbinada, que só faltou fazer uma ôla quando a banda entrou. Eles começam com um Limelight básico, emendam com a rapidinha Freewill e provam que o seu maior hit por lá ainda é Spirit Of Radio - espertamente precedida de uma citação do clássico stoneano Paint It Black. Rever as viradas supersônicas da batera de Neil Peart foi uma emoção só. O cara é o verdadeiro Dr. Octopus!
Brian Johnson e Angus Young, do AC/DC... "Rock and Roll Ain't Noise Pollution"!
Galera em êxtase, bonézinho de caminhoneiro e uniforme de estudante entram em cena. AC/DC é A banda de arena por excelência. Eles fazem música GRANDE, para GRANDES ESPAÇOS, para GRANDES AGLOMERAÇÕES, e já entram apelando mesmo, com Back In Black logo de cara, colada com a levanta-estádio Thunderstruck. Na muvuca crowdeada e sold-outeada, zilhares de garotas pagando peitinho começam a pipocar por todos os lados. Ah eu lá.
Keith Richards, aparentemente imortal
De repente, a noite cai sem aviso, aos primeiros acordes de Start Me Up. Os cavaleiros das trevas do rhythm'n'blues, a maior banda de rock'n'roll de todos os tempos, Sua Majestade Rolling Stones entra em cena com a mesma energia de, sei lá, trezentos anos atrás (quantos séculos tem o RS?). Chega a ser surreal ver Charlie Watts (batera), Ron Wood (guitarra), Mick Jagger (fudião) e, principalmente, a instituição Keith Richards ainda arrancando sangue do palco. Na performance você reconhece de onde veio o DNA de U2, Duran Duran, Guns 'N Roses, Iggy Pop, Sex Pistols, Metallica, Aerosmith, Queen, Led Zeppelin, e todas as bandas de pop rock que fizeram sucesso nos últimos 30 anos. Tudo veio dali, das pedras rolantes. É um troço inexplicável, vai ser seminal assim lá longe. Ruby Tuesday ainda é trilha sonora para amassos fervorosos e Miss You (com J.Timberlake) faz até o machão mais duro requebrar na discotéque.
Agora, um parágrafo da História foi escrito naquela noite. À certa altura, eles resgatam o ultra-mega-clássico Rock Me Baby, de B.B.King, numa jam-monstro com os "aprendizes" do AC/DC. Quê quê isso, meu cumpádi. Angus Young duelando com Keith Richards...? Arpejos bluesísticos demoníacos e rock'n'roll sacana vazando pelos ladrões...? Se você acha que conhece rock, assista isso aqui. Obrigatório.
"Através do golfo do espaço, mentes que estão para as nossas como as nossas estão para as feras da floresta, intelectos poderosos, frios e sem simpatia observavam esta Terra com olhos invejosos e lenta e inexoravelmente traçavam seus planos contra nós."
Em 1898, o escritor inglês H.G. Wells já antevia no clássico A Guerra dos Mundos um apocalipse aterrador (como se existisse apocalipse não-aterrador...), onde hordas de naves alienígenas devastavam a Terra e a civilização como a conhecemos. Parece até o roteiro de ID-4. E foi mesmo uma grande injustiça essa produção não ter se assumido como uma adaptação do livro, principalmente por ter cumprido razoavelmente bem o seu papel na transição para uma premissa mais pop.
"Pânico nos Estados Unidos. O país está sendo invadido por hordas de marcianos. Eles já chegaram a Nova York, a bordo de suas naves futuristas. Não há como resistir: a superioridade dos alienígenas é incontestável."
O mais interessante da mitologia ao redor do clássico é que ela se estende por mais 40 anos - até 30 de outubro de 1938 (em pleno Halloween) pra ser mais exato - graças ao bizarro episódio protagonizado pelo genial Orson Welles. O Cidadão Welles adaptou a obra de H.G. Wells para um formato rádio-jornalístico, que, ao ser veiculado num dos programas de maior audiência na época, causou um verdadeiro frisson (pra não dizer cagaço) nos ouvintes. Relatos davam conta de que as pessoas saíam apavoradas de suas casas atirando em caixas d'água, certos de que eram discos voadores (putza... confundir caixa d'água com disco voador é muita lesêra). Na transmissão, ele anunciava que naves imensas pairavam sobre o edifício da rádio CBS, em Manhattan. Entrevistas com falsos especialistas e testemunhas davam um verniz de realismo na coisa toda.
Ao final, Orson Welles entregou o jogo e disse que "essa é a nossa maneira de comemorar o Halloween". Nunca a palavra "motherfucker" foi tão repetida na História. :)
Guerra dos Mundos (War of the Worlds, 2005), o filme, conta com um dream team: o Peter Pan Steven Spielberg no manche, o brat-pack-que-deu-certo Tom Cruise no outdoor e menina de ouro Paula Wagner envolvida na produça, ao lado de Cocktail Cruise (estamos sarcásticos hoje hein).
Esse filme promete. Em certos casos a gente já pode esperar um certo nível de qualidade, ao menos na parte técnica. Spielberg tem a ILM no bolso e pode facilmente criar os melhores efeitos visuais desde a franquia Matrix. Conceber naves-mãe, robôs gigantescos, explosões dantescas, combates aéreos e monstrões cabeçudos cheios de tentáculos sugando a energia vital dos humanos seria bico. Aposto que só o palm top dele já dava conta do recado. Já Tom Cruise - um bom ator - é uma espécie de herói do sonho americano. Os caras lá gostam dele de verdade. Nunca o vi se dando mal em um filme e creio que não será dessa vez.
A concepção de H.G.Wells sobre a natureza dos marcianos é altamente maniqueísta. Parece até a visão norte-americana do comunismo, nos anos da Guerra Fria. Os marcianos têm toda uma carga de selvageria, antagonismo e negativismo, realçadas ainda mais pela sua origem. Marte é o deus romano da guerra (equivalente ao Ares grego), a personificação do aspecto sanguinário e selvagem das batalhas. Os marcianos eram maus mesmo. Viajaram essa distância absurda só pra sacanear com a nossa família. E talvez sejam esses detalhes que farão a maior diferença entre Guerra dos Mundos e ID-4.
No filme de Emmerich/Devlin não ficamos sabendo de onde os aliens vieram, nem o porquê da sua opção de colonizar o nosso já detonado planetinha. A única coisa que soubemos foi que eles precisam fazer um upgrade urgente no firewall da nave-mãe. Já em GdM, Spielberg tem algumas coisinhas a explicar. Ah, os caras são de Marte? Pô, legal, mas onde eles estavam que não os vimos durante todo esse tempo de observação? Se o filme fosse ambientado no século 19, igual ao livro, tudo bem, mas...
Seja como for, a megaprodução (US$ 128 milhões) está em ritmo de cruzador estelar durante uma dobra espacial: até seu lançamento nos EUA, em 29 de junho de 2005, serão parcos 8 meses desde o início das filmagens.
No primeiro teaser poster já podemos ver a mão de um dos monstrengos, e ao que parece o design deve ser bem parecido com o visto no clássico filme de 1953. Já o teaser trailer é bem econômico, mas traz uma atmosfera bastante sombria e intrigante. Se tudo der certo (leia-se: "boa bilheteria"), talvez possamos esperar por um futuro revival de ficção-científica cinqüentista. Remakes de clássicos do gênero com os efeitos visuais que sempre mereceram.
Já pensou, rever em grande estilo pérolas como o assustador Invaders from Mars, a tosqueira-mor Plan 9 from Outer Space, e o meu preferido, O Dia Em Que A Terra Parou?
E para homenagear a obra original e o vindouro blockbuster, nada melhor que um elseworld de leve.
Bem, na verdade existe coisa melhor sim, mas em termos de alcance imediato é isso aqui mesmo. :D
Esse aqui é interessante. O Clark desse especial não é aquele Clark "megafodônico" que conhecemos. É quase. Na verdade, o Super aqui ainda está em seus primeiros dias de capa vermelha, nos primórdios da Era de Ouro. Ou seja: "forte como uma locomotiva, rápido como uma bala e resistente como uma parede de concreto". Literalmente. Pra você ter uma idéia, ele ainda nem sabe que voa, e por isso se vale de saltos quilométricos, com toda a margem de erros que isso possa acarretar (e acarreta).
Superman - A Guerra dos Mundos não tem segredos, é simplesmente uma versão do clássico de H.G. Wells, com um kryptoniano no meio. Logo que Clark chega em Metrópolis, a Terra é invadida pelos marcianos comunistas, que destroçam as forças terrestres como se fossem o time do Botafogo. Obviamente, Clark - mais escoteiro do que nunca - sai no braço com os martian-boys, que rapidamente se interessam pela superioridade física do kryptoniano (que, aliás, desconhece sua origem kryptoniana).
Uma excelente HQ que retrata uma fase bem curiosa do maior ícone pop dos quadrinhos. E o final é bastante imprevisível, diga-se de passagem. Mérito do trampo "arqueológico" do roteiro de Roy Thomas e do traço providencialmente old school de Michael Lark. Até a lenda ambulante Eudes/The OutsiderZ já comentou sobre ela certa vez, então pode ir que é da boa. :P
Scans by: doggma - Link para o arquivo cbr, atualizado em 30/08/2017
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dogg... "rock me babeee... rock me aaaall night looong..."
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