sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Dominando o mundo


Que semana excruciante². Mas ao menos me impulsionou para relembrar e revisitar algumas obras. No caso do já saudoso Carlos Pacheco, lembrei de The Order, minissérie de 2002 que ele capeou ao lado do conterrâneo Jesús Merino. Na época, a capa da 3ª edição me impactou, já que remetia ao clássico confronto Vingadores x Defensores em versão atualizada.

Infelizmente, Pacheco não faz a arte interna, que varia entre Matt Haley, Chris Batista, Luke Ross, Dan Jurgens, Bob Layton e Ivan Reis com artes-finais de Dan Panosian e Joe Pimentel. Um time competente e bom de deadline.

Na trama, os Defensores decidem que o mundo está um caos e que precisam impor uma Nova Ordem Mundial. Meio como um Defensores-encontra-Stormwatch-e-Authority. Logicamente, há algo mais por trás das aparências e o roteiro do Kurt Busiek consegue tecer um pano de fundo instigante.

Nas 6 edições, fica escandaloso o nível do grupo. Os Defensores clássicos são muito poderosos. Dr. Estranho, Surfista Prateado, Namor e Hulk juntos é uma insanidade editorial e, agora distante do anacronismo narrativo da década de 1970, o céu é o limite. Isso fica latente quando eles atropelam exércitos mundo afora e também os integrantes de suas formações posteriores sem o menor esforço. E claro que ainda rola aquele tira-teima maroto com os Vingadores.

Naquela época, havia um acúmulo de tralha cronológica nas HQs dos Defensores. Lá fora, a equipe estava em baixa, a série própria não foi pra frente (fechou em 12 edições, apenas) e nada desse material foi lançado por aqui. Busiek ainda tenta desembolar alguns fios, como a vida pessoal de Samantha Parrington, a obscura alter-ego-compartilhada da Valquíria, e sua relação com a Patsy "Felina" Walker e o Falcão Noturno II. Mas fatalmente pipocam conceitos e personagens há muito abandonados, como a entidade Gaea, o bizarro mago Papa Hagg e o vilão Yandroth. De fato, há um excesso de background pouco (ou mal) contado, dando a sensação de pegar o bonde andando. Ou melhor, descendo a ladeira a mil.

Talvez por isso, The Order segue inédita no Brasil. Mas se mantém dinâmica e divertida, especialmente nesses tempos de autoritarismo alucinado. Gibi de porradaria honesta e com substância. Bem que merecia um TPzinho daqueles de 30 mangos...

Ps: e acabamos de saber que Kevin Conroy, a Voz do Batman, se foi ontem, aos 66. Que tristeza.

5 comentários:

Chico disse...

Pra mim o Pacheco era perfeito em composição de página e dinamismo de história. Era o meu favorito!

doggma disse...

Qualquer HQ do hombre era uma masterclass. Curto desde aquele run do Quarteto que ele desenhou e escreveu (saía em Quarteto Fantástico & Capitão Marvel, gibizinho muito do bacanudo até). Preciso reler.

Abração!

Marcelo disse...

Vdd....caiu na mão saia uma obra a parte...fará falta...

Luwig Sá disse...

Que espetáculo de capa. Olha essa postura do Norrin...

Confesso que nunca tinha ouvido falar dessa história. Vou correr atrás. Por sinal, li no seu comentário acima uma menção ao Quarteto dele... Tô relendo. É realmente muito bom, inclusive no roteiro; que inicialmente é do próprio Pachecão. Ele estava tão imerso nesse seguimento da família Richards, que roteirizou também uma mini dos Inumanos com o Jose Ladronn na arte. Fodástica. Também inédito por Terra Brasilis.

Sobre a perda do Conroy... Eu leio gibi do Batman com a voz dele na minha cabeça. Além da pessoa física (ainda jovem), o entretenimento perdeu um senhor profissional. Ouvi até que ele estava escalado pra nova série animada com o Brubaker.

doggma disse...

Norrin, Banner, Estranho, McKenzie... é uma EXPLOSÃO de Defensores ali, meu chapa!

Bem lembrada a parceria com o Ladrönn. Taí um cara que a Marvel sacaneou com força. Não fosse o Jodorowsky, ele estaria penando no México.

heh... também leio o Bats pensando com a voz do Conroy. Em português ainda. É instintivo até.