Quase não lembrava que o
Predador e os
Aliens são propriedade da
Marvel desde 2020. Em que pesem dois crossovers de 2023 (
Predator versus Wolverine e
Predator versus Black Panther), a sensação de espera por material inédito com os Aliens foi de uns 57 anos. E finalmente veio, com pompa e muita circunstância: a mini em 4 partes
Aliens versus Avengers tem roteiro de
Jonathan Hickman com desenhos de
Esad Ribić e a 1º edição chegou às lojas no finalzinho de julho, às vésperas da estreia de
Alien: Romulus. Timing impecável. Esses editores Hyperdyne modelo 341-B com inibidores de comportamento são os melhores.
A trama se passa algumas décadas no futuro da "linha do tempo deslizante da Marvel"
® e este primeiro capítulo é quase uma intro estendida. Após uma infestação sistematicamente plantada de Aliens, várias civilizações caíram, entre elas o Império Intergaláctico de Wakanda e a Terra. Mesmo os esforços dos meta-humanos foi insuficiente, dada a virulência da reprodução dos Xenomorfos. O planeta foi literalmente tomado por milhões de Aliens. Entre escombros de um mundo pós-apocalíptico, ainda persiste uma pequena resistência formada por
Hulk,
Capitã Marvel,
Valeria Richards, o
Homem-Aranha Miles Morales e por um sugestivo "Velho da
Weyland".
Neste início, a pegada é de gibi cinematográfico, aos moldes do que Mark Millar fazia em seus
tempos de Supremos. Muita ação, algumas dicas importantes espalhadas pelo caminho e um ou dois diálogos preparando os próximos rounds.
É bastante curiosa a efetivação da companhia Weyland no Universo Marvel. Parece que ela sempre esteve lá (e
seu logo invertido para o "AVA" da capa reforça a impressão). O mesmo para a dupla de cientistas Shi'ar – e ainda considerando a real natureza de um deles – conduzindo experiências com Facehuggers impregnando Krees e Skrulls. É tão harmonioso e casual que chega a ser, putz, realista.
Esse "entrelaçamento quântico" de dois universos complexos chega a lembrar o mesmo mecanismo do clássico
crossover dos X-Men com os Novos Titãs. Além de ser algo particularmente arriscado na perspectiva editorial.
Nos encontros dos Aliens com os super-heróis DC, como
Batman,
Superman e
Lanterna Verde, foi dispensada a segurança do selo
Elseworlds e a ação corajosamente se passa no presente da cronologia. Warren Ellis foi mais longe e usou os Aliens para
fechar as contas do StormWatch.
Já Hickman, foi, digamos, mais conservador. Afinal de contas, a mini não é exatamente um
What If...?. Não pegaria bem com os executivos da Disney um Xenomorfinho estourando o peito da Tia May e isso se tornando automaticamente canônico (viva!). Neste sentido,
Aliens versus Avengers se aproxima do futuro sombrio da boa
Saga dos Super Seven, da DC, com os super-heróis envelhecidos e derrotados num mundo tomado por uma invasão alien... ígena.
Quanto à adaptação, o próprio Hickman
chegou a comentar: "foi complicado encontrar uma maneira de fazer essas duas coisas funcionarem juntas, mas acho que Esad e eu chegamos a algo que funciona para os fãs de ambas as franquias."
Ainda é cedo para um juízo de valor, mas, apesar da média alta, o roteirista parece ter sido pego na curva algumas vezes.
SPOILER
Por exemplo, se Valeria estava impregnada, por que os Aliens a atacavam?
FIM DO SPOILER
Evidente que é só a ponta do iceberg. E vindo da visão macro do Hickman, fiquei na pilha pelo escopo geral desse
worst case scenario. O objetivo dessa edição #1 foi cumprido, portanto.
Aliens versus Avengers #2 chega às lojas (e às melhores importadoras do pedaço) em
6 de novembro. Looonge...