Esses excertos das recém-publicadas Doctor Strange #7–9, com roteiros de Jed MacKay, traços de Pasqual Ferry e capas do Alex Ross para emoldurar, funcionam como um ponto sem retorno para mim. Menos pelo texto, mais pela estética. Principalmente, das cores. Não que tudo vá para a conta da Heather Moore, a colorista em questão. Ela apenas segue a tendência atual.
A impressão é que mudaram a metodologia de criação dos comics (leia-se "gibis do mainstream americano"). Isso vale tanto para a Marvel quanto para a DC, Image, Dark Horse e por aí vai. Hoje, parece obrigação contratual estourar todo o espectro de cores digitais por quadrinho, que já nem é mais quadrinho, arrastando tudo para uma artificialidade sem precedentes no formato. O Pasqual Ferry mesmo já trabalha nestas condições há longa data, mas a comparação através dos anos é absurda.
Se é isso que as novas gerações consomem, então, comercialmente, as escolas setentistas e oitentistas já eram. E isso me faz valorizar ainda mais as compilações feitas nas Sagas e nas Epic Collection. O passado é o futuro, baby.
O Vishanti de ontem (Triunfo e Tormento, 1989) e de hoje: os tons sombrios e misteriosos dão lugar ao multiverso do arco-íris
Confesso que a minha ficha ainda não caiu para esse visual sobrecarregado de cores e flares. Por instinto, me conforto pensando que é só uma fase, uma onda passageira. Que um dia desses vou abrir um gibi novo e me deparar novamente com cores concisas, um claro e escuro decente e, quem sabe, até com as velhas retículas. Como no Dr. Estranho do Rudy Nebres.
Pode soar melancólico, mas ainda assim é um belo devaneio.
No próximo programa: a cartunização generalizada que deixou tudo com cara de desenho animado. Não peguei Arca Negra por conta disso – e de outras coisinhas também.
4 comentários:
Tenho percebido isso cada vez mais (https://x.com/lendoabessa/status/1715757823106199915?s=46&t=4qM9yi0zZ3w6FFeSl91urg) e ficado em paz com meus recortes de personagens- alguns não acompanho já tem uns 5 anos ou mais. Deixo para o pessoal novo, se ainda existe.
Outro detalhe é que o desenho é mínimo. É mais efeito de Photoshop que traço. Impressionante à primeira vista mas desinteressante em uma análise mais profunda.
Salve Dogma! Realmente vendo as cores fica evidente ate o uso excessivo de algum software o que em si perde 1 pouco do charme. Como resolvi me tornar recluso com tudo que saiu apos 2015 e lendo algo atual c/ rarissimas exceçoes fico mais em paz c/ os antigos ja que sabemos que nao temos problema de enjoo. Otimo final de semana.
Putz, Do Vale, PRECISAMENTE o que você já havia escrito. Estamos na mesma sintonia: a do público que não é mais público.
E não sou purista. Mas hoje já existem recursos digitais que fazem sozinhos um bocado das artes (tipo cenários, as teias do Aranha, coisas assim). Muita gente usa.
Aí me fode.
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Marcelo, não fossem as Sagas, as Epics e as Coleções Clássicas (RIP), estava no sal. Também acompanho algumas coisas atuais, mesmo poucas. Afinal, são quadrinhos. Mas a cada incursão, preciso lavar a alma (e as retinas) com John Romita, Joe Kubert, John Buscema, Neal Adams, Will Eisner, Jack Kirby e por aí vai.
Só de correr o olho nessas edições do Estranho já me fizeram mergulhar nas minhas caixas de gibis véios por dias.
Abração e excelente semana!
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